Visita de Biden ao Brasil terá viagem à Amazônia sem Lula e reunião bilateral à margem do G-20

Biden aterrissará em Manaus neste domingo, onde irá sobrevoar a Amazônia e conversar com lideranças indígenas, antes de partir para o Rio de Janeiro para o encontro das lideranças globais

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Foto do author Isabel Gomes

Na reta final do seu mandato, o presidente americano Joe Biden desembarca no Brasil neste domingo, 17, em sua primeira e única visita ao País durante seu governo. O democrata vem ao Brasil para participar da Cúpula de Líderes do G-20 no Rio de Janeiro, onde terá uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas antes fará uma visita à Amazônia.

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Biden aterrissará no Aeroporto Internacional de Manaus, marcando a primeira vez que um presidente americano em exercício vai à capital do Amazonas. Na cidade, a agenda de Biden inclui uma visita ao Museu da Amazônia (Musa), que estará fechado ao público neste fim de semana, um sobrevoo pela Floresta Amazônica e uma conversa com lideranças indígenas, de acordo com o governo americano.

Há muito o encaixe de uma visita à Amazônia durante a vinda ao G-20 estava sendo tratado pelo governo brasileiro. Na Assembleia-Geral da ONU em Nova York em setembro, Lula manifestou expectativa sobre a presença do presidente americano no País. Para jornalistas, o petista declarou: “Vamos ver se o Biden vai para a Amazônia”.

Lula e Joe Biden em encontro em Washington, nos Estados Unidos, em fevereiro de 2023. Líderes se encontrarão no Rio de Janeiro. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República, arquivo

No entanto, Lula não irá ao encontro de Biden. Os dois devem se encontrar somente no Rio de Janeiro, para onde o presidente americano viajará ainda neste domingo. À margem do G-20, Biden se reunirá com o presidente Lula, “para reforçar a liderança dos EUA em direitos dos trabalhadores e crescimento econômico sustentável”, disse a Casa Branca.

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Durante o evento, o Biden quer destacar a proposta americana para países em desenvolvimento. O americano já antecipou que os Estados Unidos serão signatários da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza no G-20, iniciativa do Brasil na presidência rotativa do grupo que será lançada na abertura da Cúpula.

Transição em foco

Essa é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos visita ao Brasil desde Barack Obama, em 2011. Biden, aliás, prestes a entregar a Casa Branca para Donald Trump, se vê em uma situação parecida à de Obama em 2016, quando o então presidente viajou ao Peru para a reunião de líderes da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), pouco depois de Trump ter vencido as eleições daquele ano.

Em um momento em que as lideranças mundiais se voltam para as expectativas de como será o segundo mandato de Trump, Biden cumpre a agenda internacional na América Latina aproveitando a oportunidade de se reencontrar pela última vez como presidente com algumas lideranças estratégicas.

Uma dessas lideranças é Xi Jinping, da China, que é uma das maiores pedras no sapato dos Estados Unidos, pela concorrência econômica e os desafios de segurança nacional. Os dois líderes, que estavam no Peru para a reunião da Apec antes de virem ao Brasil, se reuniram no sábado, 16, em uma aparente reunião de encerramento de mandato de Biden, e ficarão cara a cara de novo no Brasil.

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Neste momento de transição, também se torna simbólica a visita de Biden a Manaus. Biden e Lula estão alinhados em questões como a preservação da Amazônia e o combate às mudanças climáticas, temas em que o governo americano buscou estreitar laços com o Brasil, mas que estão em xeque com a presidência de Trump. O republicano já se mostrou, em diversas oportunidades, cético em relação às questões de sustentabilidade e ameaça retirar os EUA do Acordo de Paris.

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