Tribunal venezuelano rejeita recurso de procuradora-geral contra Constituinte
Sala Constitucional do TSJ considerou ‘inadmissível’ a ação de Luisa Ortega, que defende que as bases da Assembleia anulam ‘a democracia participativa’
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Por Redação
CARACAS - O principal tribunal da Venezuela rejeitou na noite de terça-feira 27 o recurso apresentado pela procuradora-geral, Luisa Ortega, contra o método de eleição da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro.
"O projeto de 'Bases Comiciais' respeita, no critério desta Sala, o conceito de democracia participativa e sufrágio universal, direto e secreto", afirma a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado pela oposição de servir ao chavismo.
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A Sala Constitucional do TSJ declarou "inadmissível" a ação da procuradora, alegando que já havia rejeitado em outra sentença anular as bases comiciais da Constituinte, que segundo a procuradora-geral, derrogam "a democracia participativa e de protagonismo".
A oposição considera que o método de eleição da Constituinte, com uma votação no dia 30 de julho, é "fraudulento", porque permitiria ao governo conquistar mais integrantes da Assembleia.
Na decisão, o TSJ também declarou "nula" a designação por Luisa do vice-procurador-geral, Rafael González, alegando que não foi aprovada pelo Parlamento - que tem maioria opositora -, já que a Casa permanece em "desacato" e todas as suas decisões são consideradas "nulas", por decisão do próprio Tribunal. O TSJ informou que "designará de maneira temporária o vice-procurador", que substituiria Luisa em caso de destituição.
A Corte autorizou no dia 20 de junho a abertura de um processo contra a procuradora por "supostas faltas graves". O julgamento pode provocar seu afastamento do cargo. "Plano da Sala Constitucional é evidente: designa o vice-procurador; destitui a procuradora, e depois o vice-procurador assume o cargo. Fraude", escreveu no Twitter o constitucionalista José Ignacio Hernández.
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Em uma segunda decisão divulgada na terça-feira, o Tribunal permitiu que a Defensoria do Povo participe das investigações penais da Procuradoria caso elas tenham relação com violações aos direitos humanos.
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"O Defensor do Povo está facultado para iniciar uma investigação, assim como para ter acesso às atuações judiciais e administrativas relacionadas com a mesma, quando se trata da violação aos direitos humanos (...) sem que isto prejudique a linha de atuação do Ministério Público", afirma a decisão. / AFP