The Economist: 23 expressões vitais para conhecer em 2023; atualize-se aqui

Quais expressões específicas entrarão em circulação mais amplamente em 2023? Veja a lista

PUBLICIDADE

Por The Economist

Em 2020 e 2021, o mundo embarcou em uma rota de colisão com epidemiologia e vacinologia. Expressões anteriormente incomuns, como “achatar a curva”, “carga viral”, “proteína spike” e “vacinas de mRNA” tornaram-se parte do vocabulário cotidiano. Então, em 2022, a guerra na Ucrânia tornou sombriamente necessário aprender novos termos, como “himars” e “fogo de contra-bateria”. Quais expressões específicas entrarão em circulação mais amplamente em 2023? Aqui vão nossas 23 previsões, com todas as definições para você expandir seu vocabulário no próximo ano.

Hidrogênio verde, azul ou marrom

PUBLICIDADE

O hidrogênio é um gás incolor, que queima sem poluir, produzindo apenas vapor d’água. Apesar de ser o elemento mais abundante no universo, ele raramente é encontrado na Terra em seu estado puro. Ao fabricar hidrogênio puro, alguns métodos são muito mais poluentes do que outros — portanto especialistas em energia usam diferentes cores para identificar o elemento.

Hidrogênio “verde” é produzido usando energia renovável para separar moléculas de água em hidrogênio e oxigênio via eletrólise. A Europa está promovendo seu uso, e regiões ricas em fontes renováveis de energia, da Austrália à Índia, esperam se tornar exportadoras de hidrogênio verde.

 Foto: Mike Haddad/Economist

Em contraste, produzir hidrogênio “negro” ou “marrom” envolve queimar carvão ou lignito, o que emite grandes quantidades de dióxido de carbono. O método é barato, mas prejudicial para o meio ambiente. Hidrogênio “cinza” é produzido a partir de gás natural, em um processo que também emite dióxido de carbono (mas não tanto quanto o que envolve carvão).

Publicidade

Hidrogênio “azul” também é produzido a partir de gás natural, mas o dióxido de carbono resultante é capturado e armazenado no subterrâneo. A indústria petrolífera está animada com o hidrogênio azul, pois ele também pode ser relativamente verde caso as emissões forem rigidamente monitoradas e controladas.

Hidrogênio “turquesa” usa um processo diferente para dividir as moléculas de gás natural, que resulta em hidrogênio e carbono sólido. Várias startups estão perseguindo esse método. Hidrogênio “rosa” é, como o verde, produzido por meio de eletrólise, mas alimentada por energia nuclear. Finalmente, o hidrogênio “branco” é o elemento puro, que ocorre naturalmente mas é raro na Terra.

Tecnologia eSIM

Aqueles pequenos chips que entram em seu smartphone e conectam o aparelho com seus dados de cobrança e números de telefone — conhecidos como Sims, ou módulos de identificação de assinaturas — estão desaparecendo. A chamada tecnologia eSim substitui chips físicos por códigos digitais que podem ser transmitidos de um dispositivo velho para um novo.

Essa tecnologia está presente nos telefones desde 2017, mas a decisão da Apple de lançar sua linha de iPhones 14 nos Estados Unidos apenas com tecnologia eSim forçará milhões de pessoas a começar a usá-la em 2023. Como no caso dos mouses e das telas sensíveis ao toque, a adoção da tecnologia pela Apple será o gatilho da disseminação de seu uso. Isso pressionará operadores de telefonia de todo o mundo a adotar eSims e tornar o processo de movê-los entre aparelhos menos atabalhoado. A tecnologia também facilita o roaming entre diferentes redes em razão da possibilidade de instalação de vários eSims simultaneamente — evitando o trabalho de trocar manualmente os pequenos chips dos aparelhos.

