Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, deve se entregar até 1º de julho para começar a cumprir uma pena de prisão de quatro meses, ordenou um juiz federal na quinta-feira, 6. Bannon desobedeceu uma intimação para testemunhar perante o comitê da Câmara que investigou o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos.
Bannon foi condenado em outubro de 2022, mas o juiz Carl Nichols, responsável por supervisionar o caso, permitiu que ele permanecesse livre enquanto apelava. Agora, Nichols atendeu a um pedido do Departamento de Justiça para que Bannon comece a cumprir a pena, após um painel de três juízes de um tribunal de apelações federal ter mantido sua condenação no mês passado.
Esse não é o primeiro caso polêmico envolvendo Bannon, que também foi acusado de fraudar doações para a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México, uma das promessas de Trump em 2016. Em suas últimas horas no cargo de presidente em 2021, Trump concedeu a Bannon um perdão em um caso federal separado que se concentrou em acusações semelhantes.
Em 2020, o Facebook removeu uma rede de páginas ligadas a Steve Bannon. Os perfis trabalhavam para espalhar informações falsas sobre a eleição presidencial americana. A empresa disse que removeu sete páginas associadas com a hashtag Stop the Steal (“Parem de Roubar”, em tradução livre), uma referência às acusações infundadas levantadas pelos conservadores de que o Partido Democrata roubou a eleição. Na época, as páginas somavam cerca de 2,5 milhões de seguidores.
Investimentos em Mídia
Antes de assumir a campanha de Trump, Bannon atuou no Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimentos sediados em Nova York, onde começou a sua carreira. Em 1990, ele fundou com colegas da Goldman a Bannon & Co, tendo como objetivo “realizar investimentos em mídia”.
Bannon - que cresceu em uma família católica irlandesa simpática aos democratas - é um dos fundadores do site de notícias Breitbart News em parceria com Andrew Breitbart, que faleceu em 2012. O site é conhecido pelas acusações de veicular notícias falsas e teorias de conspiração, bem como histórias enganosas.
Não demorou muito para que o site ficasse famoso mundo afora pela defesa de ideias nacionalistas e pautas conservadoras. O portal constantemente atacava o então presidente Barack Obama e o establishment democrata em temas como comércio, globalismo e imigração.
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A partir da atuação à frente da Breitbart News, Bannon se aproximou de Trump e assumiu a sua campanha eleitoral em agosto de 2016. O seu trabalho ganhou notoriedade no ano seguinte na capa da revista Time, que o reconhecia como o verdadeiro cérebro da campanha por suas habilidades publicitárias e manipulatórias.
Ligações com o Brasil
No Brasil, Bannon é conhecido por ser aliado da família Bolsonaro e é considerado uma referência para os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem se tornou conselheiro político. Em janeiro de 2023, ele utilizou as redes sociais para estimular os atos golpistas em Brasília pelas redes sociais. Ele também usou seu perfil do Gettr - uma rede social de extrema-direita - para chamar os golpistas de “lutadores da liberdade” e para disseminar informações falsas sobre o processo eleitoral do Brasil.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já classificou o americano como “ícone do combate ao marxismo cultural”. O parlamentar, inclusive, tentou que o pai se consultasse com Bannon sobre como se portar depois de ter perdido as eleições de 2022.
Em entrevista ao Estadão em 2019, Bannon defendeu que “o populismo é o futuro da política”. “O populismo de direita que foca na classe trabalhadora e classe média é o futuro. O fato de ter Trump, Salvini e Bolsonaro, nos EUA, Europa e América do Sul, mostra que o modelo funciona. Os três se conectam com a classe trabalhadora de uma forma visceral”, afirmou. / COM AP e NYT
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