Por que só Donald Trump pode tornar a Otan grande novamente?

A aliança precisa de uma transformação MAGA para enfrentar as ameaças do século 21

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Por Marc A. Thiessen (The Washington Post)

Enquanto a Otan se reúne para a cúpula de seu 75º aniversário em Washington esta semana, o presidente Biden está ficando com o crédito pelo fato de os aliados europeus e o Canadá terem aumentado os gastos com defesa em centenas de bilhões de dólares e alertando que, se eleito, Donald Trump vai “eviscerar a Otan”.

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Mas, na verdade, é Trump, e não Biden, o responsável pela maior parte desse aumento de gastos. Em 2006, os aliados se comprometeram a gastar pelo menos 2% de seu produto interno bruto em defesa, mas, quando Trump assumiu o cargo, uma década depois, apenas três estavam cumprindo esse compromisso, e os gastos dos membros (excluindo-se os Estados Unidos) haviam caído para o mínimo histórico de 1,4% em 2015.

A situação era tão ruim que na Alemanha, o integrante europeu mais rico da Otan, 60% dos caças Eurofighter e Tornado, 82% dos helicópteros Sea Lynx, 61% dos principais tanques de batalha e todos os submarinos e aviões de transporte do país estavam inutilizáveis.

Como presidente, Trump alertou a Alemanha e o restante da Otan: os Estados Unidos não iriam mais tolerar que eles não fizessem as contribuições adequadas para nossa defesa comum. E, quando ele deixou o cargo, os aliados estavam gastando US$ 130 bilhões a mais em defesa do que em 2016 e haviam se comprometido a aumentar esse valor para US$ 400 bilhões até o final de 2024.

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Candidato republicano para presidente nas eleições dos Estados Unidos, Donald Trump escuta as questões de Joe Biden durante um debate  Foto: Gerald Herbert/AP

Bem, 2024 chegou, e os dados da Otan projetam que os aliados dos Estados Unidos no bloco irão gastar US$ 510 bilhões a mais do que em 2016 (excluindo a Finlândia e a Suécia, que não eram membros em 2016 e cujos orçamentos de defesa agora se somam para o total europeu).

Isso significa que quase 80% dos novos gastos desses países se devem a compromissos assumidos durante o governo Trump. O restante pode ser creditado tanto à invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin, quanto à diplomacia de Biden. Em outras palavras, o sucesso do investimento em defesa que a Otan comemora esta semana é, sobretudo, uma conquista de Trump.

Na esteira do desastroso desempenho de Biden no debate do mês passado e de seus recordes negativos em aprovação, parece cada vez mais provável que Trump reassuma a presidência e, portanto, a liderança da Otan em janeiro. Seria uma boa notícia para a aliança, pois qualquer avaliação justa dos históricos dos dois presidentes americanos mostra claramente que é Trump, e não Biden, o candidato melhor posicionado para reestruturar a Otan para as ameaças deste século. Longe de eviscerar a aliança atlântica, Trump a deixou militarmente mais forte do que em qualquer outro momento desde a Guerra Fria. Em um segundo mandato, ele teria a oportunidade não apenas de fortalecer ainda mais a Otan, mas de transformá-la fundamentalmente.

Como Trump poderá deixar sua marca na Otan, se vencer em novembro? Estas seis plataformas podem formar uma agenda de Trump para a aliança, avançando nas realizações de seu primeiro mandato.

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1) Aumentar o piso de gastos da Otan de 2% para 3% do PIB

O mundo está em chamas. Há guerras em dois continentes. Rússia, China, Irã e Coreia do Norte estão formando parcerias estratégicas para ameaçar os Estados Unidos e seus aliados democráticos. Como o general Christopher G. Cavoli, comandante supremo dos aliados na Europa, disse recentemente ao Congresso em Washington, esses acontecimentos representam uma ameaça “mais coesa e perigosa do que qualquer outra que os americanos enfrentaram em décadas”.

