BERLIM - O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD, na sigla em alemão) sofreu pressão nesta quarta-feira ,22, para cogitar procurar os conservadores da chanceler Angela Merkel e debater uma coalizão de governo para resolver a pior crise política da história alemã moderna.
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Uma autoridade do Partido Liberal (FDP), também aventou a possibilidade de ressuscitar as conversas sobre uma coalizão com os conservadores e os Verdes, que fracassaram no final de semana e provocaram temores europeus de um impasse na potência econômica e política da União Europeia – mas mais tarde o chefe da sigla pareceu descartar a ideia.
Os sinais de uma possível flexibilidade surgiram depois que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, em um gesto inédito para o ocupante de um cargo essencialmente simbólico, interveio para defender conversas que poderiam evitar a convocação de uma eleição antecipada problemática.
O líder do SPD, Martin Schulz, cujo partido governava como parte da coalizão sob o comando de Merkel desde 2013, quer ir para a oposição desde que a eleição de setembro reduziu seu apoio a seu nível mais baixo desde a formação da república alemã moderna em 1949.
Mas o jornal Bild disse que 30 dos 153 parlamentares do SPD questionaram essa posição nesta semana em uma reunião da legenda. Johannes Kahrs, integrante do SPD e porta-voz do Seeheimer Circle, uma ala conservadora do partido, exortou Schulz a manter a mente aberta quando se encontrar com Steinmeier na quinta-feira.
Kahrs disse ao jornal Passauer Neue Presse que o fiasco das conversas sobre uma coalizão mudou a situação. “Não podemos simplesmente dizer ao presidente alemão ‘Lamentamos, acabou’”.
Segundo o Bild, o ministro das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, que transferiu a liderança do SPD a Schulz e assumiu a chancelaria neste ano, também é favorável a uma retomada da grande coalizão.
A Alemanha, tradicionalmente um bastião de estabilidade da UE, pode enfrentar meses de estagnação política, o que complicaria mais uma iniciativa de reformas na governança da zona do euro e políticas de defesa e concessão de asilo do bloco. / REUTERS
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