O The New York Times procurou pensadores, líderes políticos e especialistas para obter suas visões sobre o que poderia ser feito pelo futuro do Oriente Médio
Do dia 25, até a quarta-feira, 27, o Estadão republica 10 artigos que refletem sobre o futuro da relação entre palestinos e israelenses - e o que pode ser feito para chegar à paz. Serão em média três textos por dia, com publicação pela manhã, à tarde e à noite.
Em 2005, eu era consultora jurídica da equipe de negociação palestina quando estava ocorrendo a retirada de Israel de Gaza. Na época, nos perguntaram: O que é necessário para tornar Gaza viável?
Nossa resposta: Certificar-se de que a Faixa de Gaza não seja transformada em uma jaula a céu aberto. Assegurar que os palestinos que vivem lá tenham acesso ao mundo por meio de um aeroporto, um porto marítimo e uma conexão com a Cisjordânia.
Essa ideia foi ridicularizada porque não se encaixava convenientemente na fórmula de controle perpétuo de Israel sobre a vida dos palestinos que o Ocidente, mesmo naquela época, sempre apoiou. Nunca me esquecerei de quando alguém da equipe de negociação israelense me disse, sem rodeios, que o nível do scanner de segurança que Israel exigia para examinar as mercadorias que entravam e saíam da Faixa de Gaza era tão alto que esse dispositivo nem sequer existia.
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Isso nunca mais deve acontecer. O futuro de Gaza - assim como o da Cisjordânia - cabe aos palestinos decidir. Essa é a essência da autodeterminação. A comunidade internacional não deve continuar a colocar Israel em primeiro lugar, como tem sido feito há décadas. Ela não pode tentar buscar líderes convenientes como parceiros ou tentar entrar em mais um acordo de longo prazo.
Os palestinos devem viver livremente, sem a menor sensação de um laço israelense em torno de nossos pescoços. Quaisquer que sejam os arranjos imediatos implementados após o término do ataque israelense a Gaza, eles devem ser associados ao fim do regime de opressão de Israel e acompanhados de medidas para responsabilizar Israel por quaisquer crimes de guerra que tenha cometido. Qualquer solução que não inclua isso fracassará.
Em uma palavra, os palestinos exigem uma coisa: liberdade.
* Buttu, advogada, é ex-conselheira dos negociadores da OLP
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