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Sergio Massa diz que proposta de Javier Milei de romper com Brasil e China é ‘delírio’

Comentário ocorre após Milei afirmar que não “negocia com comunistas”; posteriormente, libertário afirmou que não romperia relações e os negócios do setor privado com esses países continuariam

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Foto do author Carolina Marins
Atualização:

ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES - O candidato do peronismo à presidência da Argentina, Sergio Massa, promoveu nesta segunda-feira, 23, uma coletiva somente com a imprensa internacional, em que afirmou que as propostas de seu adversário Javier Milei de ‘romper com o Brasil, China e Mercosul’, seriam um delírio e custariam empregos na Argentina. Massa foi o vencedor do primeiro turno celebrado no último domingo, 22, e vai à segunda rodada com Milei em 19 de novembro.

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O comentário ocorre após Milei afirmar, logo após o convite à Argentina para integrar o Brics, que não “negocia com comunistas”. “Não só não farei negócios com a China, como não farei negócios com nenhum comunista. Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. Os comunistas não se enquadram nisso, nem os chineses, nem Putin, nem Lula”, falou Milei em entrevista ao jornalista Tucker Carlson em agosto.

Após críticas, o libertário negou que iria romper relações com ambos os países, mas deixaria para as empresas argentinas negociarem diretamente com eles.

Sergio Massa conversa com jornalistas estrangeiros em Buenos Aires Foto: JUAN MABROMATA / AFP

Críticas ao rival

“Quero aproveitar para contar aos argentinos o delírio que seria romper com o Mercosul. Em termos de industrial automotriz, por exemplo, perderíamos 150 mil postos de trabalho, em termos de indústria agroflorestal representa a perda de 68 mil postos de trabalho”, afirmou. “Digo porque às vezes nas campanhas se dizem frases que parecem simpáticas para os eleitores: ’vou romper com China, vou romper com Brasil’, sem ver que em termos econômicos seria a destruição de 400 ou 500 mil empregos, de diferentes setores, de frigoríficos, automotriz, entre outros. É importante colocar o pé no chão e ver o que significam essas frases aos argentinos”.

Em seus comentários, o ministro agradeceu diretamente a Lula, mas quando questionado por colegas se espera algum tipo de apoio no segundo turno, ele disse que não deseja envolver os políticos brasileiros.

“Agradeço ao governo Lula e a alguns governadores do Brasil, que não são todos do PT, e que vieram trabalhando com nós todos no tema de integração. Tenho uma relação de muito afeto com o presidente Lula, de respeito com Fernando Haddad, Gabriel Galípolo [diretor do Banco Central], o vice Alckmin e muitos dirigentes do Brasil.”

“Não quero envolvê-los na eleição Argentina, apesar de claramente haver uma simpatia mútua, não vou negar, mas em todo caso, será decisão deles se envolveram ou não do ponto de vista eleitoral”, acrescentou.

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Ajuda petista

Logo após as primárias, Massa veio ao Brasil e se reuniu com Lula e Haddad em busca de apoio na crise econômica do país. Em seguida, uma equipe de marqueteiros e estrategistas que lideraram as campanhas do PT nos últimos anos desembarcou em Buenos Aires para auxiliar o ministro-candidato.

Na época, Massa havia amargado um terceiro lugar nas eleições primárias, tendo Milei levado uma surpreendente vitória e a coalizão de Patricia Bullrich ficando em segundo. O governo também agiu junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) para liberar um empréstimo à Argentina, como mostrou o Estadão.

Desta vez, porém, o cenário político se redesenhou. Massa terminou em primeiro lugar com 36,68% dos votos, sendo seguido por Milei com 29,98%. Bullrich ficou de fora da disputa depois de amargar 23,83% dos votos.

“Sim, tenho uma enorme gratidão por sua simpatia, mas também pelo trabalho comum em temas energéticos, em temas vinculados ao comércio bilateral, no setor automotriz, a possibilidade de abrir os nossos mercados, e nisso temos trabalhado este ano de uma maneira muito intensa nesses últimos meses, por isso estou muito agradecido”, finalizou o candidato.

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