O ditador venezuelano Nicolás Maduro ordenou nesta quinta-feira, 28, a mobilização de 5.600 militares para a realização de exercícios militares em “resposta à provocação e à ameaça do Reino Unido”, que enviou um navio de guerra à Guiana em meio a uma disputa territorial centenária.
“Ordenei a ativação de uma ação conjunta de toda a Força Armada Nacional Bolivariana sobre o Caribe Oriental da Venezuela, sobre a Fachada Atlântica, uma ação conjunta de caráter defensivo e em resposta à provocação e à ameaça do Reino Unido contra a paz e a soberania de nosso país”, disse Maduro em uma transmissão de rádio e televisão, acompanhado do alto comando das forças armadas.
Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Guiana afirmou à AFP que o navio britânico HMS Trent chegará à sua costa na sexta-feira e ficará em seu território por “menos de uma semana” para exercícios de defesa em mar aberto. Não está previsto que atraque em Georgetown.
A primeira fase dos exercícios militares venezuelanos contou com 5.682 combatentes, segundo a transmissão, que mostrou aviões de guerra patrulhando a área e o slogan no rádio de “papel de combate”.
Participaram caças F-16 e Sukhoi russos, além de embarcações, navios-patrulha, lanchas armadas com mísseis e veículos anfíbios. Os exercícios foram mobilizados a partir do estado de Sucre (nordeste), perto de Trinidade e Tobago, em frente aos limites das águas disputadas com a Guiana.
O governo venezuelano pediu anteriormente à Guiana, em um comunicado, que “tome ações imediatas para retirar o navio HMS Trent e se abstenha de envolver potências militares na controvérsia territorial”.
“Somos guerreiros”
A chegada do HMS Trent quebra uma frágil trégua entre os dois países em meio a uma disputa secular pelo território de Essequibo, rico em petróleo, após uma reunião em São Vicente e Granadinas entre Maduro e seu par guianense, Irfaan Ali, na qual ambos se comprometeram a não escalar para um conflito militar.
“Acreditamos na diplomacia, no diálogo, na paz”, disse Maduro. “Mas ninguém deve ameaçar a Venezuela, ninguém deve mexer com a Venezuela. Somos homens de paz, somos um povo de paz, mas somos guerreiros e essa ameaça é inaceitável para qualquer país soberano (...), inaceitável a ameaça do decadente, corrupto ex-império do Reino Unido. Não aceitamos”.
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Em 18 de dezembro, o chefe da diplomacia do Reino Unido nas Américas, David Rutley, reafirmou o apoio do governo britânico à Guiana, em um encontro em Georgetown com Ali.
A Venezuela afirma que o Essequibo, uma região de 160.000 km² rica em recursos naturais, faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia da Espanha, e apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899, que Georgetown pede que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ratifique.
As tensões entre os dois países se intensificaram após a realização de um referendo sobre a soberania de Essequibo em 3 de dezembro na Venezuela, o que despertou o temor de um conflito armado entre os vizinhos.
O HMS Trent foi deslocado para o Caribe para combater o tráfico de drogas no início de dezembro, embora costume operar no Mar Mediterrâneo.
O Ministério da Defesa britânico não confirmou a chegada da embarcação às águas guianenses, mas, em comunicado anterior, informou que o navio cumpriria na Guiana “uma série de compromissos na região”. /AFP
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