Ucrânia encontra mais de 500 cadáveres de civis e câmaras de tortura em cidades recuperadas

Investigação ucraniana indica que a maioria das vítimas eram moradores detidos por violar toque de recolher ou acusados de atuar como espiões

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Por Oleksandr Chubko e Carlotta Gall
Atualização:

KHARKIV - A polícia ucraniana recuperou 534 corpos de civis em cidades recapturadas da Rússia desde o início de setembro, de acordo com o chefe do departamento de investigação em Kharkiv, Serhii Bolvinov. Grande parte dos corpos – 447 – foram encontrados em uma vala comum em Izium. Entre as vítimas, estão homens, mulheres e crianças.

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Ao todo, 500 locais, entre cidades e vilarejos, foram recapturados pelos ucranianos desde 7 de setembro, como resultado de uma contraofensiva. Os russos foram expulsos da maior parte da província de Kharkiv, após sete meses de ocupação, e deixaram para trás um rastro de violência revelado pelas investigações ucranianas.

Além dos corpos, as autoridades descobriram 22 locais que eles suspeitam terem sido usados como câmaras de tortura. Os locais estão em áreas da província de Kharkiv, recentemente libertadas do controle russo. “As unidades russas estabeleceram tais locais de detenção de civis e prisioneiros de guerra em quase todos os assentamentos onde estavam localizados”, disse Bolvinov.

Polícia regional da Ucrânia vasculha porão onde forças russas prendiam e interrogavam prisioneiros ducranianos, em Kozacha Lopan. Imagem é desta quinta-feira, 6 Foto: Ivor Prickett / NYT

Os investigadores coletam documentos, evidências encontradas nos locais e depoimentos de testemunhas, incluindo ex-detentos, para terem mais detalhes sobre os casos. Segundo Bolvinov, as evidências indicam que as torturas eram feitas na maioria das vezes com choques elétricos e espancamentos com paus. “Também há casos de arrancar pregos e usar máscaras de gás para restringir a respiração”, declarou.

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Além disso, a investigação também indica que a maioria das vítimas encontradas nos arredores de Kharkiv eram moradores que foram detidos por violar o toque de recolher noturno ou acusados de atuar como espiões de alvos para ataques de artilharia ucraniana.

Um destes casos, citado por Bolvinov, está relacionado a um aposentado de Izium que viajou para fora da cidade e depois retornou, enquanto ela estava sob controle russo. Quando a cidade foi atacada pelo exército ucraniano, em 29 de agosto, o aposentado foi detido em casa acusado de ter passado coordenadas. Em seguida, foi levado para a delegacia local, suspeita de ter funcionado como câmara de tortura pelos russos.

Na delegacia, o aposentado foi espancado, teve o braço quebrado e a pele perfurada por um fio de metal, disse Bolvinov. Após duas horas de tortura, ele perdeu a consciência por causa da dor.

A polícia também investiga um caso na vila de Pisky-Radkivski, a leste de Izium, onde um grupo com cerca de 10 soldados russos, incluindo um comandante, teria montado um quartel-general em um imóvel particular. A casa e os dois carros do morador foram tomados, segundo Bolvinov. “Temos testemunhas que ouviram gritos do porão, pedidos de ajuda. Às vezes, após os gritos, os moradores ouviam rajadas de tiros, após os quais os gritos paravam”, disse.

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No porão da casa, a polícia encontrou cordas, jaquetas do exército ucraniano, uma máscara de gás e um recipiente de plástico com dentaduras e dentes de ouro. Os investigadores também encontraram registros de depoimentos de prisioneiros ucranianos.

Bolvinov disse que as autoridades investigam se os dentes são evidências de tortura ou se foram retirados do consultório de um dentista.

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