Um terremoto registrado em uma parte densamente povoada do sudeste da Turquia e norte da Síria -- que foi sentido tão longe quanto Israel e Chipre -- foi forte e raso o suficiente para ser letal em uma escala devastadora. O número de mortos passa de 3 mil. O terremoto, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, pela sigla em inglês), mediu magnitude 7,8.
O USGA utiliza a escala de magnitude do momento para medir a força dos terremotos. É uma escala logarítmica: para cada número inteiro que sobe, a quantidade de energia liberada por um terremoto aumenta cerca de 32 vezes. Uma medição anterior era conhecida como escala Richter.
Com magnitude 7,8, o terremoto na Turquia é classificado como um terremoto “grande”. Outros tremores de magnitude semelhante incluíram um de 2013 no Paquistão, no qual cerca de 825 pessoas morreram, e o de abril de 2015 no Nepal, quando quase 9 mil pessoas morreram.
De acordo com o USGS, os terremotos são registrados por uma rede sismográfica. Cada estação sísmica na rede mede o movimento do solo naquele local. O atrito de um bloco de rocha sobre outro em um terremoto libera energia que faz o solo vibrar. Essa vibração empurra o pedaço adjacente de solo e faz com que ele também vibre e, assim, a energia sai do hipocentro do terremoto em uma onda. Mas existem maneiras diferentes de medir aspectos de um terremoto.
A magnitude é a medida mais comum do tamanho de um terremoto. O número é o mesmo, não importa onde ele foi sentido ou como ocorreu. Segundo o USGS, a escala Richter é um método desatualizado para medir a magnitude e não o utiliza mais para grandes fenômenos. A escala Richter mede a maior oscilação (amplitude) na gravação, mas outras escalas de magnitude medem diferentes partes do terremoto.
A ideia de uma escala de magnitude de terremoto logarítmica foi desenvolvida pela primeira vez por Charles Richter na década de 30 para medir o tamanho dos terremotos que ocorrem no sul da Califórnia usando dados de frequência relativamente alta de estações sismográficas próximas. Esta escala de magnitude foi referida como ML, com o L representando local. Eventualmente se tornaria conhecido como a magnitude Richter.
Ainda segundo as explicações do USGS, à medida que mais estações sismográficas foram instaladas em todo o mundo, tornou-se evidente que o método desenvolvido por Richter era válido apenas para certas faixas de frequência e distância.
Novas escalas
Para aproveitar o crescente número de estações sismográficas distribuídas globalmente, novas escalas de magnitude que são uma extensão da ideia original de Richter foram desenvolvidas. Essas incluem a magnitude da onda corporal (Mb) e a magnitude da onda superficial (Ms). Cada um é válido para uma determinada faixa de frequência e tipo de sinal sísmico.
Devido às limitações de todas as três escalas de magnitude (ML, Mb e Ms), uma nova extensão da escala de magnitude aplicável de maneira mais uniforme, conhecida como magnitude do momento, ou Mw, foi desenvolvida. Em particular, para terremotos muito grandes, a magnitude do momento fornece a estimativa mais confiável do tamanho do terremoto, segundo o Serviço Geológico americano. Sua estimativa é válida em toda a gama de magnitudes, uma característica que faltava em outras escalas.
Frequentemente, várias magnitudes ligeiramente diferentes são relatadas para um só tremor. Isso acontece porque a relação entre as medições sísmicas e a magnitude é complexa e procedimentos diferentes geralmente fornecem números ligeiramente diferentes para o mesmo fenômeno, como explica o USGS.
Intensidade e outros fatores
Já as escalas de intensidade, que são outra medição de um tremor, como a Escala de Mercalli Modificada e a Escala de Rossi-Forel, medem a quantidade de agitação em um determinado local. Um terremoto causa muitas intensidades diferentes de tremores na área do epicentro. Portanto, a intensidade de um terremoto varia dependendo de onde se está. Às vezes, os terremotos são referidos pela intensidade máxima que produzem.
Mas o dano potencial de um terremoto depende também de outros fatores, como a densidade populacional de uma determinada área, bem como a superficialidade do epicentro -- ambos contribuem para o nível de devastação, com um terremoto mais raso mantendo o potencial de mais danos. O que ocorreu na Turquia e Síria tinha cerca de 16 quilômetros de profundidade. Outro fator importante é a qualidade de construção das edificações da região onde ocorreu o tremor.
O Serviço Geológico dos EUA alertou que a população na região do terremoto na Turquia e na Síria reside em estruturas que são extremamente vulneráveis a terremotos. O USGS destacou que os edifícios que usam alvenaria de tijolos não reforçados e estruturas de concreto baixas correm maior risco. Esses materiais são muito rígidos para balançar com o tremor e são mais propensos a deformar, levando a colapsos catastróficos./COM NYT
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.