Publicidade

Computador quântico do Google apresentado em 2019  

Criptografia pós-quântica

Computadores quânticos exploram as estranhezas do reino subatômico para fazer coisas que comutadores comuns não conseguem. Isso inclui decifrar códigos: um computador quântico funcional, se fosse possível construí-lo, seria capaz de romper a criptografia que é atualmente usada para dar segurança a comunicações e proteger dados sensíveis. Para proteção contra essa possibilidade, novos padrões de criptografia “pós-quântica”, projetados para serem invioláveis mesmo por computadores quânticos, foram aprovados em 2022, e preparativos para sua implementação começarão seriamente em 2023.

Realidade mista

Realidade virtual (VR) é como cobrir os olhos com uma venda digital — ela apaga o mundo real e nos insere em uma realidade alternativa, gerada por computador. Realidade aumentada (AR), em contraste, sobrepõe elementos gerados por computador ao nosso campo de visão do mundo real.

Realidade mista (XR ou MR) dá um passo além, permitindo a interação entre elementos reais e virtuais. Por exemplo, poderíamos jogar uma partida de pingue-pongue na qual as raquetes são reais mas a bola é gerada por computador. O termo também é mais sutil que realidade aumentada, e provavelmente mais fácil de ser aceito. Uma grande dúvida para 2023 é como a Apple decidirá chamar a tecnologia quando lançar seu primeiro capacete AR/VR/XR — que, afirmam rumores, será operado por um software chamado “realityOS”.

Chaves-mestras

Morte às senhas! As chaves-mestras (passkeys) são uma nova tecnologia, bancada por gigantes da tecnologia como Apple, Google e Microsoft, que substitui senhas por tokens validados biometricamente gerados automaticamente e impossíveis de serem esquecidos ou descobertos. Essencialmente, em vez de digitar uma senha, você usa um token armazenado em seu telefone ou computador, protegido por uma digital ou reconhecimento facial, para logar em aplicativos ou websites.

Publicidade

 Foto: Alvaro Bernis/Economist

PUBLICIDADE

Muitos outros serviços, incluindo eBay, Kayak e PayPal, já estão usando esse método e mais empresas seguirão a tendência em 2023, conforme o suporte para essa tecnologia se ampliar para as novas versões de computadores pessoais e sistemas de telefonia e internet móvel.

Em razão de uma chave-mestra única ser gerada para cada aplicativo que você usa, elas evitam muitos ataques comuns, como e-mails de “phishing”, que tapeiam os usuários fazendo-os pensar enganosamente que estão carregando seus dados pessoais em um site aparentemente idêntico ao de alguma empresa que conhecem, mas é falso. Por definição, as chaves-mestras também impedem as pessoas de usar as mesmas senhas em todas as suas atividades online.

Elas devem melhorar bastante a segurança na internet — com o benefício de que logar em qualquer servidor clicando em seu smartwatch é estranhamente eletrizante.

Escalada horizontal e vertical

De que maneiras o conflito na Ucrânia poderá escalar em 2023? Analistas militares distinguem duas dimensões de escalada. Na escalada horizontal, o escopo geográfico do conflito se expande (por exemplo, se a Rússia atacar mais um país, atraindo-o para o conflito). Na escalada vertical, é a intensidade do conflito que aumenta, seja com ataques a novos tipos de alvos ou pela introdução de novos tipos de armamentos (como bombas químicas ou nucleares). Nenhuma é boa.

Publicidade

Armas nucleares táticas

A Rússia poderia apelar para o uso de armas nucleares “táticas” na Ucrânia? Elas tendem a ter menos alcance a potência do que as armas “estratégicas” arrasadoras de cidades, como os mísseis balísticos intercontinentais carregados com ogivas atômicas. Se, digamos, as forças ucranianas se posicionarem para retomar a Crimeia em 2023, Vladimir Putin poderia se ver tentado a usar uma para impedir seu avanço. Mas é improvável que ela seja muito eficaz: uma ogiva poderia destruir apenas uma dúzia de tanques.

