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UE acusa Rússia de ‘chantagem’ por bloqueio de grãos na Ucrânia e fala em risco de crise alimentar

Presidente da Comissão Europeia afirmou que bloco está trabalhando para fornecer alternativas à Ucrânia para escoamento da produção a fim de evitar aumento de preços e escassez

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Por Redação
Atualização:

A líder da União Europeia, Ursula von der Leyen, acusou a Rússia de uma campanha de “chantagem” por meio do bloqueio de carregamentos de grãos na Ucrânia, ameaçando o mundo com uma possível escassez de alimentos, nesta terça-feira, 24.

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A presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE, acusou tropas russas de confiscar estoques de grãos e máquinas agrícolas ucranianas, artilharia russa de bombardear armazéns de grãos e navios de guerra no Mar Negro de prender navios cargueiros ucranianos carregados de trigo e sementes de girassol, prendendo cerca de 20 milhões de toneladas na zona de guerra.

“Além disso, a Rússia está agora acumulando suas próprias exportações de alimentos como uma forma de chantagem, retendo suprimentos para aumentar os preços globais ou negociando trigo em troca de apoio político”, disse von der Leyen em Davos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou estratégia russa de bloqueio de grãos como 'chantagem' durante o Fórum Econômico Mundial de Davos. Foto: Laurent Gillieron/ EFE

As ações de Moscou, juntamente com uma campanha para confiscar estoques de grãos e máquinas ucranianas, despertaram memórias da fome na Ucrânia e em outras partes da União Soviética no início da década de 1930, na qual milhões morreram, disse ela.

A queda acentuada nos embarques de trigo da Ucrânia, bem como as sanções a Moscou que afetaram as exportações russas, levaram a uma crescente preocupação dos líderes mundiais sobre uma potencial crise global de alimentos. As Nações Unidas dizem que dezenas de milhões de pessoas podem enfrentar a fome.

A Ucrânia normalmente exporta cinco milhões de toneladas de trigo por mês, mas o número agora caiu para entre 200.000 e um milhão, disse von der Leyen.

“Ao fazer isso (romper o bloqueio), podemos fornecer aos ucranianos receitas muito necessárias, e ao Programa Mundial de Alimentos os suprimentos de que ele precisa”, disse von der Leyen, referindo-se à agência de alimentos das Nações Unidas. “A cooperação global é o antídoto para a chantagem da Rússia.”

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O domínio naval da Rússia no Mar Negro e no Mar de Azov, bem como seu controle de portos como Mariupol, que foi totalmente apreendido na semana passada após um cerco prolongado, interromperam as exportações de grãos por navio. Líderes mundiais e o governo de Kiev estão se esforçando para encontrar rotas alternativas.

“Para fazer isso, estamos abrindo vias de solidariedade, ligando as fronteiras da Ucrânia aos nossos portos”, disse von der Leyen. “Estamos financiando diferentes modos de transporte para que os grãos da Ucrânia possam chegar aos países mais vulneráveis do mundo.”

A Polônia oferece um potencial corredor terrestre. Seu presidente, Andrzej Duda, disse no domingo durante uma visita a Kiev que seu governo aliviaria as barreiras comerciais, mas o transporte rodoviário e ferroviário apresenta obstáculos práticos, dadas as quantidades envolvidas, e grande parte dos grãos da Ucrânia está agora em áreas tomadas pelas forças russas.

A líder da UE disse que os países estavam aumentando sua própria produção de trigo e apoiando os países da África para torná-los menos dependentes das importações de alimentos. Ela observou que há 50 anos a África poderia suprir suas próprias necessidades alimentares e disse que o Egito já foi um celeiro para o mundo, embora as mudanças climáticas tenham afetado a produção de alimentos africana./ NYT

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