Ucranianos vivem debaixo da terra e se recusam a deixar cidade no front de batalha; veja o vídeo

Moradores de Avdiivka convivem com uma zona de conflito desde 2014

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Por Redação
Atualização:

Encolhidos em porões a pouco mais de um quilômetro das linhas de frente de Avdiivka, mais de 1.900 moradores se recusam a ser resgatados de um dos campos de batalha mais ativos do leste da Ucrânia. Enquanto as forças ucranianas cavam trincheiras e os moradores fogem para os porões, os ataques de artilharia da Rússia se intensificam. “Eles não passaram pela linha de frente e destruíram a cidade”, disse uma autoridade ucraniana.

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Os moradores de Avdiivka, na região de Donbass, no leste da Ucrânia, vivem há anos à sombra da luta contra os separatistas apoiados pela Rússia. Mas o perigo se intensificou após a invasão da Rússia na Ucrânia, com os militares russos se concentrando fora da cidade há quase seis meses, com bombardeios incessantes. Avdiivka não é mais apenas uma cidade na linha de frente do conflito com os separatistas, absorvendo as rajadas periódicas de uma guerra de oito anos.

Agora é um empecilho para os objetivos militares de Moscou – diretamente no caminho das forças russas que pretendem avançar e obter o controle total do leste. Se antes da invasão russa na Ucrânia a cidade tinha cerca de 30 mil habitantes, após um ano de conflito restam apenas 2.300. Destes, 1.960 recebem ajuda humanitária, segundo Vitali Barabash, chefe da administração militar local.

Moscou tenta controlar cidade desde 2014

As forças russas tentam tomar Avdiivka desde 2014, quando começou a guerra entre as tropas de Kiev e os separatistas pró-Rússia. À época, a Ucrânia conseguiu recapturar a cidade mas, por estar próxima à linha de frente, ela se transformou um dos focos do conflito desde o início da invasão russa.

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Militares ucranianos carregam caixotes antes da destruição de minas antitanque e outros materiais explosivos encontrados perto da cidade de Bucha, Ucrânia  Foto: Sergey Dolshenko/ EFE

No centro, alguns moradores continuam morando nos porões dos prédios. Outros decidiram ficar nas casas construídas na zona leste da cidade, sem água, gás ou eletricidade.

“A situação só está piorando. Agora, [os russos] usam X-59, X-101, X-555, C-300. Nunca foi o caso antes. Eles nos bombardeiam com cerca de 10 ou 12 mísseis por dia, às vezes 14″, detalha o administrador militar citando armas de longo alcance.

A cidade é atualmente um dos dois campos de batalha mais difíceis do front, ao lado de Bakhmut, onde os russos cortaram uma das principais vias de acesso.

“Antes não tínhamos muito medo, estávamos acostumados com foguetes, embora sejam projetados para matar pessoas. Mas agora eles nos bombardeiam com mísseis, nos atacam do ar”, lamenta Ruslan Surnov, responsável por um centro de ajuda. “Os mísseis estão ficando maiores, assim como os danos. É provável que destruam tudo por aqui.”

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Nos campos ao redor da última estrada de acesso, ainda é possível ver as crateras escuras deixadas pelo bombardeio. Barabash afirma que os mísseis são “o maior problema”. Mas ele admite que há outro: “eles continuam tentando cercar a cidade”.

Mas Avdiivka não parece pronta a cair.

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