WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria dito a pessoas próximas, incluindo integrantes do gabinete, que Elon Musk deve deixar o governo nas próximas semanas, publicou o site Politico nesta quarta-feira, 2. A Casa Branca minimizou a reportagem, destacando que o trabalho do bilionário à frente do Departamento de Eficiência Governamental é temporário e que isso era público.
“Esse ‘furo de reportagem’ é um lixo. Elon Musk e o presidente Trump declararam *publicamente* que ele deixará o serviço público como funcionário especial do governo quando seu incrível trabalho no DOGE for concluído”, escreveu a secretária de imprensa da Casa Branca Karoline Leavitt, referindo-se à publicação.
De acordo com a reportagem, o presidente continua satisfeito com Elon Musk, mas ambos decidiram nos últimos dias que chegou a hora de o bilionário voltar para os negócios. Apesar da renúncia iminente, fontes do governo disseram ao Politico que Elon Musk deve continuar frequentando a Casa Branca como uma espécie de conselheiro informal.

Musk deve deixar o governo no momento em que pessoas dentro da Casa Branca e aliados têm expressado preocupação com a sua ofensiva caótica à frente do DOGE. Muitos o veem como um risco politico. Essa apreensão ganha força com a derrota do conservador Brad Schimel para a Suprema Corte do Estado decisivo de Wisconsin. Mesmo contando com apoio — e milhões de dólares — de Elon Musk, ele perdeu para a progressista Susan Crawford em eleição vista como referendo sobre a administração Donald Trump.
Elon Musk é contratado como funcionário especial do governo. O cargo isenta o empresário de seguir algumas regras, mas é temporário, foi criado pelo Congresso para atender iniciativas de curto prazo e tem limite de 130 dias. No caso de Musk, esse período encerra em 30 de maio.
Há cerca de um mês, contudo, autoridades americanas disseram, também ao Politico, que o bilionário estava na Casa Branca “para ficar” e que Donald Trump provavelmente encontraria uma alternativa para mantê-lo por lá.
Na semana passada, Elon Musk foi questionado em entrevista à Fox News se pretendia continuar no governo depois dos 130 dias. E respondeu: “Acho que teremos realizado a maior parte do trabalho necessário para reduzir o déficit em um trilhão de dólares dentro desse prazo”.
Trump, por sua vez, disse na segunda-feira que o manteria “enquanto pudesse”, mas que Elon Musk (dono do X, Tesla e Space X) precisaria voltar aos negócios eventualmente. “Eu acho que ele é incrível, mas também acho que ele tem uma grande empresa para administrar e, em algum momento, ele voltará a fazer isso”, respondeu ao ser questionado sobre a permanência do empresário no governo.
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Elon Musk gastou US$ 288 milhões na campanha de Donald Trump e se tornou um dos conselheiros mais próximos do republicano depois da vitória. Trump não poupa elogios ao aliado e chegou a promover os carros da Tesla na Casa Branca. Alvo de protestos pelo ativismo de Musk a favor da extrema direita, a empresa viu as vendas despencarem.
No DOGE, Elon Musk fez uma devassa nas agências do governo, pressionando por demissões em massa e cortes de gastos. A ofensiva causou atritos com secretários da Casa Branca e com a Justiça. Os tribunais limitaram o acesso da equipe de Musk a dados sensíveis dos americanos e bloquearam os esforços para acabar com a USAID, a agência de ajuda internacional que entrou na mira dos cortes do bilionário.
O DOGE foi originalmente concebido para operar até 4 de julho de 2026, mas já há sinais de que está sendo desmantelado. Seus funcionários foram transferidos para várias agências federais, que assumirão a liderança na redução de custos. Cortes de pessoal estão em andamento para cumprir algumas das metas estabelecidas por Musk e Trump.
“Provavelmente, nos próximos dois ou três meses, estaremos satisfeitos com as pessoas que estão trabalhando duro e querem fazer parte da administração”, disse Trump na semana passada./COM AFP e AP.