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Suécia: ‘rainha do lixo’ e mais 10 vão a julgamento por ‘abandono’ de 200 mil toneladas de resíduos

Bella Nilsson comandou a empresa NMT Think Pink, acusada de despejar ou aterrar ilegalmente montanhas de resíduos, que levaram a níveis prejudiciais de produtos químicos cancerígenos, chumbo, arsênio e mercúrio sendo liberados no ar, solo e água; ela e os outros acusados negam irregularidades

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Por Redação

A Suécia deu início, na última terça-feira, 3, ao julgamento do que é considerado o “maior crime ambiental da história do país”. Bella Nilsson, empresária autodenominada a “rainha do lixo” da Suécia, e outras dez pessoas são acusadas de “crime ambiental agravado”. Bella foi presidente-executiva da empresa de gerenciamento de resíduos NMT Think Pink, que é acusada de despejar ou aterrar ilegalmente montanhas de resíduos, calculadas em cerca de 200 mil toneladas, em 21 locais entre 2015 e 2020. As informações são da BBC.

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De acordo com a reportagem, os advogados de Bella, que hoje prefere ser chamada de Fariba Vancor, e de outro ex-presidente-executivo, Leif-Ivan Karlsson, negam qualquer irregularidade. Todos os outros réus também negam irregularidades, incluindo o ex-marido de Bella, Thomas Nilsson, cujo advogado disse que ele esteve no comando da empresa antes de 2015, portanto antes de os crimes serem cometidos.

A acusação apontou que a maneira como a empresa administrou mal os resíduos levou a níveis prejudiciais de produtos químicos cancerígenos, chumbo, arsênio e mercúrio sendo liberados no ar, solo e água. O promotor Anders Gustafsson argumenta que, além de despejar resíduos, os réus usaram documentos falsificados para enganar as autoridades e ganhar dinheiro que foi usado para fins privados.

Um dos casos mais graves foi a de uma pilha de resíduos jogada perto de uma reserva natural, que queimou durante dois meses após entrar em combustão de forma espontânea. Um incêndio em Kagghamra também forçou a população de quilômetros ao redor a ficar dentro de casa por causa de gases tóxicos.

Segundo os promotores, a NMT Think Pink, que faliu em 2020 quando Bella Nilsson foi presa, não tinha “nenhuma intenção ou capacidade de lidar com (os resíduos) de acordo com a legislação ambiental”. A maneira como o lixo foi descartado nos locais colocou em risco a “saúde de humanos, animais e plantas”, acrescentaram.

Bella Nilsson se autodenominava 'rainha do lixo' da Suécia.  Foto: Anders Wiklund/TT News Agency via AP

Ao entrar no tribunal distrital de Attunda, ao norte de Estocolmo, Bella se recusou a responder às perguntas dos repórteres. Ela disse anteriormente à mídia sueca que sua empresa agiu de acordo com a lei, afirma a BBC.

A NMT Think Pink foi contratada por construtoras, municípios e indivíduos privados para descartar seus resíduos. O descarte envolvia desde materiais de construção até brinquedos, passando por eletrônicos, metais, plásticos, madeira e pneus. Mas a empresa deixou as pilhas “sem classificação” e abandonadas, de acordo com os promotores. Uma investigação preliminar sobre o escândalo chegou a 45 mil páginas.

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Vários municípios buscam indenização de 260 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 141,5 milhões) pela limpeza das montanhas de resíduos, bem como pela descontaminação dos locais. O julgamento deve se alongar até o ano que vem.

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