Usina onde forças ucranianas resistem em Mariupol fica destruída após ataques russos, mostram imagens de satélite

Estima-se que 100.000 civis permaneçam na cidade, e até 1.000 buscaram abrigo na siderúrgica cercada por forças russas

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Por Redação
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MARIUPOL - Novas imagens de satélite mostram que a enorme usina siderúrgica de Azovstal, onde as últimas forças da Ucrânia em Mariupol estão resistindo, parece ter sido quase toda destruída. Enquanto isso, a ONU trabalha para intermediar a retirada de civis do último reduto ucraniano nas ruínas bombardeadas da cidade portuária.

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As fotos, tiradas na manhã de sexta-feira, 29, pela Maxar Technologies e relevadas neste sábado, 30, pela CNN americana, mostram que muitos edifícios do complexo foram derrubados e que os telhados de outros foram destruídos.

As forças ucranianas acusaram os combatentes russos de bombardear repetidamente a área, enquanto civis e soldados que se abrigam no subsolo buscam uma oportunidade de escapar. Não ficou claro pelas imagens de satélite se algum dos porões dos prédios foi danificado.

Estima-se que 100.000 civis permaneçam na cidade, e até 1.000 estão vivendo sob a extensa siderúrgica da era soviética, segundo autoridades ucranianas. A Ucrânia não disse quantos combatentes também estão na fábrica, a única parte de Mariupol não ocupada pelas forças russas, mas os russos estimam o número em cerca de 2.000.

Militares ucranianos disseram que os ataques russos na cidade continuavam neste sábado, com foco na siderúrgica Azovstal.

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Esta imagem de satélite divulgada em 30 de abril de 2022 pela Maxar Technologies mostra a usina siderúrgica Azovstal, o último reduto da cidade onde centenas de civis estão abrigados com tropas ucranianas, em Mariupol, no Mar de Azov, em 29 de abril de 2022 Foto: AFP

As agências de notícias estatais russas informaram no sábado que 25 civis foram retirados da siderúrgica Azovstal, embora não houvesse confirmação da ONU ou de autoridades ucranianas. A agência de notícias russa RIA Novosti disse que 19 adultos e seis crianças foram retirados da fábrica, mas não deu mais detalhes.

Apesar das péssimas condições na siderúrgica, os civis continuam chegando em busca de abrigo da ofensiva russa, segundo combatentes de lá. Serhi Volina, comandante interino de uma unidade de fuzileiros navais ucranianos que defende a usina, disse ao jornal The New York Times na sexta-feira que havia poucos lugares na cidade para os moradores fugirem.

“Existem vários abrigos usados por civis que foram destruídos”, disse ele. “Essas pessoas vêm até nós.”

A Rússia vê a captura de Mariupol como crucial para seu objetivo de garantir uma ponte terrestre ao longo do sul da Ucrânia para conectar a Crimeia ao Donbas, e suas forças têm bombardeado a usina implacavelmente.

A usina se tornou o último refúgio para milhares de combatentes e civis ucranianos presos. Esforços para estabelecer corredores de evacuação seguros foram repetidamente frustrados pelos bombardeios contínuos da Rússia, e há pouca comida no interior.

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Nos últimos dias, as forças ucranianas no complexo siderúrgico postaram vídeos nas redes sociais chamando a atenção para a terrível situação dos civis que se refugiam, principalmente mulheres e crianças.

Vídeos e imagens de dentro da fábrica, compartilhados com a Associated Press por duas mulheres ucranianas que disseram que seus maridos estão entre os combatentes que se recusam a se render lá, mostraram homens feridos não identificados com curativos manchados precisando ser trocados. Outros tinham feridas abertas ou membros amputados.

Uma equipe médica esquelética estava tratando pelo menos 600 feridos, disseram as mulheres, que identificaram seus maridos como membros do Regimento Azov da Guarda Nacional da Ucrânia. Algumas das feridas estavam apodrecendo com gangrena, eles disseram.

No vídeo que as mulheres compartilharam, os homens feridos dizem à câmera que comem uma vez por dia e compartilham apenas 1,5 litro de água por dia entre quatro. Os suprimentos dentro da instalação cercada estão esgotados, disseram eles.

A agência disse que não pôde verificar de forma independente a data e o local das filmagens, que as mulheres disseram ter sido feitas na semana passada no labirinto de passagens sob a siderúrgica.

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“A quantidade de pessoas muda e aumenta dia a dia”, disse o major Volina. “Excedemos em muito o que define uma catástrofe humanitária.”/AP, REUTERS, NYT E W.POST

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