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Veja quais são as principais disputas que podem definir as eleições legislativas nos EUA

Senado e Câmara dos Deputados têm cenários diferentes e disputas chaves devem definir o equilíbrio de forças no parlamento americano

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Por Redação
Atualização:

As eleições de meio de mandato dos Estados Unidos, marcadas para esta terça-feira, 8, apresentam cenários distintos para o Senado e Câmara, mas ambos possuem disputas-chave que devem definir o equilíbrio de forças entre o Partido Republicano e o Democrata. No Senado, igualmente dividido atualmente (cada partido possui 50 senadores), o resultado é incerto desde as primárias. Na Câmara, o Partido Republicano deve retomar a maioria, mas não sabe sabe quão ampla ela pode ser.

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As disputas-chave devem definir estes rumos. No Senado, o ambiente nacional começou mais favorável aos republicanos, mas a postura de alguns candidatos mantém os democratas com chances. É o caso da disputa de New Hampshire, por exemplo. A senadora democrata Maggie Hassan contava com a reeleição tranquila, mas viu o candidato republicano Don Bolduc ir bem nas pesquisas.

Bolduc é um general aposentado, novato na política e apoiou a ideia de fraude nas eleições presidenciais de 2020, espalhada pelo ex-presidente e também republicano Donald Trump. Vencedor das primárias, Bolduc surpreendeu ao declarar que Biden havia vencido de forma justa e a sua popularidade ficou sob risco, mas aos poucos ele conseguiu se recolocar na disputa.

Imagem de 3 de novembro de 2020 mostra cidadão americano na saída do local de votação em Tombstone, Arizona. Estado historicamente democrata pode ser decisivo para maioria parlamentar Foto: ARIANA DREHSLER / AFP

Na Carolina do Norte, outra disputa pode definir se o resultado vai ser mais favorável aos republicanos ou aos democratas do Senado. A democrata e ex-presidente da Suprema Corte do Estado, Cheri Beasley, enfrenta o republicano Ted Budd, que tenta manter a vaga republicana no Senado – atualmente ocupada pelo senador Richard Burr, que está se aposentando do cargo.

Budd tem feito uma campanha discreta na intenção de aproveitar o cenário mais favorável aos republicanos no país. Enquanto isso, seus aliados fazem campanha negativa contra Beasley para afetar a sua popularidade. Dada a impopularidade atual do presidente Joe Biden, pode funcionar; mas se Beasley conquistar a vaga, o cenário da maioria no Senado passa a estar mais perto para os democratas.

O mesmo acontece em Ohio se o deputado democrata Tim Ryan, que agora disputa o Senado, vencer o republicano JD Vance. Ambos disputam a vaga deixada pelo senador Rob Portman, que encerra o mandato nestas eleições.

Esses três Estados ficam localizados na Costa Leste dos Estados Unidos, onde o fuso horário é adiantado com relação à Costa Oeste. Os resultados são divulgados antes e podem indicar o caminho do restante do país.

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Pensilvânia, também na Costa Leste, poderia até fornecer resultados antecipados como os outros citados, mas há uma boa chance do resultado da disputa entre o republicano Mehmet Oz, um médico-celebridade, e o democrata John Fetterman, vice-governador estadual, não ser divulgado até a manhã desta quarta-feira, 9. Isso acontece devido às regras eleitorais do Estado que proíbem a contagem de votos por correio até o dia da eleição.

Candidato republicano ao senado, Mehmet Oz, em coletiva de imprensa após votar nesta terça-feira, 8. Disputa na Pensilvânia é uma das mais decisivas nestas eleições Foto: Hannah Beier / Reuters

Outros Estados com disputa-chave no Senado são Arizona, Nevada, Washington, Colorado e Geórgia. No primeiro, o senador democrata Mark Kelly parecia caminhar para a reeleição, contrariando previsões de que sua disputa estaria entre as mais difíceis, mas o movimento começou a mudar nas últimas semanas, quando o conservador Blake Masters se aproximou nas pesquisas.

