Trump quer usar Guantánamo para prender até 30 mil imigrantes

Presidente anunciou decreto com orientações para que o Pentágono prepare instalações

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente Donald Trump vai determinar ao Pentágono que prepare a prisão de Guantánamo para deter até 30 mil imigrantes que estão nos Estados Unidos ilegalmente. A base americana em Cuba tem sido usada para os presos da guerra americana contra o terrorismo.

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“Vamos mandá-los para Guantánamo”, disse Trump ao assinar a Lei Laken Riley sobre a prisão e deportação de imigrantes acusados por crimes nos Estados Unidos (entenda abaixo). O presidente disse que assinaria ainda nesta quarta-feira um decreto ordenando ao Pentágono que comece a preparar as instalações para 30 mil migrantes.

“Não confiamos em outros países para mantê-los, e não queremos que voltem”, disse Trump, descrevendo Guantánamo como um “lugar do qual é difícil sair”. De acordo com o presidente, a medida duplicaria imediatamente a capacidade do governo americano de deter imigrantes.

Trump quer usar prisão de Guantánamo para imigrantes. Foto: Alex Brandon/Associated Press

A prisão da Baía de Guantánamo foi inaugurada em 2002, dentro de uma base militar dos EUA em Cuba, como parte da guerra contra o terrorismo declarada pelo ex-presidente George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001.

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Integrantes da Al-Qaeda estão entre as centenas de prisioneiros que passaram Guantánamo, marcada pelas condições extremas de detenção e denúncias de tortura. Os democratas Joe Biden e Barack Obama prometeram fechar a controvertida prisão, mas não conseguiram.

Em setembro, o New York Times obteve documentos do governo que mostram que a base militar de Guantánamo também tem sido usada há décadas para encarcerar alguns migrantes interceptados no mar. Segundo a reportagem, os imigrantes e presos acusados de terrorismo ficam em áreas distintas do centro.

Agora, o que Trump propõe é um centro de detenção em massa na Baía de Guantánamo, nas suas palavras, para “deter os piores criminosos imigrantes ilegais que ameaçam o povo americano”.

Desde que assumiu a presidência, na semana passada, Donald Trump deu uma série de ordens para reprimir a imigração. Isso inclui o envio de tropas para fronteira, a suspensão dos pedidos de asilo e a revogação dos programas que garantiam a permanência temporária de milhares de pessoas.

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Para realizar o que promete ser a “maior deportação em massa da história”, Trump determinou ainda que as autoridades americanas intensifiquem as prisões de imigrantes. A operação coloca as capacidades de detenção no limite.

A agência de imigração dos EUA tem capacidade para manter cerca de 40 mil pessoas detidas em todo país, distribuídas por uma rede de prisões privadas e municipais, onde aluga vagas. Essas instalações estão quase todas lotadas, segundo autoridades da agência. E 4,8 mil imigrantes foram detidos desde que Donald Trump assumiu.

No Colorado, onde agentes tem feito batidas na área metropolitana de Denver, uma base da Força Espacial servirá como centro de detenção temporário para imigrantes em processo de deportação, segundo informações do Departamento de Defesa.

Sob Trump, o Pentágono recebeu ordens para assumir papel maior na aplicação de leis de imigração e na segurança das fronteiras. Os militares estão enviando 1,5 mil tropas para a divisa dos EUA com o México e se preparam para mandar 10 mil.

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Lei Laken Riley

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Trump anunciou seus plano para Baía de Guantánamo em discurso na Casa Branca antes de sancionar a Lei Laken Riley, que amplia a lista de acusações pelas quais os imigrantes em situação irregular nos EUA devem ser imediatamente detidos e possivelmente deportados.

A legislação leva o nome da estudante de enfermagem morta aos 22 anos por um venezuelano que havia entrado ilegalmente nos EUA. José Ibarra, de 26 anos, foi condenado a prisão perpétua pelo assassinato de Laken Riley. Antes disso, ele foi acusado por delitos menores, incluindo um furto em supermercado, mas não ficou detido.

A lei ordena a prisão de imigrantes sem documentos que forem detidos ou acusados por crimes como invasão de domicílio, furto, roubo, agressão a policial ou crimes que resultem em morte ou lesões corporais graves. Além de permitir que os Estados processem o procurador-geral dos EUA se considerarem que foram prejudicados por crimes cometidos por imigrantes.

Os defensores da lei argumentam que a estudante não teria morrido se Ibarra tivesse sido preso anteriormente. Para os críticos, a legislação viola a presunção de inocência ao considerar que a acusação pode ser suficiente para a deportação.

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A Lei Laken Riley foi aprovada na semana passada pelo novo Congresso de maioria republicana com apoio de alguns democratas dissidentes. Foi a primeira vitória de Donald Trump no Capitólio em seu esforço para reprimir a imigração.

Donald Trump assina lei Laken Riley, que leva o nome de estudante morta por imigrante. Foto: Alex Brandon/Associated Press

“Esta é uma lei histórica que estamos sancionando hoje”, disse Trump, acrescentando que salvaria inúmeras vidas inocentes de americanos. “É uma lei muito importante. É algo que uniu democratas e republicanos. Isso não é fácil de fazer. Laken conseguiu.”

Trump usou o crime com frequência ao atacar as políticas dos democratas para imigração. Ele alega que a “invasão” na fronteira seria responsável pela violência nos EUA, embora indicadores como o número de homicídios tenham caído nos últimos anos. Além disso, estudos apontam que as taxas de crimes cometidas por imigrantes costumam ser menores que as registradas entre os cidadãos nascidos em solo americano./Com W. Post, AP e AFP

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