WASHINGTON (EUA) - “Aquele gráfico que eu estava revisando salvou minha vida”. Foi assim que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se referiu a um gráfico com estatísticas de imigração em uma tela para o qual olhou segundos antes do disparo efetuado contra sua cabeça no atentado no comício em Butler, na Pensilvânia, no sábado, 13, disparado por Thomas Matthew Crooks, de 20 anos.
Trump discursava para uma multidão, quando se virou para a direita, para mostrar o gráfico e descrever o que estava na tela. Foi quando o atirador fez o primeiro disparo. Foram oito tiros no total. Como a arma é semiautomática, para cada disparo o atirador teve que apertar no gatilho.
No vídeo acima, a animação mostra o momento exato em que Trump vira a cabeça para o lado e a bala passa muito perto de atingi-lo. Analistas de segurança dizem que o movimento que Trump fez durante o discurso na Pensilvânia foi decisivo para frustrar a tentativa de assassinato.
O atirador tinha uma visão perfeita do palco onde estava o ex-presidente dos Estados Unidos, a 130 metros de distância – comprimento aproximado de um campo de futebol.
Vídeos e fotos também mostram o momento em que Trump interrompe o discurso e leva a mão à orelha direita. Donald Trump se abaixa atrás do púlpito, e as pessoas atrás na plateia também se abaixam, enquanto outros dois tiros são ouvidos.
Foto da bala passando por Trump
Ao documentar o comício de campanha na Pensilvânia, na tarde de sábado, 13, que se transformou em um atentado contra a vida de um ex-presidente americano, Doug Mills, um fotógrafo veterano do The New York Times, capturou a imagem de uma bala passando pela cabeça do ex-presidente Donald Trump.
Doug Mills, fotógrafo veterano do The New York Times que fotografa presidentes desde 1983, estava a apenas alguns metros do ex-presidente Donald Trump no comício em Butler, Pensilvânia, quando o tiroteio começou.
Segundo ele relatou, havia um grupo de fotógrafos que estava no que é chamado de ‘área de amortecimento’, a apenas alguns metros do ex-presidente. “Estávamos todos nos acotovelando lá dentro, tentando tirar nossas fotos normais. De repente, ouvi o que me pareceu ser três ou quatro estalos altos. A princípio, pensei que fosse um carro. A última coisa em que pensei foi em uma arma”, disse Mills.
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“Continuei tirando fotos. Ele foi para trás do púlpito e eu pensei: ‘Meu Deus, aconteceu alguma coisa’. Então, todos os agentes começaram a correr para o palco e basicamente o cobriram por completo. Eu podia ouvi-los gritando. Com isso, os contra-atiradores, também membros do Serviço Secreto, que raramente vemos a menos que estejam em um telhado ou algo assim, apareceram do nada e estavam no palco segurando rifles automáticos”.
Quando ele desceu os degraus, o Serviço Secreto o cobriu completamente com um cobertor de pessoas e o acompanhou até o seu SUV.E eu pensei: ‘Ele está vivo, ele está vivo’”, contou Doug Mills ao The New York Times. “Eu podia ver sangue em seu rosto. Continuei tirando fotos. Por mais forte que ele parecesse em uma foto com o punho erguido, parecendo muito desafiador, na próxima foto que tirei, ele parecia completamente esgotado. Muito, muito chocado”.
Depois que Trump desceu os degraus do púlpito acompanhando pelo Serviço Secreto, Doug Mills disse que se virou para o público. “Eu me virei e vi pessoas gritando e ouvi que alguém havia sido baleado no meio da multidão. Eles nos mantiveram na tenda normal de Trump por provavelmente 30 minutos. Quando saímos, vimos o campo cheio de lixo, garrafas plásticas, celulares e uma cadeira de rodas motorizada abandonada”.
Doug Mills conta que em sua carreira nunca esteve em uma situação semelhante. “Sempre tive medo de estar nessa situação. Sempre me perguntei o que eu faria nessa situação. Eu pensava ‘espero que eu consiga a foto certa. Espero que eu mesmo não seja atingido’. No começo, pensei imediatamente: ‘Será que posso levar um tiro?’ Foi assustador. Nunca estive em uma cena tão horrível. Por mais que eu tenha coberto presidentes por 35 ou 40 anos, não é algo que eu queira testemunhar”.
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