Em Nevada, a senadora Catherine Cortez Masto enfrenta o pior cenário entre os democratas – e um resultado favorável aos republicanos pode ameaçá-la. O mesmo acontece em Colorado e em Washington, onde os democratas Michael Bennet e Patty Murray, respectivamente, são favoritos para vencer, mas estão em risco caso haja uma onda republicana.

A disputa-chave na Geórgia talvez seja a mais esperada: com um Senado perfeitamente dividido atualmente, a definição da maioria pode ser dada somente no próximo mês. Isso porque a lei estadual exige que o vencedor tenha 50% dos votos. Caso contrário, haverá um segundo turno no dia 6 de dezembro.

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A disputa local acontece entre o senador democrata Raphael Warnock e o republicano Herschel Walker. As pesquisas mostram Warnock a frente de Walker, que passou as últimas semanas rebatendo acusações de ex-namoradas sobre supostos abortos pagos por ele, conhecido por se posicionar contra o aborto. Outras pesquisas dão a Walker uma vantagem, mas praticamente nenhuma pesquisa mostra um deles com mais de 50% de votos na primeira disputa.

Algumas autoridades republicanas insistem que Walker pode chegar a 50% dos votos caso haja uma vitória convincente do governador republicano do estado, Brian Kemp, que tenta se reeleger.

Câmara dos Deputados

Na Câmara, os republicanos precisam conquistar apenas cinco deputados a mais do que possuem agora para ter a maioria. O cenário é favorável, considerando que em 22 eleições de meio de mandato, entre 1934 e 2018, o partido do presidente perdeu em média 28 vagas. As chances do Partido Democrata manter a vantagem atual, de 220 deputados contra 212, é baixa.

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A incerteza paira sobre o tamanho da maioria que os republicanos serão capazes de conquistar. Ela pode ser uma maioria apertada ou acima de 30 parlamentares, conquistando uma quantidade absoluta de deputados.

Algumas disputas também são decisivas para definir o tamanho da maioria. Na Virgínia, a deputada Elaine Luria (Democrata) viu o seu distrito ser redesenhado para favorecer os republicanos. Se ela perder, não será grande surpresa; mas, caso ela vença, os democratas podem se sentir confiantes.

Já no distrito da deputada Abigail Spanberger, também democrata, o redesenho a favorece, mas ainda assim a reeleição parece difícil. Se ela perder, os republicanos podem ultrapassar 20 cadeiras. Outro sinal de que a ‘onda republicana’ pode ser grande é a possível derrota da democrata Jennifer Wexton.

Em New Hampshire, a ex-assessora de imprensa de Trump, Karoline Leavitt, de 25 anos, fez uma campanha assumidamente ligada ao trumpismo. Caso ela derrote o democrata Chris Pappas, seria um recado negativo para os democratas de uma nova geração de políticos.

Em Connecticut, a deputada democrata Jahana Hayes pode perder para a republicana Georgia Logan, que é negra. Caso isso aconteça, pode haver uma onda de membros republicanos negros na Câmara.

No Estado de Rhode Island, pesquisas sugerem que Allan Fung, um americano asiático, pode muito bem vencer em um estado onde os democratas normalmente dominam.

Por outro lado, se os deputados democratas de distritos historicamente republicanos prevalecerem, haverá um indicativo de que a ‘onda republicana’ pode ser menor do que o esperado. É o caso dos deputados Jared Golden, do Maine, Tom Malinowski, de Nova Jersey, e Matt Cartwright, da Pensilvânia. No nordeste de Ohio, Emilia Sykes pode aliviar ainda mais as preocupações democratas.

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Outras chances são nas localidades onde candidatos republicanos de extrema direita se candidataram. Os democratas têm dado declarações de que a democracia americana está em risco e relembram o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, ensejado por Donald Trump, para tentar diminuir os votos destes. /NEW YORK TIMES

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