Por mais de um ano, as instituições de segurança de Israel, apoiadas pelos Estados Unidos, dedicou recursos vastos e reuniu uma pilha de informações na caçada a Yahya Sinwar, o líder do Hamas apontado como o principal arquiteto dos ataques de 7 de outubro.
Mas, no final, Sinwar foi encontrado inesperadamente por uma unidade de comandantes iniciantes durante uma missão no sul de Gaza, segundo quatro autoridades de defesa israelenses que falaram sob anonimato devido à sensibilidade do assunto.
Onde Sinwar foi encontrado?
Soldados israelenses patrulhavam o sul de Gaza nesta quarta-feira, 18 quando se depararam com um grupo de combatentes, disseram as autoridades. Os soldados, apoiados por drones, se envolveram em um tiroteio e três militantes palestinos foram mortos.
Durante o combate, a artilharia israelense derrubou parte de um prédio onde os combatentes haviam se escondido. Quando começaram a vasculhar o prédio, os soldados israelenses notaram que um dos corpos tinha uma semelhança chocante com o líder do Hamas, disseram os três oficiais.
Era um lugar aparentemente improvável para encontrá-lo. A inteligência israelense e americana há muito avaliava que Sinwar, temendo pela própria segurança, estava escondido no subsolo, cercado de reféns para evitar ser morto.
Como ele morreu?
Fotografias obtidas pelo The New York Times, algumas das quais circularam online, mostram o corpo de um homem com características faciais muito parecidas com Sinwar. O corpo do homem tem vários ferimentos graves, inclusive na cabeça e na perna. As fotografias mostram que o corpo tem várias características que correspondem às de Sinwar, vistas em imagens de arquivo, incluindo manchas distintas perto de seus olhos e dentes tortos.
Horas após o conflito, os soldados se aproximaram dos corpos cautelosamente. A área ainda estava cheia de bombas, disseram duas autoridades. Eles também pensaram que o corpo do combatente, mais tarde identificado como Sinwar, tinha armadilhas. Ao lado dos mortos, os soldados encontraram dinheiro e armas.
As tropas, disse uma das autoridades, também estavam preocupadas com a possibilidade de haver reféns na área, mas nenhum foi encontrado com os combatentes. Não há evidências de que qualquer um dos reféns ainda mantidos em Gaza tenha sido ferido durante a batalha, disseram os militares israelenses.
Na noite desta quinta-feira, 18, israelenses, após concluírem o processo de identificação, anunciaram que Sinwar estava morto.
Como o Hamas respondeu?
Nesta sexta-feira, o Hamas confirmou a morte de Sinwar. “Ele morreu lutando e confrontando o exército de ocupação até seus momentos finais”, disse o vice-líder do grupo, Khalil al-Hayya, que está exilado no Catar, em um discurso de luto por ele na televisão oficial do Hamas.
Mas ele deu poucas indicações de que o Hamas estaria disposto a fazer concessões a Israel que poderiam acabar com a guerra em Gaza. “Estamos continuando o caminho do Hamas”, disse ele, acrescentando que a “bandeira de Sinwar não cairá”.
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