Um rei irritado? Os episódios em que Charles III perdeu a paciência

Vídeos em que o novo rei aparece gesticulando para funcionários e irritado com uma caneta viralizaram e despertaram críticas a um monarca que já é menos popular que a mãe

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Por Redação
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LONDRES - No cargo há menos de uma semana, o novo rei Charles III já protagonizou alguns episódios virais de impaciência que chamaram a atenção para a sua personalidade. Já na sua cerimônia de proclamação como rei, o monarca aparece gesticulando irritado para funcionários tirarem um porta caneta da mesa. Em outro vídeo, ele reclama de uma caneta que vazou a tinta.

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Ambas as imagens se espalharam pelas redes sociais, onde as pessoas vêm criticando o novo rei com adjetivos como “arrogante” e “mimado”. Outros, porém, defendem o monarca, lembrando aos críticos que ele perdeu a mãe, a rainha Elizabeth II há poucos dias e ainda assim precisa seguir uma lista rigorosa de protocolos da monarquia.

No sábado, 10, apenas dois dias depois de virar automaticamente rei após a morte da rainha mais longeva do Reino Unido, Charles foi oficialmente proclamado o novo monarca em uma cerimônia simbólica. Ele ainda deve passar pela coroação, que não tem data prevista até o momento.

O rei Charles III assina um juramento para defender a segurança da Igreja na Escócia durante o Conselho de Adesão no Palácio de St James, em Londres, em 10 de setembro de 2022, onde é formalmente proclamado monarca Foto: Victoria Jones/Pool via AP

No evento, um irritado Charles fez sinal para que seus assessores retirassem um porta-canetas e as canetas que estavam em seu caminho para que ele pudesse assinar os documentos da cerimônia. Em um frame diferente da mesma ocasião, o rei tenta afastar novamente a bandeja com as canetas e aperta a mandíbula para demonstrar urgência.

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Então novamente nesta terça-feira, 13, durante sua viagem à Irlanda do Norte, o novo rei demonstrou outro momento de irritação com canetas. Ele estava assinando um livro de visitas na frente das câmeras no Castelo de Hillsborough, perto de Belfast, capital da Irlanda do Norte.

Ele teria reagido depois que a caneta que estava usando vazou. “Oh Deus, eu odeio isso (caneta)!”, disse, levantando-se e entregando a caneta para sua esposa, Camilla, a rainha-consorte.

“Ah, olhe, está manchando tudo”, Camilla disse enquanto o marido enxugava os dedos.

“Eu não suporto essa maldita coisa. Toda vez isso”, Charles disse enquanto se afastava.

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Antes de reclamar do vazamento da caneta, Charles havia escrito a data errada no documento, colocando 12 de setembro, antes de verificar com um assessor que lhe disse que era 13 de setembro. “Você assinou 12 de setembro mais cedo também”, avisou Camilla.

Enquanto tabloides britânicos já corriam para traçar um perfil psicológico do novo rei com base em “especialistas em linguagem corporal”, muitos britânicos saíram em defesa de Charles. “Espero que as pessoas não esqueçam que a mãe dele morreu dias atrás. A pressão mais extrema imaginável”, escreveu o jornalista Benjamin Butterworth em resposta ao vídeo publicado pela emissora CBS.

“Acho isso injusto”, escreveu uma internauta em resposta ao vídeo da cerimônia de proclamação. “Eu assisti ao vivo e ele se esforçou para gerenciar os enormes documentos devido aos objetos da mesa totalmente desnecessários e apontou ironicamente um item para ser tirado. Este clipe mostra ele voltando para assinar mais e os objetos estavam todos de volta no caminho. Ele não queria derramar tinta.”

Estas não foram as primeiras gafes do rei. Em 2005, o então príncipe Charles foi flagrado fazendo comentários sobre um repórter da BBC durante uma sessão de fotos em uma estação de esqui. “Gente maldita, não suporto aquele homem. Ele é tão desagradável”, comentou Charles, acompanhado dos filhos William e Harry, sem perceber que havia um microfone por perto.

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Houve quem riu e se divertiu com a impaciência do rei. No entanto, as críticas que Charles III recebeu após a circulação dos vídeos não ajudarão a sua popularidade já baixa, principalmente em comparação à de sua mãe. Sua impopularidade é especialmente maior entre os jovens.

Segundo uma pesquisa publicada em maio pelo Yougov, apenas 29% dos britânicos entre 18 e 24 anos considerava que Charles faria um bom trabalho como rei. Em todas as outras faixas etárias, a maioria estimou que ele estaria à altura.

No entanto, em outra pesquisa publicada após a morte de Elizabeth II, o novo monarca ganhou 17 pontos entre os jovens, mas continua sem convencer a maioria. Os milennials preferem amplamente William, de 40 anos, filho mais velho de Charles e agora herdeiro ao trono.

O motivo desse descontentamento por Charles pode ter várias origens. “Ele não tem a mesma energia em seus discursos que a rainha”, opina Sam, de 21 anos à agência AFP. Outros jovens entrevistados mencionam uma imagem “controversa”, alimentada recentemente pelas “acusações de racismo” feitas por Meghan Markle contra a família real. Também uma “falta de carisma” ou sua aparência “antiquada”.

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“É claro que, depois dos 70, você não tem o mesmo charme fácil de quando tem 30 ou 40 anos”, disse o especialista real Richard Fitzwilliams. “Ser jovem e glamoroso faz a diferença, mas é impossível passar diretamente para a próxima geração, a monarquia não funciona assim!”, acrescenta.

A relação dos britânicos com Charles teve seus altos e baixos, em grande parte devido ao desastroso fim de seu casamento com a muito popular princesa Diana e seu romance e posterior casamento com Camilla, admite o especialista.

O rei Charles III participa de um serviço para a recepção do caixão da rainha Elizabeth II no Westminster Hall, no Palácio de Westminster, em Londres, onde o caixão ficará em um funeral de estado Foto: ALKIS KONSTANTINIDIS/AFP

Apesar disso, pouco a pouco, sua popularidade cresce: nos últimos tempos, Charles é “respeitado por seu trabalho com as organizações beneficentes”, acrescenta Fitzwilliams.

O que também não deve ajudar a imagem do novo rei é a notícia de que dezenas de funcionários da Clarence House, a residência de Charles III quando era príncipe de Gales, foram informados que serão demitidos em breve, em meio a cerimônias de despedida da rainha Elizabeth II.

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Cerca de cem trabalhadores da ex-residência oficial do rei receberam cartas informando que os seus serviços não são mais necessários e que serão ajudados a encontrar novos empregos, revelou o jornal The Guardian na última terça-feira, 13.

“Todos estão furiosos, incluindo os secretários particulares e a equipe de comando. Todo o pessoal tem trabalhado muito desde a noite de quinta-feira (quando Elizabeth II morreu) para se deparar com isto. As pessoas estão muito alteradas”, disse uma fonte anônima ao jornal britânico./AFP e EFE

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