Rebeldes incendiaram o túmulo do ex-ditador da Síria, Hafez Assad, pai de Bashar Assad, em sua cidade natal, Qardaha, no noroeste do país, nesta quarta-feira, 11, relatou a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
Hafez Assad governou a Síria por 30 anos até sua morte em 2000, quando seu filho, Bashar, o sucedeu. Ambos governaram a Síria com mão de ferro e foram responsabilizados por repressões que deixaram dezenas de milhares de mortos, principalmente na cidade central de Hama, em 1982, e em grande parte do país desde o início da guerra civil em 2011.
Ao pisarem no túmulo de Hafez, um dos combatentes pode ser ouvido dizendo: “Isto é uma vingança pelos meus primos mortos”. Em outro vídeo, os rebeldes atearam fogo em partes do túmulo.
Bashar Assad foi deposto no fim de semana e fugiu para a Rússia, onde recebeu asilo político. Mas aliados de Assad que permanecem na Síria agora temem estar no alvo da aliança rebelde que acabou com meio século de poder do clã Assad na Síria.
Quase 14 anos de guerra civil deixaram meio milhão de mortos e obrigaram metade da população a deixar suas casas. Milhões de pessoas encontraram refúgio no exterior. Desde 2011, mais de 100.000 pessoas morreram nas prisões sírias, segundo um cálculo de 2022 do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A queda de Assad desencadeou celebrações no país, além de buscas frenéticas para encontrar as dezenas de milhares de pessoas detidas em prisões. Abu Mohamad al-Jolani, chefe do Hayat Tahrir al Sham (HTS), que liderou a ofensiva rebelde lançada em 27 de novembro, reiterou nesta quarta-feira que “os envolvidos na tortura e eliminação de prisioneiros não serão poupados”.
Ele pediu aos países vizinhos que “entreguem qualquer um desses criminosos que possa ter fugido, para que possam ser levados à Justiça”. O partido Baath, do deposto presidente Assad, anunciou que suspendeu suas atividades até segunda ordem.
A coalizão rebelde disse nesta quarta-feira que consolidou ainda mais o controle sobre o leste do país, assumindo o controle de Deir al-Zour, a maior da região, enquanto busca construir uma nova ordem política na Síria.
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No nordeste da Síria, onde os combates entre as forças pró-curdas e pró-turcas mataram mais de 200 pessoas em três dias, de acordo com o OSDH, o chefe das tropas curdas anunciou uma trégua em Manbij, “com a mediação dos EUA”.
No terreno, os especialistas alertam sobre os perigos de rivalidades e conflitos abertos entre diferentes facções.
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