Diante dessa ameaça, gastar apenas 2% do PIB em defesa já não é suficiente. Quando assumiu o cargo, Trump disse aos aliados que eles deveriam dobrar seus gastos com defesa para 4% do PIB. Talvez seja um pouco demais para a maioria dos aliados. Mas o presidente polonês, Andrzej Duda, recentemente propôs aumentar o piso de gastos com defesa da Otan para 3% do PIB. Isso é factível. No auge da Guerra Fria, os países-membros (excluindo-se os Estados Unidos) gastavam uma média de 3,5% do PIB em defesa. Não há razão para que não possam fazer o mesmo hoje.

2) Consagrar os novos níveis de gastos no Tratado do Atlântico Norte

Foram necessárias quase duas décadas para que a maioria dos aliados da Otan cumprisse seu acordo de 2%. E mesmo agora – apesar de termos testemunhado a primeira grande invasão terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial – mais de um quarto ainda não conseguiu cumprir esse compromisso. Isso é inaceitável.

Lideranças mundiais reunidas na Cúpula da Otan em 2023, em Vilnius, na Lituânia: aos 75 anos, aliança do Atlântico Norte enfrenta uma série de desafios  Foto: Pavel Golovkin/AP

A única maneira de mudar esse quadro é impor consequências concretas para quem não cumprir o acordo de gastos. Trump deve insistir para que todos os aliados assumam um compromisso vinculativo de contribuir com sua parte. Assim como renegociou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), ele deve exigir que o Tratado do Atlântico Norte seja emendado para incluir a exigência de um mínimo de 3% com gastos em defesa, de modo que essa cláusula tenha o mesmo peso que o princípio da defesa coletiva consagrado no Artigo 5.

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Fazer isso fortaleceria o poder de dissuasão da Otan – não o contrário. Se todos os países-membros cumprirem o novo piso de investimentos em defesa, a Otan será a aliança militar mais poderosa da história do mundo. E criar uma nova obrigação de gastos reforçaria o apoio público às garantias de segurança da aliança. Uma nova pesquisa do Instituto Ronald Reagan revela que 72% dos americanos apoiam que os Estados Unidos respondam com força militar se um aliado da Otan na Europa for atacado (cerca de 8 em cada 10 democratas e 7 em cada 10 republicanos). Mas esse apoio cai 20 pontos se o país atacado não estiver cumprindo seus compromissos de gastos. Os americanos não gostam de parasitas. Eles concordam com Trump quando o ex-presidente diz que não defenderá aliados que não contribuírem para nossa defesa coletiva.

E se alguns países se recusarem? Se os aliados valorizam a garantia de segurança do Artigo 5 – o coração da aliança –, eles não a colocarão em risco recusando obrigações razoáveis. Se isso acontecer, Trump talvez se sinta tentado a se afastar da aliança, assim como ameaçou sair do NAFTA se o Canadá e o México não concordassem em reestruturar o acordo. De fato, é provável que ele seja o único presidente que poderia fazer tal ameaça com credibilidade – o que significa que ele é o único presidente que pode fazer com que os aliados concordem com essas mudanças necessárias.

Trump disse que quer “100%” permanecer na aliança, desde que os aliados contribuam com sua parte. E estaria certo em insistir que eles o façam. Na verdade, Trump deveria insistir para que os aliados contribuíssem ainda mais.

3) Lançar um segundo aumento com gastos de defesa

Embora muitos de nossos aliados europeus tenham aumentado a porcentagem do PIB que gastam com defesa, esses gastos vêm caindo nos últimos quatro anos nos Estados Unidos. Biden colocou o país no caminho para gastar a menor porcentagem do PIB em defesa desde 1999, quando Bill Clinton reivindicou um equivocado “dividendo da paz” pós-Guerra Fria. Na verdade, Biden teria cortado ainda mais os gastos com defesa se não fosse a maioria republicana na Câmara. Se essa tendência de queda não for revertida, em breve os gastos com defesa dos Estados Unidos poderão cair para os níveis mais baixos em pelo menos sete décadas.

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Chegou a hora de um segundo aumento com gastos de defesa. Trump deve aumentar esses gastos para 5% do PIB, como propuseram os republicanos do Senado, para que os Estados Unidos possam expandir a Marinha, comprar centenas de caças, acelerar a produção do bombardeiro furtivo B-21 e dos submarinos de ataque de última geração e modernizar nossas forças nucleares, entre outras prioridades. (Os republicanos do Comitê de Serviços Armados do Senado elaboraram um plano detalhado para fazer isso).

