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Trump apoiou ‘enforcamento’ de Mike Pence durante invasão ao Capitólio, diz ex-chefe de gabinete

Durante testemunho a comitê que investiga os episódios de 6 de janeiro de 2021, Mark Meadows disse que Trump teria endossado os gritos violentos contra o seu então vice-presidente

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Por Maggie Haberman e Luke Broadwater
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Quando centenas de manifestantes no Capitólio começaram a gritar “Enforquem Mike Pence!” em 6 de janeiro de 2021, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, saiu da sala de jantar do Salão Oval, entrou em seu próprio escritório e disse aos colegas que o presidente Donald Trump estava reclamando que o vice-presidente estava sendo levado para a sala de segurança.

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Meadows, de acordo com um relato fornecido ao comitê da Câmara que investiga o episódio, então disse aos colegas que Trump havia dito algo no sentido de que talvez Pence devesse ser enforcado.


Não está claro que tom Trump teria usado. Mas a observação relatada foi mais uma evidência de quão extrema a ruptura entre o presidente e seu vice-presidente se tornou, e de como Trump não apenas falhou em tomar medidas para impedir os manifestantes, mas parecia se identificar com seus sentimentos sobre Pence – a quem ele pressionou sem sucesso para bloquear a certificação dos resultados do Colégio Eleitoral naquele dia – como um reflexo de sua própria frustração por não conseguir reverter sua perda.

O relato do comentário de Trump foi inicialmente fornecido ao comitê da Câmara por pelo menos uma testemunha, de acordo com duas pessoas informadas sobre os trabalhos, enquanto o comitê desenvolve uma linha do tempo do que o presidente estava fazendo durante o tumulto.

O então vice-presidente, Mike Pence, junto com Donald Trump Foto: Michael Reynolds/ EFE

Outra testemunha, Cassidy Hutchinson, ex-assessora de Meadows que estava presente em seu escritório quando ele contou o caso, foi questionada pelo comitê sobre o relato e o confirmou, segundo pessoas familiarizadas com o trabalho do grupo. Não ficou imediatamente claro quanta informação detalhada Hutchinson forneceu. Ela cooperou com o comitê em três entrevistas separadas após receber uma intimação.

Um advogado de Meadows disse que tem “todos os motivos para acreditar” que o relato de Meadows “é falso”.

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Taylor Budowich, porta-voz de Trump, criticou o trabalho do comitê. “Os ‘vazamentos’ vagos deste comitê partidário, o testemunho anônimo e a disposição de alterar as evidências provam que é apenas uma extensão da campanha de difamação democrata que foi exposta repetidas vezes por ser fabricada e desonesta”, disse ele. “Os americanos estão cansados das mentiras e charadas dos democratas, mas, infelizmente, é a única coisa que eles têm a oferecer.”

Budowich não abordou a substância das informações fornecidas ao comitê. Um advogado de Hutchinson não respondeu a uma mensagem pedindo comentários. Um porta-voz do comitê se recusou a comentar.

Pence resistiu a semanas de pressão de Trump e alguns de seus aliados para usar seu papel cerimonial na supervisão da certificação dos votos eleitorais do Congresso em 6 de janeiro para bloquear ou atrasar a vitória de Joe Biden.

Apesar de ter sido informado por Pence e seus assessores que não acreditavam que o vice-presidente tivesse esse poder, Trump continuou a pressioná-lo, separado e publicamente, durante aquela manhã.

Imagens de câmeras de segurança mostram momento em que o então vice-presidente Mike Pence é retirado durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021 Foto: Senate Television via AP

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Trump denunciou a relutância de Pence em acompanhar a sua vontade durante seu comício no parque Ellipse pouco antes do início da certificação do Colégio Eleitoral no Capitólio.

“Queremos ser respeitosos com todos”, disse Trump em um discurso contundente no qual atacou várias pessoas e instituições por não cooperarem com seus desejos. “E vamos ter que lutar muito mais. E Mike Pence vai ter que passar por nós, e se ele não fizer isso, será um dia triste para o nosso país. Porque você jurou defender nossa Constituição.”

Pouco tempo depois, os partidários de Trump marcharam até o Capitólio com seu encorajamento. Alguns gritavam “Enforquem Mike Pence!” com uma forca montada fora do edifício do Capitólio. Pence, que havia chegado mais cedo ao Capitólio, foi levado para um local seguro em uma garagem subterrânea enquanto as lideranças do Congresso de ambos os partidos era evacuada.

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Trump, assistindo à televisão durante o tumulto, falou com aprovação aos gritos enquanto os discutia com Meadows e possivelmente outros assessores, de acordo com o testemunho que o comitê ouviu.

Trump deixou claro seu descontentamento com Pence não apenas para seus assessores, mas para o público quando twittou, às 14h24, enquanto os manifestantes invadiam o prédio, que “Mike Pence não teve coragem de fazer o que deveria ter sido feito para proteger nosso País e nossa Constituição”.

O comitê está tentando desenvolver um relatório retratando os eventos como parte da busca de Trump para permanecer no cargo, incluindo como ele alimentou a raiva por sua perda entre seus apoiadores e a redirecionou contra Pence e membros do Congresso durante o que normalmente é um processo de certificação de rotina.

O grupo também reuniu testemunhos de que Meadows usou a lareira em seu escritório para queimar documentos, de acordo com duas pessoas informadas sobre as perguntas. O comitê perguntou a testemunhas sobre como Meadows lidou com documentos e registros após a eleição. O advogado de Meadows não respondeu a uma pergunta sobre o depoimento sobre a lareira.

A notícia chega quando um dos cinco membros republicanos do Congresso que receberam intimações para comparecer perante o comitê sinalizou que não compareceria para seu depoimento na sexta-feira, a menos que o grupo lhe entregasse volumosos documentos.

O deputado Jim Jordan, republicano de Ohio, que está na fila para se tornar presidente do Comitê Judiciário caso seu partido assuma o controle da Câmara no próximo ano, exigiu que ele recebesse “todos os documentos, vídeos ou outros materiais em posse do comitê seleto” para ser usado em seu interrogatório e qualquer material em posse do grupo em que aparece seu nome.

“Sua tentativa de obrigar o testemunho sobre as deliberações de um colega relacionadas a um assunto legislativo estatutariamente prescrito e uma importante função constitucional é uma perigosa escalada da busca de vinganças políticas dos democratas da Câmara”, escreveu Jordan ao deputado Bennie Thompson, o democrata do Mississippi que é presidente da comissão.

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Um porta-voz do comitê disse que o painel não teve uma resposta imediata a Jordan.

Os outros quatro congressistas republicanos intimados, incluindo o deputado Kevin McCarthy, da Califórnia, o líder da minoria, difamaram o comitê, mas não descartaram testemunhar. Dois de seus depoimentos estão marcados para quinta-feira.

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