WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado, 14, que conversou com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, sobre a possibilidade de avançar em um tratado de “defesa mútua”, apenas três dias antes das eleições de Israel, na qual Netanyahu busca sua reeleição.
“Tive uma chamada hoje com o primeiro-ministro Netanyahu para discutir sobre a possibilidade de avançar em um Tratado de Defesa Mútua entre Estados Unidos e Israel, que deve ancorar a tremenda aliança entre os nossos países”, escreveu Trump em sua conta no Twitter.
“Espero continuar essas discussões depois das eleições israelenses, quando nos reunirmos nas Nações Unidas no final deste mês!”, agregou, dando um respaldo tácito de último minuto à candidatura de Netanyahu.
O premiê israelense agradeceu Trump, escrevendo em um tuíte que Israel “nunca teve um amigo tão próximo na Casa Branca”, acrescentando que estava no aguardo do encontro na ONU “para avançar um Tratado de Defesa histórico entre os Estados Unidos e Israel”.
Os comentários do presidente americano surgem em um momento em que a comunidade internacional espera a divulgação do plano de paz para o Oriente Médio de Washington.
Até o momento, Trump não formulou comentários sobre a controversa promessa de Netanyahu, feita nesta semana, de anexar, caso seja reeleito, os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, assim como o Vale do Jordão, uma decisão que aparentemente iria contra a proposta do plano de paz americano.
Algumas autoridades israelenses têm promovido a ideia de forjar o tratado de defesa focado especialmente em garantias de assistência dos EUA em qualquer conflito com o Irã.
Trump não forneceu detalhes sobre o texto, mas um tratado de defesa mútua poderia obrigar os EUA a auxiliar na defesa de Israel caso o país esteja sob ataque, e vice-versa.
O ministro das Relações Exteriores do país do Oriente Médio, Israel Katz, disse nesta semana que um pacto com os EUA deveria ser aplicado a “questões definidas, como ameaças nucleares e os mísseis de longo alcance posicionados do Irã a Israel”.
“Nós temos meios de ofensivas e defesa, mas isso nos livraria da necessidade de destinar enormes recursos de forma permanente e a longo prazo diante dessas ameaças”, disse Katz a uma TV local.
Por outro lado, o principal rival de Netanyahu nas eleições, o general Benny Gantz, do partido Azul e Branco, considerou a ideia como um “erro grave”, argumentando que tiraria a autonomia militar de Israel.
“Isso não é o que queremos” disse o candidato de centro, empatado com Netanyahu nas pesquisas de opinião. “Nós nunca pedimos a ninguém para se matar por nós. Nós nunca pedimos a ninguém para lutar por nós. E nós nunca pedimos a ninguém a permissão para defender o Estado de Israel”. / AFP e Reuters
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.