VARSÓVIA - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu nesta quinta-feira, 6, que a Rússia pode ter interferido na eleição americana de 2016 que o levou ao poder, mas afirmou que outros países também poderiam estar envolvidos.
"Eu penso que poderia muito bem ter sido a Rússia. Acho que poderiam ter sido outros países. Não serei específico. Mas eu acho que muitas pessoas interferiram", afirmou Trump em um discurso na Polônia.
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Na capital polonesa, onde iniciou sua viagem europeia de quatro dias, Trump declarou que os EUA trabalham com seus aliados para se oporem "às ações da Rússia e a seu comportamento desestabilizador". O republicano criticou a forma de agir de Moscou na véspera de uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, à margem da cúpula do G-20, na Alemanha.
Em resposta às declarações de Trump, o Kremlin disse nesta quinta-feira não concordar com a afirmação de que a Rússia se comporta de forma "desestabilizadora". "Discordamos de tal abordagem", disse o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, a repórteres em Moscou. O funcionário do governo de Putin disse também que o país lamenta a falta de entendimento entre a Rússia e os Estados Unidos quanto às expectativas para suas futuras relações.
"Isto é exatamente o motivo pelo qual estamos aguardando a reunião entre os dois presidentes", disse o porta-voz. "Eles poderão trocar pessoalmente suas ideias sobre as questões mais atuais e, o que é mais importante, essa será uma oportunidade para se familiarizar e, finalmente, compreender a verdadeira abordagem mútua entre as relações bilaterais, e não a abordagem que é transmitida pela imprensa."
Divergências
Trump iniciou seu giro europeu pela Polônia, um país pró-EUA e cujos dirigentes conservadores se dizem próximos das ideias defendidas pelo americano.
É uma primeira etapa fácil antes de se dirigir na noite desta quinta a Hamburgo, onde os líderes dos 20 países mais industrializados e emergentes o esperam para tratar de vários temas complexos, em meio às tensões transatlânticas e à ameaça nuclear da Coreia do Norte.
O contexto da viagem de Trump, no entanto, se agravou ainda mais na terça-feira depois do teste que Pyongyang realizou com um míssil intercontinental capaz, segundo especialistas, de alcançar o Alasca.
"Chamo todas as nações a enfrentarem esta ameaça global e demonstrarem publicamente para a Coreia do Norte que há consequências para seu comportamento muito, muito mau", disse Trump em Varsóvia. "A experiência da Polônia nos lembra que a defesa do Ocidente deve ter como base em última instância não só os meios, mas também a vontade de seus habitantes de se impor."
Segunda viagem
Esta é a segunda vez que Trump vai à Europa desde que assumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro. Desta vez, ele está acompanhado da mulher, Melania, da filha, Ivanka, e do genro Jared Kushner. Na primeira viagem, em maio, Trump revelou a profunda desconfiança de ambos os lados do Atlântico.
"Depois de sua viagem desastrosa a Bruxelas e Taormina, imagens sorridentes com líderes europeus e multidões aplaudindo Trump poderiam ajudar a reparar a sua imagem nos Estados Unidos", acredita Piotr Buras, Conselho Europeu de Relações Exteriores, uma think tank pan-europeia. / AFP e REUTERS