O governo do Equador suspendeu, no último sábado, 9, a vice-presidente Verónica Abad por cinco meses por suposto “abandono injustificado” de suas funções, de acordo com um resumo administrativo emitido pelo Ministério do Trabalho.
O documento, assinado por um funcionário de Recursos Humanos, prevê “a sanção de suspensão temporária sem remuneração por 150 dias” contra Abad por uma suposta “ofensa grave” contra a lei do serviço público, que estabelece sanções para o “abandono injustificado” do cargo por três ou mais dias consecutivos.
Neste domingo, 10, Verónica classificou seu afastamento como uma “grosseira violação” à lei a decisão do governo do presidente Daniel Noboa.
“Depois de tantos ataques executados contra mim pelo presidente Daniel Noboa, seus ministros e o círculo próximo, denuncio que voltaram a executar uma grosseira violação à constituição e às leis equatorianas”, afirmou a vice-presidente em um vídeo divulgado em suas redes sociais.
Noboa buscará a reeleição nas eleições presidenciais de fevereiro próximo. A campanha começará em janeiro, e nesta ocasião sua companheira de chapa será María José Pinto, atual secretária do programa governamental contra a desnutrição infantil.
A lei equatoriana estabelece que um presidente em exercício pode fazer campanha para reeleição desde que delegue temporariamente o poder ao seu vice-presidente, mas Noboa mantém uma relação tensa com sua vice-presidente, a quem designou como embaixadora em Israel no início de seu governo.
A transferência piorou ainda mais a já complicada relação desde a campanha, e desde então Abad tem sido crítica do governo e protestado contra o que considera uma “perseguição” após a detenção de um filho por suposto tráfico de influência.
A Procuradoria também incluiu Abad nessa investigação, mas o Legislativo não autorizou um julgamento penal contra ela.
Em setembro, em meio à escalada do conflito em Israel, Abad foi transferida para a Turquia por motivos de segurança. O Ministério do Trabalho afirma que a suspensão de Abad se deve ao fato de que a vice-presidente deveria se estabelecer em Ancara, capital turca, até 1º de setembro, mas chegou cinco dias depois.
“Utilizando argumentos próprios de uma ditadura, o presidente Noboa e seus ministros organizaram a ruptura da ordem constitucional e o evidente golpe de Estado que está sendo preparado (...) para assumir a sucessão presidencial e, desta forma, tentar garantir a reeleição”, criticou Abad. /AFP
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