THE NEW YORK TIMES - O governo Biden fornecerá à Ucrânia armas defensivas adicionais de alta tecnologia que são facilmente portáteis e requerem pouco treinamento para serem usadas contra tanques, veículos blindados e aeronaves russos, segundo autoridades dos EUA e da Europa.
Em declarações na quarta-feira, o presidente Joe Biden anunciou US$ 800 milhões em nova ajuda militar para a Ucrânia, incluindo 800 mísseis antiaéreos Stinger adicionais, 9 mil armas antitanque, 100 drones táticos e uma variedade de armas pequenas, incluindo metralhadoras e lançadores de granadas.
Os ucranianos já provaram sua destreza no uso de armamento antitanque fornecido pelos britânicos e fabricados pelos americanos contra as forças armadas muito maiores da Rússia. Mas em um discurso apaixonado ao Congresso na quarta-feira, o presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia pediu ajuda adicional enquanto as tropas russas pressionavam para cercar as principais cidades.
Autoridades dos EUA e da Europa querem enviar mais equipamentos que sejam fáceis de usar por equipes pequenas e que tenham tecnologia que possa superar as defesas russas ou explorar fraquezas – em vez de armas ofensivas como tanques e aviões de guerra que exigem apoio logístico significativo. Os funcionários falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a descrever publicamente os detalhes da transferência de armas.
Além de enviar seus próprios equipamentos, os Estados Unidos estão ajudando a coordenar doações de países europeus. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, está visitando a Eslováquia e a Bulgária esta semana em parte para ajudar nesse esforço.
Falando a repórteres na quarta-feira, um alto funcionário da defesa disse que os EUA estavam se concentrando em enviar suprimentos rapidamente e que o Pentágono descobriria como reabastecer seus estoques mais tarde. O funcionário disse que o foco agora é garantir que os ucranianos recebam os itens rapidamente.
Os militares ucranianos precisam de armas defensivas fáceis de transportar e de usar para continuar a deter o avanço russo. Os ucranianos terão sucesso, disseram especialistas militares dos EUA e da Europa, se puderem operar em pequenas equipes, atacar forças russas reunidas e, em seguida, se dissipar para preparar uma nova emboscada mais tarde.
‘Drone kamikaze’
Como parte do pacote, o governo Biden fornecerá drones Switchblade, de acordo com pessoas informadas sobre os planos. Oficiais militares chamam a arma, que é transportada em uma mochila, de “drone kamikaze”, porque pode ser lançada diretamente contra um tanque ou grupo de tropas, e é destruída quando atinge o alvo e explode.
“Eles foram projetados para o Comando de Operações Especiais dos EUA e são exatamente o tipo de sistema de armas que pode ter um impacto imediato no campo de batalha”, disse Mick Mulroy, ex-subsecretário assistente de Defesa.
Drones maiores e armados, como Predators ou Reapers fabricados nos EUA, seriam difíceis para os ucranianos operarem e seriam facilmente destruídos por aviões de combate russos. Mas ex-funcionários disseram que pequenos drones kamikaze portáteis podem ser uma maneira econômica de destruir comboios blindados russos.
Os EUA e seus aliados estão tentando intensificar o fluxo de armamento defensivo para os ucranianos e ajudá-los a se comunicar de forma mais eficaz, fornecendo mais equipamentos.
Os EUA disseram que forneceram alguns equipamentos de comunicação – e a Ucrânia disse que quer mais, incluindo mais rádios táticos e equipamentos de interferência para ajudar a impedir que as forças russas conversem entre si.
A guerra de Putin
A Ucrânia pediu mais aviões de combate MIG, mas recuou nesse pedido. Autoridades americanas e europeias disseram que os militares da Ucrânia não estão pilotando todos os aviões que possuem.
Autoridades ucranianas, incluindo Zelenski em seu discurso ao Congresso, enfatizaram a necessidade de outros equipamentos, um reconhecimento implícito de que a guerra passou para um novo estágio.
Além de sistemas antiaéreos como o Stinger, a Ucrânia está solicitando sistemas móveis de defesa aérea que possam atingir aviões que voam em altitudes mais altas, como os bombardeiros que atingiram um campo de treinamento perto da fronteira polonesa no domingo.
Zelenski pediu o S-300, um sistema de defesa aérea de fabricação russa, que os EUA poderiam solicitar a outras nações.
Austin vai conversar com aliados na Europa sobre como eles podem dar à Ucrânia equipamentos adicionais de defesa aérea, disse o alto funcionário de defesa.
Os EUA e seus aliados já estão fornecendo munição para armas padrão da Otan e para aquelas usadas pela antiga União Soviética. Enquanto a Ucrânia moderniza suas forças armadas, sua indústria de defesa estatal continua a fabricar armamentos modelados em projetos da era soviética, como fuzis de assalto Kalashnikov. O novo pacote dos EUA incluirá armas pequenas como fuzis, pistolas, metralhadoras e lançadores de granadas nos calibres padrão oriental e ocidental.
Os mísseis antitanque americanos Javelin e NLAW do Reino Unido levam apenas algumas horas para aprender a usar e se mostraram eficazes nas mãos dos militares da Ucrânia, disseram autoridades.
Os ucranianos conseguiram destruir tantos tanques russos e veículos blindados em grande parte porque eles têm bons planos conceituais de como usar os mísseis antitanque e a coragem de empregá-los de perto na batalha, disse um diplomata britânico. “Os ucranianos estão lutando contra uma ameaça existencial e não estão desistindo. Eles têm a vontade.”
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