Sob ameaças de Trump, corpo de Qassim Suleimani chega ao Irã

Multidão acompanha de perto o cortejo do general; em meio ao seu funeral, o presidente americano disse já ter '52 alvos iranianos na mira'

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

TEERÃ - O corpo do general da Guarda Revolucionária Qassim Suleimani chegou neste domingo, 5, ao Irã, em meio a uma multidão crescente de pessoas. A cerimônia de homenagem à sua morte acontece apenas algumas horas após Donald Trump ter ameaçado bombardear 52 alvos iranianos

Corpo de Suleimani foi recebido no aeroporto internacionaldeAhvaz, em Teerã, com choro e gritos de ordem. Foto: Hossein Mersadi/ AP

PUBLICIDADE

Depois de milhares lamentarem no sábado, 4, a morte de Suleimani em Bagdá - e de outros líderes mortos no ataque -, as autoridades levaram o corpo do general para a cidade iraniana de Ahvaz, no sudoeste do país. O funeral vai durar quatro dias.

Em um gesto de honra e homenagem, militares têm ficado o tempo todo ao lado do corpo de Suleimani, saindo de perto apenas para os presentes carregarem os caixões cobertos com bandeiras para fora das pistas do aeroporto local.

O corpo saiu da capital do Iraque, Bagdá, em um avião. Ele também passou pelas cidades de An-Najaf e Karbala, consideradas como sagradas pelos mulçumanos xiitas. Enquanto estava sendo velado no país, três morteiros foram lançados na Zona Verde, bairro iraquiano ultraprotegido que abriga a embaixada e bases dos Estados Unidos.

Publicidade

A Isna, rede de televisão estatal do Irã, está acompanhando desde cedo a chegada do corpo do general ao país. Nas imagens, é possível ver uma multidão reunida na Praça Mollavi, agitando bandeiras vermelhas para representar o sangue derramado; verde, em homenagem a cor do Islã; e brancas, com frases religiosas. Eles também abraçam fotos de Suleimani.

Enquanto isso, uma maré humana quase sem fim caminha rumo ao local da cerimônia. Além de Ahvaz, o corpo ainda deverá passar pelas cidades de Teerã, Mashhad e Qom. Ele será enterrado apenas na terça-feira, 7, em Kerman, cidade natal do general.

A morte de Suleimani na última sexta-feira, 3, aumentou ainda mais as tensões entre Teerã e Washington, após meses de ataques comerciais e ameaças que, até o momento, não pareciam tão possíveis de serem concretizadas.

Militares seguem ao lado do corpo de Suleimani desde o Iraque. Foto: Hossein Mersadi/ AP

No entanto, Donald Trump parece não estar buscando uma saída pacífica para a situação. No sábado, ele foi ao Twitter e escreveu em uma sequência de posts que já tem "52 alvos iranianos na mira", se o país continuar com suas "ameaças de vingança".

Publicidade

Trump também acrescentou que "por muitos anos, o Irã nunca foi nada além de um problema" e que alguns desses alvos têm um "nível muito alto de importância para a cultura do Irã e dos iranianos". Ele também prometeu agir "rapidamente e de forma muito dura".

A série de tweets foi acompanhada de uma notificação oficial sobre o Ato de Poderes de Guerra, enviada pela Casa Branca para o Congresso. A lei americana exige uma notificação oficial, dentro de 48 horas, após a introdução formal das forças americanas em um conflito armado ou em uma situação que poderia levar à guerra, como no caso da morte de Suleimani por meio de um drone.

A notificação foi classificada e seu conteúdo segue sob sigilo absoluto. Ainda não se sabe se uma versão pública será lançada. A presidente da Câmara Nancy Pelosi disse que o documento "ultrassecreto" apenas "sugere que o Congresso e o povo americano estão sendo deixados no escuro sobre nossa segurança nacional".

A mesma linha segue o exército iraniano, que neste domingo disse a Trump, por meio da agência estatal islâmica Irna, que "duvida" que ele tenha coragem de atacar os 52 alvos iranianos. "Eles dizem esse tipo de coisa para desviar a atenção da opinião pública mundial de seus atos odiosos e injustificáveis, mas duvido que tenham coragem", disse o general Abdolrahim Musavi.

Publicidade

O presidente Hassan Rohani também prometeu pessoalmente à esposa e à filha de Suleimani que a morte do general não passará impune./ AFP AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.