WASHINGTON - Em busca de uma virada na reta final das eleições de 2020, o presidente dos EUA, Donald Trump, assegurou neste domingo que está imune ao coronavírus e pronto para retomar sua campanha, nove dias após ser diagnosticado com covid-19. Ele fará campanha nesta segunda-feira, 12, na Flórida, um Estado-chave da eleição, onde seu adversário democrata Joe Biden lidera de acordo com a média das pesquisas.
Em uma entrevista por telefone à TV Fox News, Trump disse neste domingo, 11, que se sente “fantástico” – uma das palavras mais usadas por ele – e mais uma vez voltou a se referir ao coronavírus como o vírus chinês. “Parece que estou imune, então posso sair de um porão, o que eu teria feito de qualquer maneira”, disse. “Eu venci esse horrível vírus da China. Passei no teste mais alto, nos padrões mais altos, e estou em ótima forma. E devo dizer que me sinto fantástico.”
Segundo Trump, os médicos da Casa Branca disseram que ele não está mais transmitindo o vírus, embora ainda não haja confirmação oficial de que ele testou negativo para a covid-19. “Não há propagação”, afirmou.
O médico da Casa Branca, Sean Conley, disse na noite de sábado que o teste de PCR de Trump mostrou que ele não era “mais considerado em risco de transmitir (o vírus) a outras pessoas” e que a carga viral estava diminuindo.
Na reta final da disputa contra Biden e em queda nas pesquisas, o presidente pretende retomar a campanha com um comício em Sanford, na Flórida, amanhã. Outros eventos estão planejados para Pensilvânia e Iowa, terça-feira e depois.
A escolha da Flórida para essa retomada a poucas semanas da eleição não é aleatória. O Estado é um dos principais pontos de disputa nas eleições americanas. Há quase 25 anos, o vitorioso nele é também o vencedor da eleição presidencial. A Flórida oscila entre o voto em republicanos e democratas, normalmente com margens de diferença apertadas, e é o terceiro com maior número de cadeiras no colégio eleitoral. Com 29 delegados, a Flórida perde em quantidade apenas para a Califórnia, reduto democrata, e Texas, reduto republicano. Por isso, as campanhas gastam tempo e dinheiro na região.
As pesquisas mais recentes têm sido um banho de água fria na campanha de Trump, que assiste à queda na preferência do eleitorado em Estados onde saiu vitorioso em 2016, como Michigan e Arizona. Na Flórida, os sinais não são tão ruins para os republicanos. A média das pesquisas eleitorais agregadas pelo site FiveThirtyEight mostra Biden com uma vantagem de 4,5 pontos nas pesquisas, bem abaixo da diferença que o democrata tem na média nacional, de 10,4 pontos.
Pesquisas mostram Biden em ascensão. Uma divulgada ontem pelo Washington Post-ABC News aponta Biden com uma liderança de 12 pontos: enquanto ele aparece com 54%, Trump tem 42%, fazendo crescer em dois pontos a vantagem que o democrata tinha em setembro.
Durante os dias que Trump ficou em recuperação na Casa Branca, Biden visitou a Flórida. Uma das dificuldades da campanha democrata é conseguir o voto de parte do eleitorado latino do sul do Estado. Enquanto latinos de Estados como Arizona, de origem mexicana, são predominantemente democratas, no sul da Flórida a retórica antissocialismo de Trump tem força entre a diáspora cubana e venezuelana.
Anteontem, Trump fez ou um comício para uma plateia selecionada na Casa Branca para marcar a retomada da sua campanha. Em seu discurso, adotou um tom político, voltou a falar que o coronavírus é “um vírus chinês” e disse que a pandemia “está desaparecendo”. Os EUA são o país com maior número de casos de contaminações e de mortes decorrentes da covid-19. / W.POST COM BEATRIZ BULLA
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.