BAGDÁ- O presidente Donald Trump ameaçou na última terça-feira, 31, fazer o Irã pagar um "preço alto" após o ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, capital do Iraque, por milhares de manifestantes pró-iranianos. Como consequência, ele já permitiu o envio de 750 homens para o Oriente Médio.
"O Irã será totalmente responsável por vidas perdidas ou danos a qualquer uma de nossas instalações", disse Trump no Twitter. "Eles pagarão um preço alto! Isso não é um aviso, é uma ameaça. Feliz ano novo".
No entanto, na saída de uma festa particular em Palm Beach, na Flórida, ele disse que não espera entrar em guerra com o país. "Não vejo isso acontecendo", respondeu a um jornalista, quando questionado sobre essa possibilidade.
Porém, com o 'aval da Casa Branca', o secretário de Defesa Mark Esper anunciou em um comunicado na noite de ontem, que 750 membros de tropas americanas serão enviados "imediatamente" ao Oriente Médio.
Já o secretário de Estado Mike Pompeo disse que a invasão à embaixada foi obra de 'terroristas'. "O ataque de hoje foi orquestrado por terroristas - Abu Mehdi al Muhandis e Qais al Jazali - e incentivado por representantes do Irã - Hadi al Ameri e Faleh al Fayyad", escreveu em sua conta pessoal no Twitter. Do outro lado, a capital Teerã denunciou "a surpreendente audácia" de Washington.
Logo após, Pompeo também twitou que "O ataque de hoje contra a Embaixada dos Estados Unidos não deve ser confundido com os esforços legítimos dos manifestantes iraquianos, que estão nas ruas desde outubro trabalhando para o povo do Iraque, para acabar com a corrupção exportada pelo regime iraniano para lá".
Uma autoridade militar que não quis se identificar, contou à AP que os militares selecionados serão mandados para o Kuwait. Ele também acrescentou que o efetivo total do batalhão escolhido, que fica em Fort Bragg, na Carolina do Norte, também pode ser enviado caso seja necessário. Ao todo, a tropa é composta por 4 mil homens.
Outro funcionário, que também optou pelo anonimato, disse à Reuters que dois helicópteros Apache realizaram uma “demonstração de força” sobre a embaixada, que fica na Zona Verde, bairro ultraprotegido do Iraque.
O ataque, que ocorreu de forma inesperada, se deu durante a procissão fúnebre dos 25 mortos em frente a embaixada dos Estados Unidos na capital Bagdá, e terminou com milhares de participantes atacando o prédio com barras de ferro e coquetéis molotov.
Como consequência, Pompeo e Trump passaram boa parte da véspera do ano-novo fazendo ligações para líderes iraquianos, nas quais o presidente americano fez questão de agradecer pelas "respostas rápidas". "A Embaixada dos Estados Unidos no Iraque é, e está há horas, SEGURA! Muitos dos nossos grandes combatentes, munidos dos equipamentos militares mais letais de todo o mundo, correram imediatamente até o local. Obrigada ao Presidente e ao Primeiro Ministro do Iraque pelas suas respostas rápidas aos nossos pedidos".
No entanto, a Casa Branca continua responsabilizando o Irã pelos ataques dos últimos dias. “O Irã matou um americano e feriu outros. Nós respondemos de maneira forte, e sempre responderemos. Agora, eles orquestraram um ataque à Embaixada dos EUA no Iraque. Eles serão responsabilizados”, escreveu Trump logo pela manhã de terça-feira, no Twitter.
O primeiro ataque se deu última sexta-feira, 27, quando o lançamento de um foguete matou um empreiteiro americano no Iraque. Como resposta, no domingo, 29, aviões dos EUA bombardearam as bases das Brigadas do Hezbollah (uma facção pró-iraniana no Iraque, que eles acusam estar por trás desses tiros). A represália resultou em 25 combatentes mortos e provocou uma grande indignação no mais alto escalão do governo iraquiano.
No entanto, mesmo com os manifestantes pedindo a retirada dos diplomatas da região, uma possível evacuação do prédio não é considerada pelo governo. Conforme o secretário de Defesa, o embaixador dos Estados Unidos, que no momento está em uma viagem particular fora do Iraque, já foi instruído a retornar ao seu posto, assim como todos os demais funcionários./ AFP, AP e REUTERS
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