 Foto: Alvaro Bernis/Economist

Putin poderia, em vez disso, optar por detonar uma pequena bomba nuclear sobre o Mar Negro como aviso. Mas aliados como a China poderiam então abandoná-lo. E o Ocidente certamente responderia, talvez atingindo alvos russos dentro da Ucrânia com armas convencionais. Ataques retaliatórios arriscariam, então, uma troca de fogo muito mais potente, com armas estratégicas. A expressão “armas táticas”, em suma, é errônea para definir bombas atômicas, pois elas são inerentemente — e perigosamente — estratégicas.

Conflito congelado

Um conflito congelado é um impasse militar no qual os combates de fato cessaram, mas em que não houve nenhuma resolução a respeito do conflito subjacente (por exemplo, por meio de um tratado de paz ou um acordo político) — então há o risco das hostilidades recomeçarem a qualquer momento.

Eles com frequência são resultado de intromissões de grandes potências. Vladimir Putin criou vários conflitos congelados em regiões que pertenceram à antiga União Soviética (incluindo, a partir do fim de 2014 até o início de 2022, no leste da Ucrânia) como maneira de desestabilizar países vizinhos. Esses conflitos podem durar décadas, como na Ossétia do Sul e na Abcásia, repúblicas apoiadas pela Rússia que romperam com a Geórgia no início dos anos 90. Em 2023, a vulnerabilidade da Rússia poderá fazer com que alguns desses conflitos congelados comecem a esquentar.

Publicidade

Regasificação

Gás natural normalmente é transportado por gasodutos, porque, ao contrário do petróleo, é difícil carregar e descarregar navios com o volátil insumo. Isso torna os mercados de gás natural muito menos fluidos do que petrolíferos porque em geral são necessários gasodutos entre exportadores e importadores. Mas o gás natural liquefeito (GNL) muda a equação. Resfriar o gás natural a -162°C o transforma em líquido e reduz em 600 vezes seu volume, possibilitando seu transporte por longas distâncias usando navios-tanque especiais, resfriados criogenicamente.

 Foto: Alvaro Bernis/Economist

Isso possibilita o mercado global de gás natural — conveniente para países europeus que desejam diminuir sua dependência em relação ao gás russo transportado por gasodutos. Ultimamente, países europeus têm, em vez disso, comprado GNL dos Estados Unidos e do Catar, dois grandes exportadores.

Transformar GNL de volta ao estado gasoso, para que ele possa ser inserido em gasodutos locais e usado como combustível, chama-se regasificação. O processo normalmente ocorre em terminais portuários de GNL. Mas construir instalações costeiras leva tempo, então uma solução mais ágil tem sido fretar embarcações chamadas de “unidades flutuantes de armazenamento e regasificação” para realizar o trabalho. O governo alemão alugou cinco embarcações desse tipo para ampliar sua capacidade de importação de GNL.

Aridificação

A que ponto o temo seca — ou até megasseca — não será mais suficiente para descrever um período de aridez? Em alguns lugares, cientistas e autoridades falam, em vez disso, de aridificação para definir um longo período de seca em determinada região. Temperaturas mais altas provocadas pelas mudanças climáticas surtem vários efeitos indiretos. Em regiões já áridas como o sul da Europa, a Austrália costeira e o sul da África, as mudanças climáticas diminuem a quantidade de neve depositada no topo das montanhas e fazem secar rios, terras e florestas.

Publicidade

Na Califórnia, na Espanha e em outros lugares, o verão traz a ameaça de incêndios descontrolados cada vez mais intensos. Em 2023, essas regiões se defrontarão com temperaturas ainda mais quentes, incêndios mais intensos e menos água. A aridificação forçará potência agrícolas como Califórnia e China a dispor de fontes de água cada vez mais escassas. E cidades ressequidas se preocuparão com a possibilidade dessa crise limitar o crescimento de suas populações.