Durante a expansão da era Reagan, de 1980 a 1988, os Estados Unidos dedicaram uma média de 6,2% do PIB à defesa. Mesmo durante o governo Jimmy Carter, os gastos com defesa nunca caíram abaixo de 4,5% do PIB. As inúmeras ameaças que enfrentamos hoje são, em muitos aspectos, ainda mais perigosas do que as da Guerra Fria – com uma Rússia cada vez mais conflituosa, atores terroristas não estatais apoiados pelo Irã semeando o caos no Oriente Médio, um regime expandindo as capacidades de armas de destruição em massa da Coreia do Norte e um adversário em Pequim trabalhando incansavelmente para aumentar seu poderio militar. O Secretário de Defesa, Lloyd Austin, chamou a China de pacing threat [em tradução literal, uma “ameaça em compasso”] dos Estados Unidos, mas, se continuarmos com os cortes líquidos na defesa, não conseguiremos acompanhar o ritmo da China, muito menos enfrentar o desafio crescente representado pelo eixo Pequim-Moscou-Teerã-Pyongyang.

Aumentar os gastos com a defesa americana para 5% do PIB também acabaria com o argumento de que precisamos abandonar a Europa para nos concentrarmos na ameaça da China. Se os Estados Unidos estiverem investindo 5% do PIB em defesa e os aliados da Otan aumentarem seus gastos para pelo menos 3%, seremos capazes de fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Nosso poder de dissuasão militar se atrofiou perigosamente sob o comando de Biden. Trump pode restaurá-lo.

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4) Transferir as tropas americanas da Alemanha para a Polônia e os estados bálticos

Faz muito tempo que a Alemanha é o maior parasita da Otan. Apesar de ter a maior economia da Europa, em 2023 o país gastou apenas 1,6% do PIB em defesa. Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, os alemães anunciaram com grande alarde planos para criar um fundo suplementar de 100 bilhões de euros para modernizar suas forças armadas. Mas, de acordo com um relatório recente da Rand, “as promessas de gastos já estão sendo revertidas”. A projeção é de que Berlim mal ultrapasse o piso de 2% do PIB este ano. Mas mesmo que isso aconteça, assim que o fundo suplementar acabar, os gastos da Alemanha voltarão a cair.

Em contrapartida, a Polônia está gastando mais de 4% do PIB em defesa em 2024 e tem planos de chegar a 5%. Além disso, durante os anos Trump, o governo polonês ofereceu até US$ 2 bilhões para cobrir a maior parte dos custos de construção de bases americanas e de apoio às tropas americanas na Polônia, declarando que está comprometido “a dividir o ônus dos gastos com defesa [e] deixar a decisão mais econômica para o governo americano”.

Os países bálticos também estão entre os poucos aliados que superam seus compromissos com a Otan: a Lituânia está gastando 2,85% do PIB em defesa, a Letônia, 3,15% e a Estônia, 3,43%. Trump deveria recompensar os aliados que cumprem suas obrigações com a aliança deslocando as forças americanas para esses territórios. Ele também deveria considerar a possibilidade de deslocar forças para o sudeste da Europa, em especial para a Romênia (2,25% do PIB), que está sob crescente ameaça russa.

Isso não apenas recompensaria os bons aliados, mas também seria a postura estratégica correta para os Estados Unidos. A lógica de estacionar um grande número de forças americanas na Alemanha não existe mais. A linha de contato se deslocou para o leste, e as bases militares americanas deveriam acompanhar esse movimento.

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Além disso, Trump deveria implantar defesas contra mísseis balísticos no território de nossos aliados do Leste Europeu. Em 2009, o governo Obama-Biden cancelou os acordos de defesa antimísseis dos Estados Unidos com a Polônia e a República Tcheca para apaziguar Moscou. Esse apaziguamento claramente fracassou, pois Putin invadiu a Ucrânia cinco anos depois. Diante da mais recente agressão de Putin, de suas ameaças atômicas e de sua decisão de transferir armas nucleares para Belarus, Trump pode reverter a decisão da era Obama e implantar defesas contra mísseis balísticos para proteger os aliados da Otan da intimidação nuclear russa.

