Ucrânia promete reação a bombardeios russos que deixaram dezenas de mortos e atingiram maternidade

De acordo com autoridades ucranianas, este é o segundo maior ataque desde o início da guerra; foram lançados cerca de 158 mísseis e drones em um atentado que durou 18 horas

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Por Redação

Todo o território da Ucrânia está sob alerta aéreo após uma onda de bombardeios russos na capital, Kiev, e em outras três cidades. De acordo com autoridades ucranianas, ao menos 31 pessoas foram mortas e mais de 120 ficaram feridas por 158 drones e mísseis lançados pela Rússia nesta sexta-feira, 29, durante um ataque que durou cerca de 18 horas.

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A Polônia afirmou que um míssil russo chegou a entrar e sair do seu espaço aéreo em direção ao território da Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, compartilhou, em suas redes sociais, um vídeo com imagens do ataque que começou na noite desta quinta-feira e se estendeu ao longo da madrugada. De acordo com Zelenski, uma maternidade, prédios educacionais, edifícios residenciais e shoppings foram algumas das instalações atingidas pelos mísseis.

Fumaça em um prédio danificado pelo ataque de mísseis da Rússia em Kiev, Ucrânia, sexta-feira, 29 de dezembro de 2023. Foto: Efrem Lukatsky / AP

“Certamente responderemos aos ataques terroristas. E continuaremos a lutar pela segurança de todo o nosso país, de cada cidade e de cada cidadão. O terror russo deve e irá perder”, disse o presidente em seu perfil no X (antigo Twitter).

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Kiev relata que o ataque russo começou de madrugada com 36 drones kamikaze Shahed-136, de fabricação iraniana, vindos do norte e do sudeste — 27 deles teriam sido destruídos.

Em seguida, entre 3 e 6 horas da manhã no horário local (22h de quinta e 1h de sexta, no horário de Brasília), 18 bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-95 foram empregados para lançar ao menos 90 mísseis de cruzeiro das famílias Kh-101, Kh-55 e Kh-555, uma versão atualizada do anterior, subsônicos e de fabricação soviética. Desses, 87 teriam sido abatidos.

A região de Kharkiv (leste) foi atingida, ainda de acordo com Força Aérea, por ao menos 14 mísseis de cruzeiro lançados da Crimeia e das regiões russas de Kursk e Belgorod. Os militares ucranianos afirmam ainda que Moscou empregou cinco jatos MiG-31, que atingiram alvos com cinco mísseis hipersônicos Kinjal, e mais cinco mísseis usados por aeronaves Su-35.

Bombeiros trabalham para apagar um incêndio em um prédio de apartamentos danificado após um ataque russo em Odesa, Ucrânia, sexta-feira, 29 de dezembro de 2023.  Foto: Artem Perfilov / AP

Pelas contas de projéteis identificados e abatidos pelos militares ucranianos, 9 drones, além dos 14 mísseis de cruzeiro, os 5 hipersônicos Kinjal e os 5 utilizados pelos jatos Su-35 atingiram os alvos em terra.

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A cidade de Kharkiv foi atingida por pelo menos dez ataques que até agora provocaram a morte de um civil. O presidente da câmara do município, Igor Terekhov, afirmou que os ataques interromperam o fornecimento de eletricidade e a circulação de transportes públicos. Na capital da província de Dnipro, um projétil atingiu um centro comercial, provocando um incêndio e danos numa maternidade e num hospital pediátrico.

Em Lviv, uma cidade que tem sido alvo recentemente por se situar no extremo oeste da Ucrânia, um míssil atingiu um bloco de apartamentos, matando uma pessoa e ferindo três, de acordo com o chefe da administração militar regional, Maksym Kozytskyi. Em Odessa, autoridades registaram duas mortes e 15 civis hospitalizados até o momento, incluindo duas crianças de 6 e 8 anos que ficaram feridas em ataques com mísseis contra edifícios de apartamentos.

Dezenas de pessoas ficaram feridas, com danos relatados em uma maternidade na cidade de Dnipro e em prédios residenciais na cidade de Lviv (oeste), próxima à fronteira com a Polônia, no porto de Odessa e na cidade de Kharkiv. As regiões de Donetsk e de Zaporizhia, onde fica a maior usina nuclear do mundo, também foram alvo.

Rescuers work on a site of an apartment building damaged after a Russian attack in Odesa, Ukraine, Friday, Dec. 29, 2023. Foto: Artem Perfilov / AP
Pessoas reagem à morte de uma pessoa em um ataque aéreo da Rússia em Zaporizhzhia, Ucrânia, sexta-feira, 29 de dezembro de 2023.  Foto: Andriy Andriyenko / AP

Foram confirmadas sete mortes em Kiev, com pessoas presas sob os escombros de um depósito danificado por destroços que caíram, disse o prefeito Vitali Klitschko no aplicativo de mensagens Telegram —oito já foram resgatadas. O Ministério do Interior afirmou que 24 ficaram feridas na capital.

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Mariia, residente de Kyev, disse à agência Reuters que foi acordada em casa por um “som horrível” e se abrigou em seu banheiro. “Foi tão assustador. Um míssil voou e tudo estava zumbindo. Eu não sabia o que fazer, queria correr para o abrigo”, disse ela. “Quando entrei no banheiro, o espelho voou da parede.”

Duas pessoas morreram na cidade portuária de Odessa, no mar Negro, e pelo menos 15 ficaram feridas, incluindo duas crianças, quando mísseis atingiram prédios residenciais, disse o governador regional.

“Podemos dizer que este foi um ataque maciço”, disse Yurii Ihnat, porta-voz da Força Aérea, na televisão.

Nesta foto fornecida pela Assessoria de Imprensa da Presidência da Ucrânia, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski visita Avdiivka, local de ferozes batalhas com as tropas russas na região de Donetsk, Ucrânia, sexta-feira, 29 de dezembro de 2023.  Foto: Presidência da Ucrânia via AP

A Ucrânia vem alertando há semanas que a Rússia pode estar acumulando mísseis para lançar uma grande campanha aérea visando o sistema de energia do país. No ano passado, milhões de pessoas ficaram no escuro quando ataques russos atingiram a rede elétrica

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O Ministério da Energia relatou cortes no fornecimento em quatro regiões após o ataque. Na região de Lviv foram confirmados impactos em uma instalação de infraestrutura crítica, disse o escritório do presidente, sem especificar qual.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia afirmou que o ataque aéreo mostrou que não deve haver “nenhuma conversa sobre uma trégua” com o Kremlin em um momento em que há incerteza sobre o futuro do apoio financeiro e militar do Ocidente a Kiev.

“Hoje, milhões de ucranianos acordaram com o som alto de explosões. Eu gostaria que esses sons de explosões na Ucrânia pudessem ser ouvidos em todo o mundo”, disse o ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, instando aliados a continuarem com a ajuda militar de longo prazo.

Na quarta-feira, 27, os Estados Unidos anunciaram a liberação de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) em ajuda militar para a Ucrânia. Trata-se do último pacote de apoio disponível sem necessidade da aprovação do Congresso americano, onde deputados e senadores republicanos lideram iniciativas para barrar novos auxílios caso o governo democrata não concordem com medidas domésticas para conter a migração na fronteira com o México. /AFP, NYT e AP

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