Ucrânia ataca em território da Rússia, diz governo local; tropas russas começam a recuar em Kiev e Chernihiv

Helicópteros ucranianos atacam depósito de combustíveis dentro da Rússia, diz governo local

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Dois helicópteros das Forças Armadas da Ucrânia atacaram nesta sexta-feira (1º) um depósito de combustíveis em Belgorod, que fica dentro de território russo, segundo afirmou o prefeito da cidade, Viacheslav Gladkov. A cidade fica a menos de 32 quilômetros da fronteira ucraniana e tem presença de tropas russas, que a utilizam para a entrar no leste da Ucrânia.

PUBLICIDADE

De acordo com Gladkov, as aeronaves cruzaram a fronteira em baixa altitude no início da manhã e fizeram o ataque aéreo. Ele disse ainda que dois trabalhadores locais ficaram feridos e moradores deixaram a cidade.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, já está ciente do episódio, e que o governo está analisando o caso para possíveis respostas. Peskov disse ainda que o suposto ataque “não cria condições confortáveis para continuar as conversas por um acordo de paz”.

Incêndio em depósito é registrado na cidade russa de Belgorod nesta sexta-feira, 1º de abril. Ataque foi atribuído à Ucrânia Foto: Pavel Kolyadin / via REUTERS


Questionado por repórteres, o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitri Kuleba, afirmou que não poderia “nem confirmar, nem negar” o ataque porque não possui todas as informações militares. “Não posso confirmar nem negar a alegação de que a Ucrânia esteve envolvida nisto simplesmente porque não possuo todas as informações militares”, disse.

Publicidade

O Ministério da Defesa da Ucrânia também se recusou a confirmar ou a negar as alegações sobre o ataque. “Gostaria de enfatizar que a Ucrânia está realizando uma operação defensiva contra a agressão russa no território da Ucrânia”, disse o porta-voz do ministério, Oleksandr Motuzianik, em um comunicado televisionado nesta sexta.

“Isso não significa que a Ucrânia deva ser responsável por cada erro de cálculo ou evento ou catástrofe que ocorreu no território da Federação Russa. Esta não é a primeira vez que estamos testemunhando tais acusações. Portanto, não vou confirmar nem negar esta informação”, concluiu.

Caso confirmado, este seria o primeiro ataque ucraniano em território russo.

Tropas russas recuam em Kiev e Chernihiv

As tropas russas empregadas nos arredores de Kiev e Chernihiv estão recuando nesta sexta-feira, 1º, segundo informaram os governos das duas cidades. O recuo já havia sido anunciado por Moscou depois da última rodada de negociações entre os dois países, na terça-feira, 29.

Publicidade

“Estamos observando o movimento de várias colunas de veículos russos articulados”, afirmou o governador da região de Kiev, Oleksandr Pavliuk.

O governador da região de Chernihiv, Viacheslav Chaus, também confirmou o movimento de retirada de veículos, mas disse que ainda há tropas na área. “Ataques aéreos e por míssil ainda são possíveis aqui, ninguém está descartando isso”, falou.

Na quinta-feira, 31, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que as tropas não estavam recuando mas sim apenas se realocando em outras regiões do país.

Soldados ucranianos próximos a tanque russo destruído, nos arredores de Kiev, nesta quinta-feira, 31 Foto: Ronadl Schemidt / AFP

Progresso nas negociações entre Ucrânia e Rússia

Embora um acordo de paz ainda não tenha sido alcançado, a Rússia já vê progresso nas negociações com a Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta sexta-feira, 1º, que Kiev tem mostrado “muito mais entendimento” das demandas de Moscou, especialmente sobre as regiões separatistas e a neutralidade do governo ucraniano, ou seja, o compromisso de que a Ucrânia não se unirá a nenhuma aliança militar.

O Kremlin prepara agora resposta às propostas de Kiev feitas na última rodada de negociações, na terça-feira, 29, e vai apresentá-la no novo encontro entre os dois lados, que acontece virtualmente nesta sexta-feira. / AFP, REUTERS, NYT E AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.