O presidente eleito Donald Trump disse neste sábado, 7, que os Estados Unidos devem evitar o envolvimento militar na Síria, em meio a uma ofensiva da oposição que chegou aos subúrbios da capital, declarando em uma postagem na mídia social: “Essa luta não é nossa”.
Os primeiros comentários extensos de Trump sobre o dramático avanço dos rebeldes foram feitos enquanto ele estava em Paris para a reabertura da catedral de Notre Dame. Ele argumentou que o presidente sírio Bashar Al Assad não merecia o apoio dos EUA para permanecer no poder.
O governo de Assad tem sido apoiado pelos militares russos e iranianos, juntamente com o Hezbollah e outras milícias aliadas do Irã, em uma guerra que já dura 13 anos contra grupos de oposição que buscam sua derrubada. O conflito, que começou como uma revolta pacífica em 2011 contra o governo da família Assad, matou meio milhão de pessoas, e fragmentou a Síria.
Os insurgentes são liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham, que os Estados Unidos designaram como um grupo terrorista e afirmam ter vínculos com a Al Qaeda, embora o grupo diga que rompeu seus laços com a Al Qaeda. Até este sábado, os insurgentes encontraram pouca resistência do exército sírio.
Biden diz que EUA não estão envolvidos
O governo Biden disse que os EUA não estão apoiando a ofensiva e não sugeriu que os militares americanos intervirão.
Os EUA têm cerca de 900 soldados na Síria, incluindo forças americanas trabalhando com aliados curdos no nordeste controlado pela oposição para evitar qualquer ressurgimento do grupo Estado Islâmico.
No entanto, ativistas da oposição síria e autoridades regionais têm observado atentamente qualquer indicação do governo Biden e do novo governo Trump sobre como os EUA lidariam com os repentinos avanços rebeldes contra Assad.
O enviado especial da Organização das Nações Unidas para a Síria convocou neste sábado conversações urgentes em Genebra para garantir uma “transição política ordenada” na Síria.
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Trump afirma que Síria não é “amiga” dos EUA
Em sua postagem, Trump disse que a Rússia “está tão envolvida com a Ucrânia” que “parece incapaz de impedir essa marcha literal pela Síria, um país que eles protegem há anos”. Ele disse que os rebeldes poderiam forçar Assad a deixar o poder.
O presidente eleito condenou a forma como os EUA estão lidando com a guerra, mas disse que a derrota de Assad e das forças russas pode ser a melhor opção.
“A Síria está uma bagunça, mas não é nossa amiga. E os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isso. Essa luta não é nossa. Deixem que ela se desenrole. Não se envolva”, escreveu ele na postagem no seu perfil no X neste sábado.
Um influente ativista da oposição síria em Washington, Mouaz Moustafa, interrompeu uma reunião com repórteres para ler a publicação de Trump e pareceu se engasgar. Ele disse que a declaração de Trump de que os EUA deveriam ficar fora da luta era o melhor resultado que os sírios alinhados contra Assad poderiam esperar.
Os rebeldes têm libertado presos políticos do governo de Assad das prisões à medida que avançam pela Síria, tomando cidades. Moustafa prometeu aos repórteres no sábado que as forças de oposição estariam atentas a qualquer detento dos EUA entre eles e fariam o possível para protegê-los.
Moustafa disse que isso inclui Austin Tice, um jornalista americano desaparecido há mais de uma década e que se suspeita estar em poder de Assad.
O Hayat Tahrir al-Sham renunciou à Al-Qaeda em 2016 e tem trabalhado para se reposicionar, inclusive reprimindo alguns grupos extremistas islâmicos e combatentes em seu território e se apresentando como protetor dos cristãos e de outras minorias religiosas. /AP
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