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Ucrânia lança contra-ataques no sul para impedir controle russo da costa do Mar Negro

Sul do país é fundamental para a Ucrânia sobreviver como Estado independente e economicamente viável, ainda que guerra se concentre no leste

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Por Josh Holder e Marc Santora
Atualização:

THE NEW YORK TIMES – Enquanto a Rússia concentra a maior parte de suas forças de combate na ofensiva sobre a região leste, do Donbas, a Ucrânia realizou uma série de contra-ataques bem-sucedidos no sul do país, em outro front de batalha crítico da guerra.

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A luta no leste mobiliza e afeta muito as duas nações, com milhares de militares mortos, mas os esforços no sul do país, em áreas hoje controladas pela Rússia, é fundamental para a Ucrânia sobreviver como um Estado independente e economicamente viável.

Os ucranianos atacam posições russas localizadas a oeste do rio Dnipro e obtiveram vitórias significativas na região de Kherson. As forças russas tomaram esses territórios nas primeiras semanas do conflito e fortalecem constantemente suas posições.

Os contra-ataques ucranianos romperam as defesas do perímetro externo dos russos fora da cidade de Kherson, a capital regional, e retomaram várias cidades e vilarejos.

Membro do Exército da Ucrânia em trincheira próxima as cidades de Mikolaiv e Kherson no dia 12 de junho deste ano. Região está sob domínio russo, mas forças ucranianas contra-atacam Foto: Genya Savilov / AFP

No entanto, as perdas ucranianas no leste e o suprimento limitado de armas ocidentais – juntamente com soldados treinados para usá-las – retardaram essa contra-ofensiva. E à medida que os ucranianos começam a enfrentar os russos entrincheirados em posições defensivas, analistas militares dizem que pode ser uma longa e sangrenta luta para recapturar centros urbanos povoados.

Os russos realizaram vários ataques para frustrar a contra-ofensiva ucraniana, mas um alto funcionário do Departamento de Defesa dos EUA disse nesta semana que os ucranianos até agora conseguiram manter em grande parte seus ganhos. Os militares ucranianos disseram que não estão nomeando todas as aldeias e cidades em que lutam, a fim de manter a segurança operacional.

A cidade de Kherson fica no delta do rio Dnipro, que percorre toda a extensão da Ucrânia e divide essencialmente o país ao longo de um eixo leste-oeste. Kherson é a única cidade que a Rússia controla a oeste do rio. Ele fornece uma base vital para as forças russas no sul, com linhas ferroviárias que o ligam à Crimeia ao sul e aos territórios ocupados pela Rússia ao leste.

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A Rússia continua a tomar medidas para “russificar” a população, introduzindo o rublo, cortando a região de provedores de internet e celular ucranianos e emitindo passaportes russos.

Mas mesmo que os líderes russos continuem a falar sobre planos para integrar formalmente a região de Kherson à Rússia por meio de um referendo ou algum outro método, uma insurgência crescente desafia os esforços para consolidar o poder. Guerrilheiros ucranianos assassinaram líderes locais aprovados pelo Kremlin, sabotaram a infraestrutura russa e ajudaram os militares ucranianos a atacar as forças russas atrás das linhas inimigas.

Ataques da Rússia se intensificam no leste da Ucrânia

Forças russas intensificaram os ataques a cidade de Lisichansk arredores em uma tentativa de tomar o último reduto de resistência na província de Luhansk, região de Donbas, no leste da Ucrânia. Nas últimas semanas, tropas ucranianas conseguiram evitar a conquista do município, como já ocorreu com a vizinha Sievierodonetsk há uma semana. O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, acusou neste sábado, 2, a Rússia de atingir alvos civis em um “terror deliberado”.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças assumiram o controle de uma refinaria de petróleo nos limites de Lisichansk nos últimos dias. No entanto, o governador de Luhansk, Serhiy Haidai, disse que os combates pela instalação continuavam. “No último dia, os ocupantes abriram fogo de todos os tipos de armas disponíveis”, disse Haidai, neste sábado, 2, no aplicativo de mensagens Telegram.

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São as duas províncias que compõem a região de Donbas, onde a Rússia concentrou sua ofensiva desde que se retirou do norte da Ucrânia e da capital, Kiev, no mês passado.

Em Sloviansk, importante cidade de Donetsk ainda sob controle ucraniano, quatro pessoas morreram após mísseis de fragmentação russos atingirem áreas residenciais na sexta-feira, 1.º, disse o prefeito Vadim Liakh no Facebook. Ele afirmou que os bairros não abrigavam alvos militares. Ainda ontem, equipes de busca vasculhavam escombros de um ataque aéreo russo na sexta-feira que atingiu áreas residenciais perto do porto ucraniano de Odessa – 21 pessoas morreram.

A procuradora-geral ucraniana, Irina Venediktova, afirmou neste sábado, 2, que as equipes de resgate e investigadores recuperando fragmentos de mísseis que atingiram um prédio de apartamentos na pequena cidade costeira de Serhievka. Eles também estavam fazendo medições para determinar a trajetória das armas, disse. “Estamos tomando todas as medidas investigativas necessárias para determinar as pessoas específicas culpadas desse terrível crime de guerra”, disse Irina.

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As autoridades ucranianas interpretaram o ataque com mísseis em Odessa como vingança pela retirada das tropas russas da Ilha das Cobras, próxima do Mar Negro, com significado simbólico e estratégico na guerra que começou com a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro.

Já a Rússia disse sua saída da região foi um “gesto de boa vontade” para ajudar a desbloquear as exportações de grãos.

Zelenski disse neste sábado, 2, que três mísseis antinavio atingiram “um prédio residencial de nove andares” onde moravam em torno de 160 pessoas. “Enfatizo: este é um terror russo deliberado e direto, e não um erro ou um ataque acidental de mísseis”, disse Zelenski.

O Ministério da Defesa britânico disse que os mísseis antinavio geralmente não têm precisão contra alvos terrestres. De acordo com os britânicos, a Rússia provavelmente tem usado esse armamento por causa da escassez de artefatos mais ajustados.

O Kremlin respondeu que seus alvos são sempre locais de armazenamento de combustível e instalações militares e não áreas residenciais. As acusações contra o Exército se tornaram mais frequentes depois que mísseis atingiram recentemente um prédio de apartamentos em Kiev e um shopping center que estava aberto em Kremenchuk. Neste sábado, 2, Vitali Maletski, prefeito da cidade, disse que o número de mortos no ataque ao centro de compras subiu para 21 e uma pessoa ainda está desaparecida. | COM INFORMAÇÕES DA AP

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