O regime de Nicolás Maduro anunciou nesta segunda-feira, 6, que rompeu relações diplomáticas com o Paraguai após Assunção apoiar Edmundo González Urrutia, o candidato opositor nas eleições de julho. A decisão da Venezuela segue linha adotada com diversos outros países vizinhos, que denunciam como fraudulentos os resultados da eleições que elegeram Maduro para um terceiro mandato.
“A Venezuela decidiu, no pleno exercício de sua soberania, romper relações diplomáticas com a República do Paraguai e proceder à retirada imediata de seu pessoal diplomático acreditado nesse país”, declarou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado, em reação a uma conversa telefônica na qual o presidente paraguaio, Santiago Peña, expressou apoio a González.
O governo venezuelano “rejeita categoricamente as declarações do presidente do Paraguai, Santiago Peña, que, ignorando o direito internacional e o princípio de não intervenção, reincide em uma prática fracassada que relembra as fantasias políticas do extinto Grupo de Lima com sua ridícula aventura chamada Guaidó”, acrescentou o comunicado.
Por sua vez, o Paraguai exigiu a saída do pessoal diplomático venezuelano do país, informou a presidência de Santiago Peña.
O governo “exige que o embaixador Ricardo Capella e o pessoal diplomático credenciado no Paraguai deixem o país nas próximas 48 horas”, afirma o comunicado, que “ratifica o apoio firme e enérgico do Paraguai ao direito do povo venezuelano de viver em democracia”.
Caracas já havia rompido relações com os Estados Unidos em 2019 devido ao apoio dado ao opositor Juan Guaidó, que liderou um governo interino simbólico, respaldado na época por cerca de 50 governos.
Após as contestações internacionais à proclamação de Maduro, o governo venezuelano retirou seu pessoal diplomático de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
A eleição também estremeceu a relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Maduro. Aliados próximos, eles passaram a trocar farpas publicamente, e Lula não reconheceu publicamente a vitória de Maduro. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, chegou a fazer acusações infundadas de que Lula e o presidente do Chile, Gabriel Boric, eram a agentes da CIA.
A ruptura de relações com o Paraguai ocorre quatro dias antes da posse de Maduro para um terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), em meio a denúncias de fraude feitas pela oposição, que reivindica a vitória de González, exilado desde 8 de setembro.
A reeleição do herdeiro político de Hugo Chávez desencadeou protestos que resultaram em 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 presos, incluindo adolescentes, acusados de terrorismo e encarcerados em prisões de segurança máxima. Cerca de 1.500 já foram liberados./AFP.
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