Emissões de Escopo 1, 2 e 3

Emissões de escopo 1 são as diretamente causadas por atividades associadas a empresas, como queimar combustível em fábricas ou carros. Emissões de escopo 2 são consideradas indiretas (ocasionadas em alguma estação de fornecimento de eletricidade, por exemplo), que resultam do uso de energia por alguma empresa.

 Foto: Alvaro Bernis/Economist

Emissões de escopo 3 são todas as outras emissões resultantes de atividades de fornecedores e clientes de uma determinada empresa. Para uma companhia petrolífera, as emissões que resultam da queima do petróleo que elas fornecem por terceiros são de escopo 3. Empresas deveriam ser responsabilizadas por essas emissões? Em 2023, espere mais agências reguladoras dizendo que sim.

Polos de resiliência e pavimentos frios

Cidades de todo o mundo estão adotando várias estratégias para lidar com a ameaça das ondas de calor, que aumentam em frequência e gravidade e colocam pessoas idosas e enfermas especialmente em risco. Polos de resiliência são prédios designados em comunidades — ou em alguns casos, instalações construídas com contêineres — para prover espaços com ar-condicionado e acolhimento com água fresca, acesso à internet e tomadas para carregar celulares. As cidades também reduzem as temperaturas introduzindo telhados refrescantes (cobertos com tinta branca ou materiais reflexivos) e pavimentos frios (tratados com revestimentos especiais), para refletir a luz do sol e absorver menos calor. Cidades pioneiras em calçadas e vias resfriadas incluem Los Angeles, Phoenix e Tóquio.

Publicidade

Dead pool

A maioria das pessoas associará o termo “dead pool” ao sarcástico herói Marvel encarnado nas telas por Ryan Reynolds. Nos Estados do Oeste americano, contudo, a expressão tem outro significado. A maioria dos grandes reservatórios de água na região foi criada represando rios, no século 20. Mas esses lagos artificiais têm encolhido ao longo das últimas duas décadas, conforme os rios que os alimentam secam. Quando um reservatório fica prejudicado ao ponto que sua água não pode mais ser direcionada a outros pontos, ele se torna um lago estático — ou um lago morto (dead pool).

Em 2023, alguns reservatórios se aproximarão desse estado. O Lago Mead e o Lago Powell — dois dos maiores reservatórios dos EUA, que represam o Rio Colorado — estão perigosamente secos. Se o Lago Powell chegar ao estado de morte, o fornecimento de água diminuiria para cerca de 40 milhões de pessoas que vivem no sudoeste do país e dependem da água do Rio Colorado.

Economist Foto: Alvaro Bernis/Economist

Sincombustíveis e e-combustíveis

Combustíveis sintéticos, também conhecidos como “sincombustíveis”, são substitutos inesperados para os combustíveis convencionais de hidrocarbonetos (como gasolina, diesel e querosene de aviação), produzidos artificialmente em vez de resultar do petróleo. Eletrocombustíveis ou e-combustíveis são combustíveis sintéticos fabricados a partir de energia de fontes renováveis.

Eletricidade produzida em painéis solares ou fazendas eólicas é usada para separar moléculas de água em hidrogênio e oxigênio via eletrólise. O hidrogênio é então combinado com dióxido de carbono, retirado de processos industriais ou da atmosfera, para produzir hidrocarbonetos combustíveis. Dependendo do processo usado, o combustível resultante pode ter pegada de carbono mais baixa do que o combustível convencional ou ser completamente carbono-neutro. E-combustíveis fazem pouco sentido em veículos comuns (que podem facilmente ser eletrificados), mas poderiam alimentar navios e aviões, re-empacotando de fato eletricidade renovável como combustível líquido.

Publicidade

A paranoia da produtividade

Trabalhar em casa torna você mais produtivo? Em uma pesquisa da Microsoft, que ouviu mais de 20 mil trabalhadores em 11 países, 87% responderam que consideram trabalhar em suas residências tão eficiente — ou mais — do que no escritório. Mas apenas 12% dos chefes expressaram confiança plena de que suas equipes era produtivas. O resultado é uma “paranoia de produtividade”, tanto entre os trabalhadores (temendo ser vistos como ociosos) quanto entre os chefes (temendo que os trabalhadores estejam ociosos). O que é capaz, por sua vez, de ocasionar “teatros de produtividade”, conforme os trabalhadores buscam demonstrar que estão se esforçando.

