Suprema Corte de Israel suspende parte de subsídios a ultraortodoxos, em derrota para Netanyahu

Em Israel, homens ultraortodoxos não são obrigados a realizarem o serviço militar obrigatório e podem receber subsídios governamentais até os 26 anos para ficarem estudando em seminários religiosos por tempo integral

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Por Redação

TEL-AVIV -O Supremo Tribunal de Israel ordenou na quinta-feira, 28, o fim dos subsídios governamentais para homens ultraortodoxos que não realizaram o serviço militar, uma decisão que poderá ter consequências de longo alcance para o governo e para milhares de homens religiosos que se recusam a participar do serviço militar obrigatório.

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O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu enfrenta a ameaça mais séria até ao momento ao seu governo em meio a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Dentro da sua coligação, o poderoso bloco de partidos ultraortodoxos – parceiros de longa data de Netanyahu – quer que as isenções continuem. Já os membros centristas do seu Gabinete de Guerra, ambos antigos generais militares, insistiram que todos os setores da sociedade israelense devem contribuir igualmente durante a guerra na Faixa de Gaza.

Israelenses protestam a favor do fim dos subsídios para ultraortodoxos que não fizeram serviço militar no país  Foto: Maya Alleruzzo / AP

Se os partidos ultraortodoxos deixarem o governo, o país será forçado a realizar novas eleições. De acordo com as pesquisas, Netanyahu perderia muitos assentos no Parlamento se a eleição ocorresse neste momento. A maioria dos homens judeus israelenses é obrigada a servir quase três anos no Exército, seguidos de anos de serviço na reserva. As mulheres judias israelenses cumprem dois anos obrigatórios.

Mas os ultraortodoxos representam cerca de 13% da sociedade israelense e têm tradicionalmente recebido isenções enquanto estudam por tempo integral em seminários religiosos.

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As isenções – juntamente com os subsídios governamentais que muitos seminaristas recebem até aos 26 anos – enfureceram grande parte do público em geral. Estas tensões de longa data aumentaram durante quase seis meses de guerra – em que mais de 500 soldados israelenses foram mortos.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, participa de coletiva de imprensa após reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz  Foto: Leo Correa/AP

A Corte israelense considerou o atual sistema discriminatório e deu ao governo até segunda-feira, 1, para apresentar um novo plano e até 30 de Junho para o aprovar. Netanyahu pediu na quinta-feira ao tribunal uma prorrogação de 30 dias para encontrar um acordo.

O tribunal não respondeu imediatamente ao seu pedido. Mas emitiu uma ordem provisória que proíbe o governo de financiar os subsídios mensais para estudantes de seminários religiosos com idades entre 18 e 26 anos. A decisão afetará cerca de um terço dos 180 mil seminaristas que recebem subsídios do governo para aprendizagem a tempo integral, de acordo com o Canal 12 de televisão de Israel.

Benny Gantz, o principal rival político de Netanyahu e membro do Gabinete de Guerra, elogiou a decisão do tribunal e disse que reconhecia “a necessidade de soldados durante uma guerra difícil e a necessidade de todos na nossa sociedade participarem na luta certa para servir o país.”

Aryeh Deri, líder do partido ultraortodoxo Shas, chamou a decisão do tribunal de “intimidação sem precedentes contra estudantes da Torá no estado judeu”./AP

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