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Tragédia do submarino do Titanic: ‘Vivemos falsa esperança por quatro dias’, diz testemunha

Rory Golden estava no navio Polar Prince, que apoiava o submarino Titan, e contou à BBC News como foi testemunhar o desastre da expedição organizada pela Oceangate

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Foto do author Katharina Cruz

Rory Golden, testemunha do desastre do submersível Titan, que completou um ano em junho, contou à BBC News sobre o medo e a falsa esperança sentidos pelas pessoas que estavam no navio de apoio Polar Prince durante a expedição da Oceangate. O Titan fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, para visitar o naufrágio do Titanic, mas perdeu contato com o navio de apoio cerca de duas horas depois. Os cinco passageiros morreram.

Segundo a emissora britânica, Rory Golden estava no navio de apoio Polar Prince para fazer apresentações sobre o Titanic quando o submersível desapareceu. “Quando o submarino atrasou, não ficamos muito preocupados, porque as comunicações falham muito no oceano”, explicou Golden. “Mas quando o alarme finalmente foi dado, foi quando percebemos que havia alguns problemas sérios”, completou.

Rory Golden, testemunha da tragédia do submarino Titan.  Foto: @svtv_news via X

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Uma grande operação de busca e salvamento foi lançada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos. Poucos dias depois, sons de batidas foram detectados debaixo d’água, aumentando a esperança de que estivessem vindo do submarino desaparecido, destaca a emissora britânica. No entanto, os que estavam a bordo provavelmente morreram instantaneamente depois que o Titan sofreu uma falha catastrófica ao se aproximar do Titanic no fundo do Atlântico.

“Tínhamos a imagem deles lá embaixo, ficando sem oxigênio no frio congelante, ficando terrivelmente assustados e assustados”, disse Golden em entrevista à BBC. Após saber que o submarino havia implodido poucas horas após o mergulho, ele disse que era um conforto saber que as pessoas a bordo não haviam sofrido. Ele também relatou que viveu falsas esperanças por quatro dias e que ainda há muitas perguntas a serem respondidas.

Além do cofundador da OceanGate, Stockton Rush, a implosão do Titan matou dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood; o aventureiro britânico Hamish Harding; e o especialista em Titanic Paul-Henri Nargeolet, conhecido como PH.

De acordo com a BBC, Golden agora participa da primeira expedição ao Titanic desde a tragédia, sem tripulantes e que tem o objetivo de inspecionar a área e os destroços do navio - uma expedição que PH Nargeolet, morto na implosão, deveria estar liderando. Uma placa está sendo colocada em sua homenagem no local do naufrágio e um serviço memorial para todos aqueles que morreram no submarino foi realizado no mar. Golden disse à BBC que foi uma das últimas pessoas a ver PH vivo. “Ele deixou o navio com grande espírito, em ótima forma e estava feliz. Ele estava indo para algum lugar que queria estar”.

A BBC afirma que Rory Golden também visitou o Titanic no submarino Oceangate. “PH e eu havíamos discutido o submersível no passado e eu mesmo já havia mergulhado nele no ano anterior”, disse ele. “E eu estou aqui - assim como muitos outros. O submarino Titan fez 15 mergulhos no Titanic até aquele ponto, então funcionou”, diz.

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Golden afirmou à BBC que ficou confortável nas 12 horas que passou no submersível, tendo uma experiência diferente em que conseguia se movimentar muito bem. Também disse que não se arrepende nem um pouco do mergulho. “Não era a minha hora”, disse. “Você nunca sabe quando sua hora vai chegar. E isso certamente nos fez entender isso”.

A descoberta dos destroços do Titan quatro dias após seu desaparecimento confirmou o destino das pessoas a bordo. “Todos nós choramos quando os restos do submarino foram encontrados”, disse ele. “Um vínculo especial foi formado entre todos nós que estávamos lá no navio naquela semana. E esse é um vínculo que sempre estará lá”, relatou Golden.

Especialistas da indústria levantaram muitas questões sérias sobre a segurança do submersível Titan antes do mergulho. As investigações da Guarda Costeira dos EUA e da Guarda Costeira do Canadá ainda estão em andamento. É provável que eles atuem para que ocorram mudanças que garantam que uma tragédia como essa não aconteça novamente.

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