Ursinho Pooh ensina crianças a se protegerem de ataque a tiros nos EUA

Livro de empresa de consultoria em segurança distribuída a alunos ensina crianças a ‘correr, esconder e lutar’

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Por Redação

O que o Ursinho Pooh faria durante um ataque a tiros em uma escola? Correr, se esconder e, se não houver outra opção, lutar contra o agressor. Pelo menos é isso que ele faria segundo um livro distribuído recentemente entre estudantes do Texas, nos Estados Unidos, onde esses atos de violência têm se tornado cada vez mais comuns.

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O texto é editado pela consultoria de segurança Praetorian, com sede em Houston, no Texas, Estado conservador do sul do país, palco de ataques a tiro em massa, como o ocorrido há um ano em uma escola em Uvalde, onde 19 crianças e dois adultos foram mortos.

“Se houver perigo, o Ursinho Pooh e seus amigos ensinam o que fazer”, diz o livro de capa vermelha, que traz a imagem do popular personagem. É intitulado “Stay Safe” (Fique seguro) e também possui três palavras-chave: “Run, Hide, Fight” (Correr, Esconder, Lutar), protocolo recomendado pelas autoridades em caso de ataques a tiros.

“Se o perigo te encontrar, não fique, fuja” é a sugestão, desde que não haja perigo imediato. Caso contrário, o aluno deverá fechar e trancar as portas de sua sala de aula e se esconder em algum lugar onde não possa ser encontrado, sem fazer barulho.

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Página do livro que ensina crianças a se esconderem enquanto esperam a ajuda da polícia Foto: Reprodução/Praetorian Consulting

E, se no final “não dá para fugir, tem que lutar com todas as forças”, diz o texto, acompanhado da imagem de Kanga e Roo, uma mãe canguru com o filho, munido de luvas de boxe. Leitão, outro personagem querido da série, também aparece pronto para o combate.

Então, quando tudo acaba, o texto os aconselha a não reagir com raiva e esperar que um policial ou um professor venha buscá-los.

Ursinho Pooh no Texas

O filho de 5 anos de Cindy Campos ficou tão empolgado com o livro do Ursinho Pooh que ganhou na escola que pediu que ela o lesse com ele assim que chegasse em casa. Mas Cindy diz ter ficado triste quando percebeu que era um tutorial sobre o que fazer quando “o perigo está próximo”, aconselhando as crianças a trancar as portas, desligar as luzes e se esconder silenciosamente.

Enquanto liam o livro “Stay Safe” que a escola enviou para casa sem explicação ou aviso aos pais, ela começou a chorar, deixando o filho confuso. “É difícil porque você está lendo uma história para eles dormirem e basicamente agora você tem que explicar desse jeito fofo sobre o que é o livro, quando não é exatamente fofo”, disse Campos.

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Cindy Campos lê o livro 'Stay Safe' para seu filho de 5 anos, em Dallas. A publicação aconselha o que crianças devem fazer em caso e ataques a tiros  Foto: Cindy Campos/via AP

Ela disse que um de seus alunos, da primeira série, que frequenta a mesma escola primária que seu filho, também recebeu uma cópia do livro na semana passada. Depois de postar sobre isso em um grupo on-line da vizinhança, ela encontrou outros pais preocupados cujos filhos também haviam trazido o livro para casa.

Segundo o detalhado pela consultoria em seu site, a polícia pode demorar até 8 minutos para chegar ao local do tiroteio, e nesse período os alunos devem saber o que fazer.

A consultora explicou que o livro foi elaborado com uma linguagem simples e apropriada para crianças, com a participação de policiais e professores.

Cindy Campos segura o livro 'Stay Safe', distribuído pelo governo do Texas nas escolas primárias, em que o ursinho Pooh ensina como crianças devem reagir em caso de atentados Foto: Cindy Campos/via AP

“O Ursinho Pooh agora está ensinando as crianças do Texas sobre tiroteios porque seus funcionários não têm coragem de manter nossas crianças seguras e aprovar leis de bom senso sobre armas”, tuitou o governador da Califórnia, Gavin Newsom.

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Este ano já foram mais de 220 tiroteios no país, segundo a ONG Gun Violence Archive. Na quarta-feira passada, um ano após o massacre de Uvalde, o presidente Joe Biden insistiu na regulamentação do uso de armas, especialmente fuzis de tipo militar AR-15, medida que encontrou resistência em territórios conservadores./AFP e AP

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