WASHINGTON - O governo do presidente americano, Donald Trump, está tentando deportar um imigrante palestino com cidadania americana que ajudou a liderar protestos na Universidade de Columbia contra a ofensiva militar de Israel contra o grupo terrorista Hamas em Gaza.
Mahmoud Khalil, 30 anos, que se formou em dezembro na Columbia com um mestrado em políticas públicas, foi preso por oficiais de imigração em Nova York no sábado e enviado a um centro de detenção na Louisiana. Ele possui um green card e é casado com uma cidadã americana que está grávida de oito meses. Trump disse que o caso do Sr. Khalil foi “a primeira prisão de muitas que virão”.
“Sabemos que há mais estudantes da Columbia e de outras universidades em todo o país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e o governo Trump não vai tolerar isso”, disse Trump nas redes sociais na segunda-feira.

“Se vocês apoiam o terrorismo, incluindo o massacre de homens, mulheres e crianças inocentes, sua presença é contrária aos nossos interesses nacionais e de política externa, e vocês não são bem-vindos aqui. Esperamos que todas as Faculdades e Universidades dos Estados Unidos cumpram essa determinação”, acrescentou.
A prisão e a tentativa de expulsão de Khalil pelo Serviço de Imigração e Alfândega provocou críticas ao governo e abriu um debate sobre os direitos de liberdade de expressão e a crescente repressão do governo Trump à imigração e às universidades que o presidente e seus assessores alegam ser muito de esquerda.
O governo não apresentou publicamente a autoridade legal para a prisão. Mas duas pessoas com conhecimento do assunto, que falaram sob condição de anonimato para discutir deliberações internas delicadas, disseram que o Secretário de Estado Marco Rubio se baseou em uma cláusula da Lei de Imigração e Nacionalidade que lhe dá amplo poder para expulsar estrangeiros.
Essa disposição diz que qualquer “estrangeiro cuja presença ou atividades nos Estados Unidos o Secretário de Estado tenha motivos razoáveis para acreditar que teria consequências adversas potencialmente graves para a política externa dos Estados Unidos é deportável”.
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Rubio também republicou uma declaração do Departamento de Segurança Interna que acusava Khalil de ter “liderado atividades alinhadas ao Hamas”. Mas as autoridades não o acusaram de ter qualquer contato com o grupo terrorista, de receber orientações dele ou de fornecer apoio material a ele.
Em vez disso, a justificativa é que os protestos anti-Israel que o Sr. Khalil ajudou a liderar eram antissemitas e promoviam um ambiente hostil para os estudantes judeus em Columbia.
Enquanto estudava na Columbia, Khalil foi líder dos protestos no campus que eclodiram depois que o Hamas lançou um ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 250. Os militares israelenses realizaram ataques em Gaza que mataram cerca de 50 mil palestinos.
Os protestos pró-palestinos e um acampamento de estudantes em Columbia - bem como a resposta da administração da universidade, que incluiu pedir à polícia para retirar os manifestantes - se tornou um tema polêmico nos EUA.
Alguns manifestantes adotaram slogans como “globalize the intifada” (globalize a intifada) e pediram a libertação da Palestina “do rio ao mar”, uma frase que tem interpretações radicalmente diferentes por israelenses e palestinos e que levou a acusações de antissemitismo.
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump disse que pretendia expulsar os estudantes estrangeiros que participassem de protestos anti-Israel como parte de seus planos mais amplos para uma ampla repressão à imigração. No entanto, ele geralmente enquadrava esse plano em termos de cancelamento de vistos de estudante - e não de expulsão de estrangeiros permanentes legais./ NYT