Isso aumentaria a segurança dos Estados Unidos e recompensaria os aliados que não apenas cumprem, mas superam seus compromissos com a Otan.

5) Armar Ucrânia para forçar Putin a fazer um pedido de paz

Trump expressou confiança de que conseguirá acabar com a guerra na Ucrânia, mas ele poderia ir além, oferecendo um plano confiável para evitar o retorno do conflito.

Trump disse que, se Putin não concordar em acabar com a agressão da Rússia, ele aumentará drasticamente a ajuda americana à Ucrânia. “Eu diria a Putin: se você não fizer um acordo, nós vamos dar muito [à Ucrânia]”, disse ele a Maria Bartiromo, da Fox News, no ano passado. “Nós vamos dar a eles mais do que já receberam, se for necessário”.

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Durante o debate presidencial da CNN, Dana Bash perguntou a Trump: “Vladimir Putin diz que só encerrará essa guerra se a Rússia mantiver o território ucraniano que já conquistou e se a Ucrânia abandonar sua candidatura à Otan. Os termos de Putin são aceitáveis para o senhor?”. Quando pressionado, Trump respondeu: “Não, não são aceitáveis”. E ele está certo. Mas para que Putin aceite termos diferentes, será preciso que Trump cumpra sua promessa de aumentar a ajuda militar a Kiev – pelo menos no curto prazo.

Putin se encontra com Kim Jong-un, o ditador norte coreano, no fim de junho: ampliação das alianças russas em um mundo 'multipolar' deveria ser preocupação da Otan  Foto: Gavriil Grigorov/AFP

O modelo pode ser a campanha bem-sucedida de Trump para destruir o Estado Islâmico. Assim como a guerra na Ucrânia, Trump acredita que essa foi uma guerra que ele herdou e que jamais teria acontecido se não fosse a fraqueza e a incompetência de seu antecessor. Ele a venceu ao tirar as algemas que Barack Obama havia colocado em nossas forças armadas e obteve uma vitória decisiva. Ele pode fazer o mesmo na Ucrânia, fornecendo a Kiev todas as armas que Biden reteve ou adiou e suspendendo as restrições a seu uso em território russo, para que a Ucrânia possa retomar a ofensiva. Isso criaria uma vantagem para forçar Putin a sentar-se à mesa de negociações.

Mas Trump também precisaria se certificar de que qualquer acordo de paz que ele ajude a firmar seja irreversível.

O perigo para Trump é que Putin espere sua saída: concorde com um cessar-fogo temporário enquanto Trump estiver no cargo, depois retome sua conquista quando Trump sair e for substituído por um presidente mais fraco. Sabemos dessa possibilidade porque ele já fez isso antes: Putin invadiu a Ucrânia em 2014, durante o governo Obama, fez uma pausa nos anos Trump e depois retomou a ofensiva na presidência de Biden, em 2022.

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A única maneira de impedir que Putin ataque de novo é impossibilitar a retomada da guerra. E a única maneira de fazer isso é trazer a Ucrânia para a Otan, com fronteiras defensáveis. Putin sabe que perderia uma guerra com a Otan, e é por isso que ele invadiu apenas países que não pertencem à aliança. O legado de Trump depende, portanto, da consolidação de um acordo de paz com linhas invioláveis. Isso exige que as fronteiras sejam protegidas pelas garantias de segurança da Otan.

Um acordo de paz negociado por Trump e apoiado pela adesão da Ucrânia à Otan beneficiaria os Estados Unidos economicamente. Conforme reportado pelo Washington Post: “A Ucrânia abriga algumas das maiores reservas de titânio e minério de ferro do mundo, campos de lítio inexplorados e enormes depósitos de carvão. Ao todo, esses recursos valem dezenas de trilhões de dólares”. Putin quer esses recursos naturais para a Rússia. Mas se Trump negociar um acordo de paz duradouro – e assegurá-lo ao trazer a Ucrânia para a Otan – ele poderá obter acesso preferencial dos Estados Unidos a esses recursos.

