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Três anos após invasão do Capitólio, EUA prenderam mais de 1,2 mil pessoas; veja números

Apuração é considerada a maior na história do Departamento de Justiça dos EUA com mais de 700 sentenças; Penas chegam a 22 anos de prisão

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Por Alan Feuer e Molly Cook Escobar

THE NEW YORK TIMES - Quase três anos depois de uma multidão atacar o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, em apoio ao ex-presidente Donald Trump, as investigações criminais a respeito dos eventos daquele dia avançam. Promotores qualificaram a apuração a respeito do motim como a maior na história do Departamento de Justiça, e não há dúvida de que esse processo é vasto segundo qualquer escala. Toda semana mais indivíduos são presos.

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Até dezembro, cerca de 1.240 pessoas tinham sido presas em conexão ao ataque, acusadas de crimes que variam de invasão, uma contravenção penal, a conspiração sediciosa, um delito grave.

Mais de 350 casos ainda estão pendentes.

Cerca de 170 réus foram condenados em julgamentos, e apenas 2 foram completamente absolvidos. Aproximadamente 710 pessoas declararam-se culpadas; entre elas, cerca de 210 admitiram culpa por delitos graves.

Depois de ser condenados ou se declarar culpados, mais de 720 réus foram sentenciados até aqui, e mais de 450 receberam penas de encarceramento, de poucos dias a mais de 20 anos.

E ainda que cerca de 1.240 pessoas tenham sido presas até o início de dezembro, esse número pode representar apenas a metade do total de indiciamentos que serão julgados.

Apoiadores do ex-presidente Donald Trump avançam em direção ao Capitólio, 6 de janeiro de 2021. Foto: AP / Jose Luis Magana

Enquanto alguns casos atraíram atenção em todo o país, particularmente os que envolveram grupos de extrema direita, como os Proud Boys e a milícia Oath Keepers, a maioria dos processos tem se desdobrado fora do radar, em audiências discretas cuja frequência se restringe quase sempre aos réus e suas famílias. Esses procedimentos têm ajudado a detalhar a história sobre como uma multidão enfurecida de apoiadores de Trump, encorajada por suas mentiras a respeito de fraude eleitoral, impediu o processo democrático, ainda que por algumas horas.

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A maior parte dos casos de insurreição, mais de 710, foi resolvida sem julgamento, por meio de admissões de culpa. Segundo a mais recente atualização do Departamento de Justiça, de dezembro, cerca de 170 réus foram julgados na Corte Federal Distrital em Washington por júris ou apenas juízes, com uma vasta maioria dos processos resultando em condenações.

Quanto às punições, mais de 450 pessoas receberam sentenças de detenção ou prisão, com a maior pena, de 22 anos de reclusão, aplicada ao ex-líder dos Proud Boys Enrique Tarrio. Vários indivíduos que não foram associados a grupos extremistas mas que atacaram a polícia na ação que as autoridades descreveram como uma batalha “medieval” diante do Capitólio foram sentenciados a uma década ou mais atrás das grades.

A multidão que cercou e por fim invadiu o edifício era heterogênea. Havia homens e mulheres, maridos e esposas, pais e filhos e pessoas de várias raças — carpinteiros, veteranos das Forças Armadas, professores, advogados, corretores de imóveis e até uma ex-autoridade do Departamento de Estado.

E ainda que os eventos turbulentos do 6 de Janeiro sejam com frequência agrupados e resumidos como o ataque ao Capitólio, a verdade é que não só isso aconteceu naquele dia. Alguns dos réus planejaram sua função no ataque por semanas, comunicando-se com compatriotas e aparecendo armados e com equipamentos de proteção. Outros apareceram no momento, atacando policiais a socos. Outros ainda foram levados pelo fluxo da multidão e não fizeram mais que entrar no Capitólio — e depois sair.

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Uma das acusações mais comuns contra os amotinados foi entrar e permanecer em instalações federais de acesso restrito. Mais de 1,1 mil réus receberam essa acusação.

Cerca de 450 indivíduos foram acusados de atacar policiais ou impossibilitar a ação da polícia no Capitólio, e outros 330 foram indiciados por obstruir a certificação da eleição que ocorria no edifício em 6 de janeiro de 2021. Mas a Suprema Corte anunciou recentemente que revisará a acusação de obstrução para determinar se ela deve se aplicar ao ataque ao Capitólio.

O Departamento de Justiça tem sido forçado a confrontar esse conjunto de comportamentos e formular suas acusações segundo os detalhes das ações de cada indivíduo. Os promotores têm sido obrigados a tomar decisões desafiadoras repetidamente: uma pessoa que demonstrou agressividade no Capitólio deve responder por atentado ou por um delito de menor gravidade chamado desordem civil? Pessoas que entraram no edifício devem ser acusadas de invasão ou meramente de manifestar-se ilegalmente no Capitólio?

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O processo não tem sido fácil nem perfeito, e quase três anos após a insurreição — e bem mais de 700 sentenças de prisão ou liberdade condicional pronunciadas — o mais provável é que a coisa esteja longe do fim. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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