Cidades TQuaQ

Os temores no início da pandemia de covid-19 de que as pessoas jamais retornariam aos escritórios eram equivocados. Assim como as esperanças de que os hábitos de trabalho das pessoas eventualmente voltariam ao normal. Em vez disso, muitos trabalhadores acabaram em um regime laboral de comparecer ao escritório apenas nas terças, quartas e quintas-feiras.

Economist Foto: Alvaro Bernis/Economist

Cidades estão relutando sobre essa tendência, mas em 2023 terão de se adaptar aos “TQuaQs”. Bares ficam lotados nas noites de quinta conforme colegas de trabalho se despedem e podem se adaptar facilmente alterando escalas de funcionários. Mas as empresas que mantêm escritórios terão de ser mais criativas, seja reduzindo quadros ou encontrando outros usos para seus espaços nos dias esvaziados. Operadores de transporte público também terão de se ajustar. Em vez de reduzir serviços nas segundas e sextas-feiras, eles poderiam tentar deslocar a demanda baixando preços de tarifas nesses dias e elevando-os entre terças e quintas.

Efeito rosquinha

O aumento no trabalho remoto ocasionado pela pandemia significa que as pessoas passam a priorizar mais espaço doméstico, em detrimento de morar próximo ao local de trabalho. Nicholas Bloom, da Universidade Stanford, e Arjun Ramani, correspondente da Economist, identificaram um “efeito rosquinha” em cidades grandes.

À medida que os cidadãos esvaziam centros urbanos, os valores de aluguel nos subúrbios aumentam, criando um círculo de crescimento. Esse termo se vale do fato de que as rosquinhas americanas têm centros vazios, buracos no meio. Construtoras e corretores de imóveis comerciais esperam que as pessoas sejam atraídas novamente aos centros das cidades por conveniências excepcionais, como escritórios deslumbrantes e vistas fantásticas. Almejam a rosquinha britânica, que, em vez de ter um buraco no meio, é recheada com geleia.

O Cinturão da Bateria

Cinturão da Ferrugem é o nome dado a partes dos EUA que sofreram com o declínio da manufatura no país ocorrido a partir da década de 50. Agora, há esforços em andamento para revitalizar essas regiões promovendo investimentos em indústrias novas e verdes, como produção de carros elétricos e “gigafábricas”, que produzem baterias de automóveis.

 Foto: Alvaro Bernis/Economist

A Ford está investindo US$ 50 bilhões para expandir a produção de veículos elétricos; a GM, sua rival, está investindo US$ 35 bilhões; e estimados US$ 40 bilhões estão sendo destinados à instalação ou expansão de fábricas de baterias neste novo “Cinturão da Bateria”. Será que o nome pega em 2023?

YIMBY

Enquanto “nimbys” não querem que nada seja construído em seus quintais, “yimbys” dizem sim às construções. Preferindo desenvolvimento urbano denso em vez da dispersão ocasionada pelos carros, eles estão há anos por aí, mas têm tido pouco sucesso em alterar planos diretores. Isso mudará em 2023.

Em julho, entra em vigor na Califórnia a Lei de Habitação Acessível e Empregos Dignos. A legislação facilitará a construção de residências em áreas atualmente dominadas por escritórios, lojas e estacionamentos; e abrandará a rígida separação entre áreas residenciais e comerciais criada pelas leis de zoneamento. A Califórnia também está aliviando regras que forçam empreendedores imobiliários a fornecer tantas vagas de estacionamento. Obrigatoriedades sobre estacionamentos serão aliviadas para novas construções próximas a linhas de transporte público, o que deve reduzir os custos de construção e os preços dos imóveis. E quando a Califórnia dá exemplo, o restante do mundo tende eventualmente a seguir.

