WASHINGTON - Após ficar três dias internado em um hospital militar nos arredores de Washington, o presidente Donald Trump teve alta e retornou para a Casa Branca na noite desta segunda-feira, 5. O presidente americano, de 74 anos, foi internado na sexta-feira, 2, no hospital militar Walter Reed, algumas horas depois de divulgar que havia testado positivo para a covid-19.
De máscara e terno, o presidente deixou o centro médico e caminhou até um automóvel preto que o levou até o helicóptero Marine One responsável pelo seu transporte até a Casa Braca. Na entrada do hospital, um grupo de seguidores gritava: 'Mais quatro anos, mais quatro anos!". Ao chegar na Casa Brana, ele também caminhou, tirou a máscara e acenou para jornalistas do balcão da residência oficial.
Momentos depois, ainda no balcão da Casa Branca, Trump gravou um vídeo em tom desafiador com uma mensagem aos americanos, para que "saiam de casa" e "não tenham medo do coronavírus". "Não deixe isso (vírus) dominar você. Não tenha medo", disse Trump. "Nós vamos voltar ao trabalho. Nós vamos tomar a frente. Não deixe isso dominar suas vidas. Saia de casa, seja cuidadoso."
Logo em seguida, o democrata Joe Biden criticou seu oponente: "Que diga isso às 205 mil famílias que perderem alguém", afirmou Biden, referindo-se às mortes por coronavírus no país, o mais afetado no mundo em termos absolutos pela pandemia.
Biden continuou a falar sobre o assunto em um evento ao ar livre em Miami, onde criticou o presidente republicano por ignorar o uso de máscaras para prevenir infecções. "Espero que o presidente, depois de tudo o que passou, e estou feliz por ele parecer estar muito bem, dê a lição certa ao povo americano: as máscaras são importantes", disse.
Trump havia anunciado mais cedo nesta segunda, pelo Twitter, que deixaria o centro médico após ser submetido a um tratamento contra a covid-19 e estar se sentindo "muito melhor"."Estou me sentindo muito bem!", tuitou o republicano na tarde desta segunda-feira. "Não tenha medo da covid. Não deixe que ela domine sua vida. Desenvolvemos, sob o governo Trump, algumas drogas e conhecimentos realmente excelentes. Sinto-me melhor agora do que há 20 anos!"
Trump informou que pretende continuar trabalhando nos próximos dias. Antes de deixar o hospital, postou no Twitter que "voltará para a campanha em breve". Na Casa Branca, seu espaço de trabalho foi adaptado em escritórios temporários no subsolo adjacente à suíte médica da mansão executiva, segundo detalhou a TV CNN.
Embora Trump tenha espaço para um escritório na parte da residência pessoal do presidente, no terceiro andar da Casa Branca, os escritórios temporários na Sala de Mapas e na Sala de Recepção Diplomática permitirão um acesso mais rápido a seus médicos e equipamentos médicos.
A Sala de Mapas fica bem ao lado da suíte médica, onde há uma recepção, uma sala de exames e o consultório de Sean Conley, médico de Trump. A Sala de Recepção Diplomática fica no final do corredor.
De acordo com a CNN, o espaço de trabalho também servirá para isolar o presidente na residência longe da Ala Oeste, onde os funcionários enfrentam um novo surto de covid-19 nesta semana.
'Não está totalmente fora de perigo'
Após o anúncio de Trump, Conley disse que as avaliações e o estado clínico apoiavam o retorno dele para a Casa Branca. "Embora ele possa não estar totalmente fora de perigo ainda, a equipe e eu concordamos que todas as suas avaliações e, mais importante, seu estado clínico apoiam seu retorno para casa, onde ele estará cercado por cuidados médicos 24 horas por dia, 7 dias por semana", disse.
Conley informou que o presidente americano não apresenta problemas respiratórios e não teve febre durante o fim de semana. Trump, porém, continua usando o medicamento dexametasona e recebeu um nova dose do antiviral Remdesivir antes de deixar o centro médico Walter Reed. Depois de rejeitar no sábado responder às perguntas de jornalistas sobre se o presidente tinha recebido oxigênio, Conley reconheceu que Trump teve duas quedas de oxigênio e estava "um pouco desidratado" na sexta-feira.
Segundo debate
O diretor de comunicações da campanha de Trump, Tim Murtaugh, informou nesta segunda mais cedo, também à TV CNN, que o republicano planeja participar do próximo debate presidencial marcado para o dia 15. O debate, o segundo da corrida presidencial, está programando para ocorrer no Adrienne Arsht Center, em Miami, Flórida. Diferentemente do primeiro, esse terá o modelo de perguntas aos dois participantes feitas por residentes da região de Miami.
Biden disse mais cedo que está disposto a participar do próximo debate com Trump, contanto que especialistas de saúde digam que é seguro. O diagnóstico provocou dúvida sobre a segurança de se realizar debates antes da eleição de 3 de novembro.
“Se os cientistas disserem que é seguro e as distâncias são seguras, então acho que tudo bem. Farei o que quer que os especialistas digam que é apropriado fazer”, disse Biden, que teve um exame negativo de covid-19 no fim de semana, aos repórteres em Delaware antes de uma viagem de campanha para a Flórida.
Já na Flórida, em um discurso na Little Havana, em Miami, Biden voltou a desejar melhoras ao presidente e à primeira-dama, Melania Trump - também diagnosticada com covid, e pediu que o oponente incentive o uso da máscara, mensagem que voltou a repetir à noite.
"Fiquei feliz em ver o presidente falando e gravando vídeos no fim de semana. Agora que ele está ocupado tuitando mensagens de campanha, eu pediria a ele para fazer isso: ouça os cientistas, apoie o uso das máscaras."/COM REUTERS, AFP e AP
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