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‘Sou um estuprador’: homem acusado de violentar esposa durante 10 anos presta depoimento na França

Dominique Pelicot é acusado de drogar ex-mulher e incentivar homens estranhos a estuprá-la enquanto ela estava inconsciente

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Por Redação

Dominique Pelicot, acusado de drogar a esposa para ser violentada por dezenas de desconhecidos, admitiu ser “um estuprador” e disse que Gisèle Pelicot “não merecia” a situação que passou durante quase dez anos. “Sou um estuprador, como todos os que estão neste tribunal, todos eles sabiam, não podem dizer o contrário”, disse Pelicot, se referindo aos 50 co-autores do crime no julgamento.

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Pelicot, de 71 anos, é acusado de drogar a ex-mulher, administrando drogas para que ela pudesse ser violentada por dezenas de estranhos entre 2011 e 2020.

Este é o primeiro testemunho do acusado em tribunal desde que o julgamento começou em 2 de setembro. O depoimento é crucial, uma vez que outros 50 acusados, com idades entre os 26 e os 74 anos, enfrentam penas que podem chegar aos 20 anos de prisão.

Beatrice Zavarro, advogada de Dominique Pelicot, fala à imprensa no tribunal de Avignon durante o julgamento Foto: Christophe Simon/AFP

Alguns dos acusados afirmam que não tinham conhecimento de que Pelicot administrava medicamentos para fazer que Gisèle dormisse e que pensavam que se tratava de um casal devasso, algo que a vítima negou no seu primeiro depoimento em tribunal. Gisèle Pelicot “não merecia isso”, afirmou o principal acusado durante o julgamento. “Peço perdão, mesmo que isto não seja aceitável”, acrescentou.

A presença de Pelicot na Justiça nesta terça-feira, 17, gerou expectativa, já que ele havia ficado mais de uma semana afastado do processo por problemas de saúde. O primeiro interrogatório estava marcado para a terça-feira passada, mas desde a véspera o acusado ficou ausente do julgamento em função de uma doença, o que obrigou o presidente do tribunal a alterar o cronograma e decretar suspensões.

O julgamento de grande repercussão se tornou um símbolo contra o uso de drogas para cometer agressões sexuais, uma prática conhecida como submissão química, e relançou o debate na França sobre a questão do consentimento.

Gritando “somos todos Gisèle”, 10 mil pessoas se manifestaram no fim de semana na França em apoio à vítima, que rejeitou no início do julgamento que o processo fosse realizado em segredo de justiça. /AFP

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