Trump indica antivacina Robert F. Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde e Serviços Humanos

Ex-democrata já afirmou que vacinas causam autismo e defendeu remédios sem comprovação científica durante a pandemia; não está claro se o Senado confirmará indicação

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Por Redação
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O presidente eleito Donald Trump anunciou nesta quinta-feira, 14, que irá nomear Robert F. Kennedy Jr. para liderar o Departamento do Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Kennedy, que é abertamente antivacina, estaria à frente da agência que supervisiona desde medicamentos, vacinas e segurança alimentar até pesquisas médicas e os programas de segurança social Medicare e Medicaid.

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Ex-democrata que concorreu como independente na corrida presidencial deste ano, ele abandonou sua candidatura após fechar um acordo para dar apoio a Trump com a promessa de ter um papel na política de saúde do governo.

Kennedy espalhou informações falsas sobre vacinas, incluindo que elas causam autismo — uma teoria que foi desmentida pela ciência. Na pandemia, Kennedy também promoveu a hidroxicloroquina, um medicamento cuja autorização emergencial como tratamento para a covid-19 foi revogada pela agência federal Food and Drug Administration (FDA) depois que um estudo com 821 pessoas descobriu que ele não tinha eficácia.

Robert F. Kennedy, Jr. abandonou sua candidatura após fechar um acordo para dar apoio a Trump com a promessa de ter um papel na política de saúde do governo. Foto: Carlos Osorio/AP

Ele defende o consumo de leite que não passou por processos de pasteurização, apesar do aviso da FDA de que beber o leite dessa maneira é arriscado, principalmente em meio a uma epidemia atual de gripe aviária entre vacas leiteiras. O político também já criticou publicamente a recomendação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de que as comunidades coloquem fluor na água para se protegerem contra cáries.

Mesmo controlado por republicanos, ainda é uma questão em aberto se o Senado confirmará Kennedy para o cargo. Além de suas visões controversas sobre medicina e saúde, ele tem sido associado a uma série de atividades peculiares, como despejar um urso morto no Central Park e supostamente decapitar uma baleia. Em entrevistas, alguns senadores republicanos disseram que Kennedy os fez hesitar, mas nenhum descartou votar nele.

“Acho algumas de suas declarações alarmantes, mas nunca o conheci, nem sentei com ele, nem o ouvi falar longamente”, disse a senadora Susan Collins, republicana do Maine, uma centrista cujo voto seria crítico para as perspectivas de confirmação do Kennedy. “Então, não quero fazer um pré-julgamento com base apenas em recortes de imprensa que li.” No entanto, ela acrescentou, “acho que seria uma escolha surpreendente.”

Mas os republicanos mais alinhados com Trump estavam animados. “Cem por cento”, disse o senador Tommy Tuberville, republicano do Alabama e membro do comitê de saúde do Senado, quando perguntado se votaria para confirmar Kennedy. Tuberville disse que era fã do Sr. Kennedy por causa do trabalho que ele fez com alimentos e vacinas, acrescentando: “Mais do que qualquer pessoa que eu conheço, ele tem a mente aberta.”

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Mas especialistas em saúde pública consideram Kennedy preocupante. Dr. Richard Besser, presidente-executivo da Fundação Robert W. Johnson e ex-diretor interino do CDC, disse que colocar Kennedy no cargo de secretário de saúde “representaria riscos incríveis para a saúde da nação”, porque o ataque do Kennedy ao sistema de saúde pública do país está apenas piorando a atual crise de desconfiança.

Kennedy falou pouco sobre programas de prestação de serviços de saúde, como Medicare e Medicaid, que estão sob a alçada do Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Em vez disso, ele mirou em reguladores e agências de saúde pública e pesquisa: a FDA, o CDC e o National Institutes of Health (NIH).

Dias antes da eleição, em uma publicação nas redes sociais, Kennedy ameaçou demitir funcionários da FDA que travaram uma “guerra contra a saúde pública”. Ele listou alguns dos produtos que ele alegou que a agência havia submetido à “supressão agressiva”, incluindo ivermectina, leite cru e vitaminas.

Kennedy também prometeu sacudir o NIH, a principal agência de pesquisa biomédica do país, demitindo 600 trabalhadores , embora a grande maioria de seus funcionários tenha proteções do serviço público. Quando ele estava concorrendo à presidência, ele prometeu mudar o foco do NIH para longe das doenças infecciosas.

“Vou dizer aos cientistas do NIH, Deus abençoe a todos vocês”, disse Kennedy na época, de acordo com a NBC News . “Obrigado pelo serviço público. Vamos dar uma trégua às doenças infecciosas por cerca de oito anos.”/NYT e AP.

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