Governo do Sudão acusa grupo paramilitar de matar mais de 150 pessoas

Autoridades dizem que mulheres, crianças e idosos estão entre as vítimas.

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Por Redação
Atualização:

Mais de 150 pessoas foram mortas e dezenas feridas após as Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF, em inglês) atacar uma vila na província de Gezira, no Sudão, na última quarta-feira, 5. As informações foram confirmadas por autoridades locais.

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Mulheres, crianças e idosos estão entre as vítimas dos ataques da RSF na vila de Wad al-Noura, em Gezira, declarou o governador da província de Darfur, Mini Arko Minawi, em uma rede social.

De acordo com comunicado da diretora executiva o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Catherina Russell, pelo menos 35 crianças foram mortas e outras 20 ficaram feridas durante os ataques.

“Este é mais um lembrete sombrio de como as crianças do Sudão estão pagando o preço da violência brutal. Durante o ano passado, milhares de crianças foram mortas e feridas. Outras foram recrutadas, raptadas e sujeitas a violações e outras formas de violência sexual. Mais de cinco milhões de crianças foram forçadas a abandonar as suas casas”, disse Catherina.

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Um coletivo local formado para proteger os moradores de Wad Madani, capital de Gezira, afirmou na noite de quarta nas redes sociais que a força paramilitar usou artilharia pesada para cercar e atacar a região.

O Comitê de Resistência de Madani, que já foi ameaçado e atacado pela RSF, acusou os paramilitares de saquear a vila da região em meio aos ataques, que teriam começado na manhã da quarta. O coletivo alega que os moradores, incluindo mulheres e crianças, tiveram que se deslocar para outras partes do distrito de al-Managil.

Militares sudaneses em guarda no porão de um edifício que havia sido usado como depósito de armas pelos combatentes das Forças Paramilitares de Apoio Rápido em Omdurman, nos arredores de Cartum, em 25 de abril de 2024. Foto: Ivor Prickett/NYT

O grupo paramilitar afirmou que, em dezembro, tomou o controle de Wad Madani. A cidade fica a cerca de 100 quilômetros a sudeste de Cartum, capital do Sudão, onde milhares de pessoas se refugiaram durante o conflito.

Em uma declaração por meio do seu canal no Telegram, o governo de transição sudanês condenou os ataques e pediu à comunidade internacional que responsabilize a RSF.

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“Esses são atos criminosos que refletem o comportamento sistemático dessas milícias (RSF) em alvejar civis, saquear suas propriedades e deslocá-los à força de suas cidades”, disse o departamento de imprensa do Conselho de Soberania de Transição, que foi criado após a destituição do ex-presidente Omar Bashir, em 2019.

T erritório controlado pelas Forças Paramilitares de Apoio Rápido em Cartum, capital do Sudão, em 25 de abril de 2024. Foto: Ivor Prickett/NYT

A RSF alegou no X na noite de quarta-feira que o Exército sudanês planejava atacar suas tropas em Jabal al-Awliya mobilizando as forças armadas sudanesas em três bases, de acordo com a Associated Press, que não pôde confirmar a informação.

O grupo paramilitar disse ainda que atacou três regiões próximas a Wad-al Noura e entrou em confronto com o exército sudanês.

“Nossas forças não ficarão paradas diante de quaisquer movimentos ou aglomerações do inimigo e trabalharão para perseguir e derrotá-lo”, disse a RSF em sua declaração.

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ONU pede o fim do conflito

Clementine Nkweta-Salami, Coordenadora Residente e Humanitária das Nações Unidas no Sudão, disse na quinta-feira no X que estava “chocada” com os relatos dos ataques violentos. “A tragédia humana tornou-se uma marca da vida no Sudão. Não podemos permitir que a impunidade se transforme em outra”, declarou.

Em um comunicado, Nkweta-Salami disse que há relatos de “de tiroteios pesados e da utilização de armas explosivas em áreas povoadas”

Da mesma forma, a Diretora Executiva da Unicef descreveu as cenas no local como “devastadoras” e pediu o fim da violência no Sudão, afirmando que as crianças no país “precisam de um cessar-fogo agora.”

A guerra entre a RSF e o Exército sudanês devastou o país, com confrontos se espalhando por várias cidades e empurrando sua população para ultrapassar o limite da insegurança alimentar. Mais de 14.000 pessoas foram mortas e milhares foram feridas. Centenas de milhares foram deslocadas.

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