Usina de energia virtual

Cada vez mais residências e empresas possuem painéis solares e baterias capazes de fornecer energia ao imóvel e também à rede pública de eletricidade quando necessário. Quando usados simultaneamente em grandes números e coordenados, por meio de comandos na internet, centenas ou milhares desses pequenos sistemas de geração e armazenamento de energia podem agir em concerto, funcionando de fato como usinas de energia virtual que podem ser ligadas e desligadas com agilidade. Os usuários têm de aceitar que seus equipamentos sejam usados dessa maneira — e são pagos pela energia que fornecem.

Economist Foto: Alvaro Bernis/Economist

Usinas de energia virtual são capazes de eliminar a necessidade das caras e poluentes “usinas de pico”, destinadas a manter o abastecimento em períodos de elevação no consumo. Elas também podem ajudar empresas de fornecimento de eletricidade com regulação de frequência e controle de voltagem, que devem ser administrados cuidadosamente para regular oferta e demanda de energia particularmente em redes elétricas que dependem muito de fontes intermitentes, como painéis solares e fazendas eólicas. Usinas de energia virtual são um exemplo de como “redes inteligentes” podem facilitar a transição para as fontes renováveis. Elas têm sido acionadas na Austrália, no Reino Unido, na Califórnia e na Alemanha.

Vertiportos

Aerotáxis, também conhecidos como carros voadores ou aeronaves EVTOL (elétricas, de decolagem e aterrissagem vertical), são essencialmente drones com múltiplos rotores grandes o suficiente para carregar pessoas. Várias empresas de todo o mundo esperam que esses veículos obtenham aprovação regulatória em 2023 como meios de transporte urbano ágeis e sustentáveis.

 Foto: Alvaro Bernis/Economist

Mas as EVTOLs não podem simplesmente decolar e pousar em qualquer lugar. Precisarão, em vez disso, de lugares designados para fazê-lo chamados vertiportos, que são como uma mistura entre aeroportos e estações de metrô, permitindo às EVTOLs ser integradas às linhas de transporte existentes, como estradas e ferrovias. Tudo isso apresenta novos desafios para arquitetos e urbanistas, que já andam desenhando projetos com essas características. Vertiportos serão necessários para as EVTOLs realmente decolarem.

Energia solar espacial

A ideia de capturar energia no espaço sideral usando enormes painéis solares acoplados a satélites em órbita para posteriormente enviá-la à Terra na forma de micro-ondas circula desde que Isaac Asimov a propôs em um conto de ficção científica, em 1941. Mas a conta nunca fechou: lançar objetos ao espaço simplesmente custa caro demais.

O que poderia mudar se os custos de lançamento caíssem o suficiente ou se novas técnica de manufatura no espaço sideral emergirem, como minerar asteróides para obter matérias-primas. E em uma órbita alta o suficiente, um satélite poderia ficar sob a luz do sol permanentemente, fornecendo uma fonte limpa e sustentável de energia. A Agência Espacial Europeia financiou uma demonstração em campo na Alemanha, em 2022, como parte de uma proposta batizada como Solaris. EUA, Reino Unido, China e Japão também financiam pesquisa na área, que está testemunhando um novo alvorecer.

Cislunar

Os EUA querem enviar astronautas à lua nos próximos anos com o objetivo a longo prazo de estabelecer uma base permanente por lá. Como parte de seu programa Artemis, os americanos pretendem instalar uma estação espacial chamada Lunar Gateway orbitando a lua, para servir como polo de comunicação, laboratório científico e espaço de curta permanência, com previsão de lançamento em 2024. Uma série de missões preparatórias à lua, com uso de robôs, terá início em 2023. As coisas estão esquentando nesse campo “cislunar”— conforme o espaço entre a Terra e a órbita da lua é conhecido. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO E AUGUSTO CALIL

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.