LONDRES - Centenas de líderes estrangeiros e monarcas são esperados para o funeral da rainha Elizabeth II que será realizado nesta segunda-feira, 19, considerada uma das principais ocasiões diplomáticas do século. Muitos já se anteciparam e viajaram para a capital londrina ainda neste fim de semana. Entre os convidados, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recepcionado por um grupo de apoiadores de seu governo em Londres, onde desembarcou na manhã deste domingo, 18.
O velório público da rainha será encerrado às 6h30 (2h30 horário em Brasília) desta segunda-feira, data para a qual está marcado o funeral de Estado no Castelo de Windson. A concentração de tantos líderes e o funeral representam um desafio de segurança “maior do que para os Jogos Olímpicos de 2012″, disse o vice-comissário da Scotland Yard, Stuart Cundy.
A Abadia de Westminster tem capacidade para cerca de 2 mil pessoas e deve incluir cerca de 500 chefes de Estado ou outros dignitários oficiais por país, acompanhados por seus cônjuges, segundo a BBC e a Sky News. Numerosos monarcas da Europa e de outras partes do mundo confirmaram presença para se despedir da rainha, que morreu aos 96 anos, em 8 de setembro, depois de mais de sete décadas no trono.
Os convidados
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e sua esposa Jill lideram a lista de convidados diplomáticos. Biden chegou na noite de sábado, 17, com a esposa Jill e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau. Ele se reuniu no mesmo dia com o rei Charles III e outros representantes da comunidade das nações Commonwealth.
Ao contrário de outros líderes que foram convidados a ir à abadia de ônibus, Biden recebeu permissão para usar sua limusine presidencial blindada.
O rei Felipe VI e a rainha Letizia da Espanha, assim como o rei emérito Juan Carlos, estarão presentes na cerimônia. Juan Carlos I, que abdicou em 2014, atualmente vive exilado nos Emirados Árabes Unidos, com sua esposa Sofía.
O imperador Naruhito e a imperatriz Masako do Japão fazem a primeira viagem ao exterior desde sua ascensão ao trono em 2019, rompendo com a tradição japonesa de que o monarca raramente vai a funerais.
O rei Willem-Alexander da Holanda, a rainha Máxima e a princesa Beatrix, o rei Philippe da Bélgica, o rei Harald V da Noruega e o príncipe Albert II de Mônaco também estarão presentes.
A cerimônia principal também terá Margaret da Dinamarca, uma prima distante de Elizabeth II e atualmente a única rainha no trono europeu.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, o governante de fato do país, também foi convidado e deveria se encontrar com a primeira-ministra britânica Liz Truss na noite deste domingo, apesar da indignação internacional que o convite gera devido ao assassinato em 2018 do jornalista Jamal Khashoggi nas mãos de agentes sauditas na Turquia.
A esposa do presidente Volodmir Zelenski, Olena Zelenka, chegou em Londres e foi ao funeral representando seu país. Em sua chegada, ela se reuniu com a princesa de Gales, Kate Middleton, no Palácio de Buckingham.
O presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também é esperado na cerimônia principal.
O presidente da França, Emmanuel Macron, estará presente para mostrar o vínculo “inquebrável” com o Reino Unido e prestar homenagem a uma “rainha eterna”.
A China anunciou que enviará seu vice-presidente, Wang Qishan, a convite do governo britânico.
Apesar das tensões pós-Brexit, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, estarão em Londres.
Entre os outros líderes esperados para segunda-feira estão os presidentes Sergio Mattarella, da Itália, Frank-Walter Steinmeier, da Alemanha, Isaac Herzog, de Israel e Yoon Suk-yeol, da Coreia do Sul.
O primeiro-ministro da Irlanda, Micheal Martin, também estará presente, em um gesto simbólico de homenagem à rainha depois que sua visita de Estado em 2011 desfez décadas de tensão.
Muitos convidados vêm de países onde reinou Elizabeth II, apesar das ambições republicanas de alguns deles. No total, 56 representantes de países da Commonwealth estarão na abadia. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e a neozelandesa Jacinda Ardern devem participar.
Entre as demais nações da Commonwealth, que inclui especialmente as ex-colônias britânicas, destacam-se o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro de Bangladesh, Sheikh Hasina, o presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, e o primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama.
Entre os excluídos
Rússia e Belarus fazem parte do pequeno grupo de países excluídos do funeral após a invasão da Ucrânia, algo que o presidente russo, Vladimir Putin, considerou “blasfemo” e “imoral”.
Também nessa lista está Mianmar, uma ex-colônia britânica administrada por militares após um golpe em 2021.
Outros países descartados são Afeganistão, Síria e Venezuela. Londres não reconhece Nicolás Maduro como presidente, mas o opositor Juan Guaidó.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, também foi excluído. O país centro-americano recebeu apenas um convite em nível de embaixador, assim como a Coreia do Norte e o Irã.
Nos demais países latino-americanos, o México optou por enviar seu chanceler, Marcelo Ebrard, e Cuba, seu vice-presidente, Salvador Valdés Mesa.
Papa Francisco não irá comparecer
Entre os convidados, o papa Francisco não vai participar do funeral, conforme disse o porta-voz do Vaticano na sexta-feira, 16.
“O secretário para as Relações com os Estados e Organismos Internacionais, o religioso Paul Gallagher, representará o papa Francisco nesta segunda-feira no funeral de Sua Majestade a Rainha Elizabeth II”, afirmou o porta-voz do pontífice, Matteo Bruni.
Monsenhor Gallagher, nascido no Reino Unido, é uma espécie de ministro das Relações Exteriores da Santa Sé e é membro de seu serviço diplomático desde 1984. /AFP
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