WASHINGTON - Enquanto o novo governo republicano começa a tomar forma, uma semana após sua vitória nas urnas, o presidente eleito, Donald Trump, passou a exigir que o futuro líder do Senado permita que ele faça as nomeações sem audiências de confirmação, o que significaria um drible no Congresso e na Constituição.
Trump já indicou nomes para cargos importantes. Tom Homan, ex-diretor interino da Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), no primeiro mandato, foi anunciado como “czar da fronteira”, com o papel de liderar a prometida repressão à imigração. Elise Stefanik, deputada de Nova York, recebeu o convite para ser embaixadora dos EUA na ONU.
Segundo a CNN americana, Stephen Miller, assessor linha-dura em imigração, é cotado para ser vice-chefe de gabinete da Casa Branca. Acima dele estaria Susie Wiles, primeiro anúncio de Trump para um posto em seu governo, feito na semana passada. Membro leal de seu grupo de conselheiros, ela será a primeira mulher a ocupar o cargo.
O republicano ainda considera o senador Marco Rubio, da Flórida, para secretário de Estado, disseram três pessoas familiarizadas ao New York Times nesta segunda-feira, embora, de acordo com as fontes, ele ainda possa mudar de ideia no último minuto. O presidente eleito também pediu ao deputado Michael Waltz, da Flórida, para ser seu conselheiro de segurança nacional, de acordo com o Washington Post.
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Demanda
Para essas e outras posições que serão indicadas, Trump espera agora que o novo Senado, cuja maioria foi retomada pelos republicanos, permita uma manobra de aprovação que dispense as sabatinas de confirmação. Ele manifestou nesta segunda-feira sua intenção em uma postagem no X.
Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, a exigência foi feita por Trump aos três candidatos a liderar o Senado, em troca do apoio de Trump na disputa. Os três cotados – Rick Scott, John Thune e John Cornyn – rapidamente concordaram com a exigência.
A ferramenta parlamentar, chamada de “nomeações de recesso”, permite ao presidente aprovar nomes enquanto o Senado está temporariamente em recesso, pode ser usada para contornar o processo de confirmação e evitar atrasos ou bloqueios. A exigência mostra o quanto o presidente eleito pretende influir na escolha do próximo líder do Senado, que deve ser eleito esta semana, em substituição a Mitch McConnell, que está se aposentando. Quando assumir, em janeiro, os republicanos terão 53 das 100 cadeiras da Casa. O partido está perto de conseguir também a maioria na Câmara, mas a apuração ainda não foi encerrada.
Trump tem montado sua nova equipe com consultoria direta de amigos e assessores. A promessa é “remodelar radicalmente” o governo federal. Um grupo em particular tem tido uma influência maior. Ele inclui seu vice-presidente eleito, J.D. Vance, e nomes menos conhecidos, como executivos influentes. No fim de semana, eles começaram a navegar pelas diferenças ideológicas do partido – e os impulsos de Trump –, enquanto definiam os cargos.
A maioria republicana no Senado significa que Trump não terá problemas para confirmar seus indicados e não precisaria abreviar o processo. No entanto, sua intenção de indicar Robert F. Kennedy Jr. para algum cargo na área da saúde pode enfrentar resistência em razão de suas opiniões antivacina./NYT e AP
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