Autoridades dos Estados Unidos apontaram que há sinais de que a Ucrânia pode ter começado sua esperada contraofensiva, mas Kiev permaneceu em silêncio sobre sua estratégia.
A Ucrânia ainda não fez declarações públicas sobre quando iria começar a sua contraofensiva, após o fornecimento de armamentos por aliados do Ocidente. Contudo, autoridades americanas sob condição de anonimato afirmaram ao The New York Times que os novos ataques a territórios controlados pela Rússia pode ser uma indicação de que a esperada contraofensiva começou.
As autoridades basearam sua avaliação em parte nas informações dos satélites militares dos EUA, que detectaram um aumento na ação das posições militares ucranianas. Os satélites têm capacidade de infravermelho para rastrear fogo de artilharia e lançamentos de mísseis.
Uma dificuldade em determinar o início exato de uma contraofensiva, além das medidas de segurança operacional da Ucrânia, é que o combate pode começar com fintas ou desvios difíceis de decifrar.
Rússia afirma que repeliu ataques
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta segunda-feira que uma grande operação ucraniana começou em cinco locais na região de Donetsk, e afirmou que repeliu os ataques e infligiu baixas às forças ucranianas.
Blogueiros russos afiliados às forças armadas russas foram além, dizendo que a Ucrânia avançou em algumas áreas e que um ataque ainda mais forte começou na manhã de segunda-feira perto da cidade de Velyka Novosilka. A luta em outro local foi confirmada pelo chefe da autoridade regional de ocupação na região de Zaporizhzhia, Vladimir Rogov, em uma postagem no Telegram.
Saiba mais sobre a guerra na Ucrânia
Não houve resposta imediata das autoridades ucranianas às reivindicações russas.
Reforçando as suspeitas de que a contraofensiva pode ter começado, analistas militares americanos disseram acreditar que as unidades ucranianas começaram um impulso inicial para determinar a posição e a força das forças russas. Tais movimentos seriam uma tática tradicional do tipo que os americanos vêm treinando as forças ucranianas para realizar.
Muito está em jogo na contraofensiva da Ucrânia para recuperar o território perdido para a Rússia e libertar os ucranianos que vivem sob ocupação. O sucesso poderia ajudar a apoiar a pressão de Kiev por compromissos de longo prazo para ajuda militar adicional e garantias de segurança do Ocidente. Também poderia fortalecer o presidente do país, Volodimir Zelenski, em qualquer acordo com Moscou.
O fracasso, ou a falta de progresso rápido e dramático, pode complicar a capacidade da Ucrânia de obter mais assistência do Ocidente e dificultar a pressão de Kiev por garantias adicionais de segurança da Otan.
Michael Clark, ex-chefe do think tank do Royal United Services Institute, afirmou em entrevista a BBC que o “ritmo acelerado” da atividade nas últimas semanas provavelmente marcou o início da contraofensiva e que junho provavelmente verá o início da operação terrestre da Ucrânia.
Pelo menos dois fatores estiveram em jogo no momento: melhores condições de solo para o movimento de tropas e equipamentos após o inverno e a implantação de armas ocidentais mais avançadas e treinamento de tropas ucranianas para usá-las.
Os aliados ocidentais da Ucrânia enviaram ao país mais de 65 bilhões de euros (US$ 70 bilhões) em ajuda militar para ajudar em sua defesa.
Ataques dentro da Rússia
Segundo especialistas, as incursões militares recentes do exército ucraniano dentro da Rússia, assim como ataques de Kiev a Moscou e a outras partes do território russo podem ter representado que a contraofensiva está próxima. A Ucrânia também sabotou transmissões de TV e rádio, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peslov.
Uma transmissão falsa apresentava uma voz se passando pelo presidente russo, Vladimir Putin, e afirmava que as forças ucranianas haviam invadido as regiões de Belgorod, Bryansk e Kursk na Rússia.
O imitador anunciou que a lei marcial havia sido declarada nessas regiões, onde as pessoas foram instadas a evacuar, e todos os russos qualificados para o serviço militar estavam sendo mobilizados./NY Times e AP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.