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Ucrânia afirma controlar mil quilômetros de território russo em incursão que expôs Putin

Em um golpe para o Kremlin, a ofensiva desmonta a narrativa de que a Rússia estaria imune às hostilidades

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Por Redação

KIEV - O Exército da Ucrânia afirma ter controlado mil km² do território russo na maior incursão transfronteiriça conduzida por Kiev desde o começo da guerra. A ofensiva na região de Kursk expôs vulnerabilidades da Rússia e virou um problema para o presidente Vladimir Putin.

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“Seguimos realizando operações ofensivas na região de Kursk. Até agora, 1.000 km² do território da Federação da Rússia estão sob nosso controle”, disse o comandante das Forças Armadas Oleksander Sirski em vídeo publicado nesta segunda-feira, 12, nas redes sociais do presidente Volodmir Zelenski.

A incursão surpresa levou dezenas de milhares de civis a fugir da região enquanto o Exército da Rússia luta para repelir o ataque. No fim de semana, Zelenski admitiu que estava empurrando a guerra para o lado do invasor enquanto o ministério da Defesa russo reconheceu que deteve avanços da Ucrânia em cidades a 30 km da fronteira.

A incursão surpresa em Kursk, prestes a completar uma semana, alegadamente envolve unidades do Exército ucraniano experientes em batalha. É diferente de ataques anteriores, conduzidos por voluntários russos que lutam ao lado da Ucrânia.

Em um golpe para o Kremlin, a ofensiva desmonta a narrativa de que a Rússia estaria imune às hostilidades. Pressionado pelo ataque surpresa, Vladimir Putin prometeu a funcionários do governo que cumprirá todos os seus objetivos militares enquanto a propaganda estatal minimiza o despreparo dos seus militares.

Presidente russo Vladimir Putin discute incursão ucraniana em reunião com autoridades de segurança e defesa. Foto: Gavriil Grigorov/Associated Press

Para a Kiev, a operação oferece um impulso necessário no momento em que as suas tropas sofrem com a escassez de soldados e armas para enfrentar os russos no front leste, além de sinalizar aos aliados da Otan que o país seria capaz de derrotar Moscou.

Em termos estratégicos, o objetivo pode ser desviar os recursos que a Rússia emprega em seu território. O que, pelo menos até agora, não aconteceu.

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“Nossos homens não sentem nenhum alívio”, disse Artem Dzhepko, assessor de imprensa da Brigada da Polícia Nacional da Ucrânia, que está lutando nos arredores da cidade estratégica de Chasiv Yar, na região de Donetsk, leste ucraniano. “É difícil. Infelizmente, a pressão dos russos não diminuiu.”

Em vez de retirar brigadas das linhas de frente no leste da Ucrânia para conter a incursão em Kursk, a Rússia parecia estar redistribuindo unidades de nível inferior para a região fronteiriça, apontou o relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, que monitora o conflito.

A análise descreveu a força russa como montada às pressas e mal preparada para estabelecer o tipo de estruturas de comando necessárias para coordenar uma resposta militar.

Uma imagem que ilustra a falta de preparo é a do comboio de caminhões militares russos, que parou na beira da estrada perto da área de combates e foi atingido por fogo ucraniano.

Coluna de caminhões militares russos atingida por artilharia da Ucrânia.  Foto: Anatoliy Zhdanov/Kommersant Publishing House via Associated Press

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Reforços, incluindo unidades de elite e mercenários do grupo Wagner mais experientes começaram a chegar a Kursk, mas até agora não conseguiram retirar as forças ucranianas.

Se conseguir manter o controle sobre parte do território russo, Kiev poderia usar isso como moeda de troca para eventuais negociações pelo fim da guerra. A Rússia ocupa cerca de 20% da antiga república soviética e conseguiu alguns avanços depois que a contraofensiva da Ucrânia falhou em afastar as tropas invasoras e retomar terreno.

Apesar dos avanços iniciais, analistas alertam que manter a incursão em Kursk pode desgastar unidades ucranianas e deixar as tropas de Donetsk sem reforços. “Sustentar uma força de qualquer tamanho na Rússia e se defender dos contra-ataques será difícil, dadas as reservas limitadas disponíveis para a Ucrânia”, disse Matthew Savill, diretor de ciências militares do Royal United Services Institute em Londres./COM AFP, AP e NY Times

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