Líder opositora María Corina Machado é liberada após ser detida em saída de protesto em Caracas

Comando Nacional da Venezuela afirmou que opositora foi interceptada, levada à força e posteriormente liberada após ser ‘forçada a gravar vários vídeos’; regime chavista negou a denúncia

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Por Redação
Atualização:

A líder opositora da Venezuela, María Corina Machado foi detida nesta quinta-feira, 9, após ser interceptada ao deixar o protesto em Caracas contra a posse de Nicolás Maduro. O Comando Nacional da Venezuela, que havia inicialmente anunciado a interceptação, afirmou que Corina Machado foi liberada após algumas horas. O regime chavista negou a denúncia.

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A opositora, que reapareceu nos protestos desta quinta-feira após meses na clandestinidade, foi interceptada “violentamente” ao sair da concentração em Chacao, segundo uma mensagem inicialmente divulgada pelo Comando Nacional de Campanha da líder opositora e de González Urrutia no X. A mensagem afirmava que agentes “dispararam contra as motocicletas que a transportavam”, sem fornecer mais detalhes.

Mais tarde, a coalizão afirmou que Corina Machado foi interceptada e derrubada da moto em que se deslocava e foi levada à força. “Estou bem, estou segura. Hoje, 9 de janeiro, saímos para uma concentração maravilhosa, me perseguiram. Deixei cair minha carteira, a carteirinha azul onde tinha meus pertences. Caiu na rua e estou viva e salva. A Venezuela será livre”, disse Corina Machado no vídeo.

Na noite desta quarta-feira, ela fez seu primeiro pronunciamento após a denúncia da detenção, saudando os protestos contra a posse.

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“Obrigado, obrigado a todos os cidadãos que foram às ruas para reivindicar nossa vitória em 28 de julho e para REIVINDICÁ-LA! Meu coração está com o venezuelano que foi baleado quando as forças repressivas do regime me detiveram”, escreveu. “Agora estou em um lugar seguro e mais determinado do que nunca a continuar com você ATÉ O FIM!”, descreveu.

“Muito grave! O fato de María Corina estar livre não minimiza o que aconteceu, ela foi sequestrada em condições de violência”, reagiu Edmundo González. Antes, ele havia alertado as autoridades: “Não brinquem com fogo”, ao exigir sua libertação.

Não ficou imediatamente claro quem a deteve, embora o evento estivesse lotado de forças de segurança do governo. Segundo o jornal La Patilla, a ativista venezuelana Magalli Meda confirmou a detenção por agentes de segurança do regime chavista. De acordo com jornal, pelo menos 17 motocicletas cercaram o local onde ela estava.

O regime negou as denúncias. “Uma invenção, uma mentira”, disse o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, o número dois do chavismo.

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Nesta quinta-feira, véspera da cerimônia de posse que coroa Maduro ao terceiro mandato consecutivo, Corina Machado convocou manifestações em Caracas e nos principais centros populacionais dos 23 Estados do país, em apoio a Edmundo González, que é reconhecido como presidente por vários governos após apresentar provas credíveis de sua vitória nas eleições de 2024. A opositora não era vista em público há quase cinco meses.

Líder da oposição venezuelana María Corina Machado sendo filmada por um policial da Polícia Nacional após manifestação convocada pela oposição. Foto: Divulgação/ Agencia Venezuela News / AFP

“Tentaram nos enfrentar e a Venezuela se uniu hoje e não temos medo... Ouçam bem: isso acabou!”, declarou a opositora enquanto participava do protesto no leste da capital. “Não temos medo”, gritou a multidão em resposta.

Após seu discurso, o caminhão que a transportava começou a abrir caminho rapidamente para deixar o local, mas a multidão entusiasmada dificultou sua saída de Chacao, um bastião da oposição no leste de Caracas. Pouco depois, sua equipe denunciou sua detenção.

María Corina Machado participou de protestos nesta quinta-feira, 9, véspera da posse de Maduro após eleições cujo resultado a oposição aponta fraude. Foto: Matias Delacroix/AP

As ruas de Caracas amanheceram tomadas por forças de segurança fortemente armadas nesta quinta-feira. Dezenas de policiais e agentes de inteligência foram mobilizados em pontos de concentração da oposição, onde o chavismo também instalou palcos pomposos com música alta.

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Durante a última semana, dezenas de detenções foram denunciadas na Venezuela. O regime anunciou na quarta-feira a captura de dois americanos. No mesmo dia, uma coalizão política de oposição denunciou a detenção de Enrique Márquez, candidato minoritário nas eleições de julho.

Condenação internacional

Os Estados Unidos condenaram o regime por tentar intimidar a oposição venezuelana e cobram respeito ao direito de María Corina Machado de se expressar livremente, disse um porta-voz. O opositor Edmundo González é reconhecido em Washington como presidente eleito e foi recebido na Casa Branca para encontro com Joe Biden durante tour internacional em busca de apoio antes da posse.

O sinal de apoio aos opositores também partiu do presidente eleito Donald Trump, que vai tomar posse dez dias depois de Nicolás Maduro.

“A ativista da democracia venezuelana Maria Corina Machado e o presidente eleito Gonzalez estão expressando pacificamente as vozes e a VONTADE do povo venezuelano, com centenas de milhares de pessoas se manifestando contra o regime”, disse em publicação nas redes sociais.

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“A grande comunidade venezuelano-americana nos Estados Unidos apoia de forma esmagadora uma Venezuela livre e me apoiou fortemente. Esses combatentes da liberdade não devem ser prejudicados e DEVEM permanecer SEGUROS e VIVOS!”

Na Argentina, o governo de Javier Milei, um crítico ferrenho da ditadura, descreveu a detenção como “ataque criminoso do regime chavista”.

“O presidente Javier Milei pede aos demais governos da região que repudiem o atentado contra Corina Machado e exijam o fim do regime socialista que deixou milhões de venezuelanos na pobreza, exilados ou dependentes das esmolas da ditadura, criando um verdadeiro inferno na terra”, diz a nota.

A Colômbia expressou preocupação com as violações de direitos humanos na Venezuela e as prisões de líderes da oposição. “O assédio sistemático aos líderes da oposição, incluindo María Corina Machado, levam o Governo colombiano a reiterar o apelo às autoridades venezuelanas para que respeitem plenamente os seus direitos”, diz a nota do ministério das Relações Exteriores. O país tentou mediar com Brasil e México uma saída para a crise política venezuelana, mas a ditadura de Nicolás Maduro ignorou os apelos por transparência nas eleições e as tentativas de negociação se mostraram infrutíferas.

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O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, exigiu através do X sua libertação, o “respeito à sua integridade pessoal” e responsabilizou o “regime ditatorial” por sua vida. Mulino reconheceu González, que recebeu no dia anterior em seu país, como presidente eleito, enquanto mantém suspensas as relações com Caracas.

O Governo da Espanha manifestou sua “preocupação” e “condenação total” pela detenção. “Perante a informação sobre a detenção de María Corina Machado, expressamos a nossa total condenação e a nossa preocupação”, denunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol num comunicado, exigindo que “a integridade” dos líderes da oposição seja “protegida e salvaguardada”.

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