E a Ucrânia seria um aliado melhor do que muitos dos atuais estados-membros. Atualmente, o país tem as forças armadas mais capacitadas, reforçadas e interoperáveis da Otan na Europa. Ao contrário de alguns aliados, a Ucrânia não hesitará em cumprir o compromisso de gastar 3% do PIB em defesa. (Ela já estava gastando cerca de 3,2% antes da invasão russa). Kiev será um “contribuinte líquido” para a segurança europeia e, portanto, fortalecerá a aliança da Otan.

6) Por fim, globalizar a Otan para incluir nossos aliados do Pacífico

A Rússia e a Coreia do Norte acabaram de assinar um tratado de defesa mútua em Pyongyang. A Rússia e a China formaram uma parceria “sem limites” que se estende do Atlântico ao Pacífico. Trump deveria fazer o mesmo, convidando nossos principais aliados do Pacífico a ingressar na Otan.

Ele deveria começar pela Austrália e pelo Japão, que atendem a todos os critérios para a adesão plena à Otan e poderiam ser admitidos tão facilmente quanto a Suécia e a Finlândia. Ambos são democracias prósperas e seriam contribuintes líquidos para a segurança. A Austrália acaba de anunciar um orçamento de defesa recorde de US$ 37 bilhões e está comprando submarinos nucleares dos Estados Unidos e do Reino Unido. O Japão anunciou planos para aumentar seus gastos com defesa em US$ 315 bilhões nos próximos cinco anos, um crescimento de mais de 50% que dará ao Japão um dos maiores orçamentos de defesa do mundo. A admissão da Austrália e do Japão abriria um caminho para que a Coreia do Sul e, talvez, a Nova Zelândia também se juntassem à aliança no futuro.

A adesão à Otan abordaria uma das principais reclamações de Trump sobre nossa aliança com o Japão: os Estados Unidos têm uma obrigação prevista em tratado de defender Tóquio, mas essa obrigação não é recíproca. Trazer o Japão para o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte resolveria esse problema. Há muito tempo a Austrália luta ao lado dos americanos em tempos de guerra. Sua adesão à aliança formalizaria esse compromisso e o estenderia a todos os aliados da Otan. E isso significaria que todos os aliados – não apenas os Estados Unidos – estariam obrigados a se comprometer com a defesa coletiva das democracias do Pacífico e do Atlântico.

O navio de reabastecimento filipino Unaizah é atingido por um canhão de água da guarda costeira chinesa, enquanto navegava em águas disputadas entre os dois países: escalada das tensões no disputado Mar do sul da China  Foto: Aaron Favila/AP

Isso também promoveria uma maior cooperação militar-industrial entre o Atlântico e o Pacífico, aumentaria a interoperabilidade de nossas forças armadas e fortaleceria nosso poder de dissuasão diante da China, impondo assim um custo a Pequim por financiar uma guerra por procuração contra o Ocidente na Ucrânia.

Além disso, a expansão da Otan para o Pacífico finalmente colocaria o Havaí sob a proteção do Artigo 5. No momento, o Havaí não está coberto porque o Artigo 6 limita o escopo geográfico do tratado à “área do Atlântico Norte”. Portanto, se um adversário atacasse, por exemplo, a base naval americana em Pearl Harbor, os membros da Otan atualmente não estariam obrigados a vir em defesa dos Estados Unidos. Isso é ridículo.

Cada uma dessas medidas mereceria o apoio de ambos os partidos. Mas muitos dos elementos desse plano – como gastos mais altos com defesa e disposição para usar uma influência agressiva sobre os aliados – só seriam plausíveis se viessem de Trump. Com essas seis etapas, Trump poderia fazer mais do que aumentar os gastos dos aliados. Ele poderia reestruturar uma aliança forjada no século passado e posicioná-la para enfrentar as ameaças do novo século. Hoje, diante da agressão da Rússia, da beligerância da China e da crescente cooperação entre os regimes revanchistas do mundo, chegou a hora de fortalecer a Otan com novos membros, compromissos de gastos invioláveis e consequências para quem não os cumprir.

Em resumo, está na hora de tornar a Otan grande novamente.

Marc Thiessen é membro do American Enterprise Institute e ex-redator-chefe de discursos do presidente George W. Bush. Ele é colaborador da Fox News./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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