O promotor César Suárez que investigava ataque a um canal de TV no Equador foi assassinado nesta quarta-feira, 17, confirmou o Ministério Público. A invasão do estúdio da TC Televisión, no último dia 9, levou o presidente Daniel Noboa a declarar conflito armado interno contra as gangues que aterrorizam o país.
Segundo informações da imprensa local, o promotor foi perseguido e baleado depois que saiu do seu escritório em Guayaquil. Um dia antes de ser assassinado, ele contou ao jornal El Universo que não tinha escolta policial, mesmo depois de interrogar 13 supostos integrantes da gangue Los Tiguerones que foram detidos pelo ataque ao canal. O promotor investigava quem seria o mandante do crime de repercussão internacional.
“Infelizmente, é verdade”, respondeu uma autoridade do Ministério Público, quando questionada pela AFP sobre o assassinato do promotor César Suárez. Ele atuava desde o ano passado na recém criada Unidade Nacional Especializada em Investigação do Crime Organizado Transnacional (Unidot na sigla em espanhol).
Em meio à onda de violência que atinge o país, homens armados e encapuzados invadiram o estúdio da emissora, fizeram os profissionais reféns e usaram a transmissão ao vivo do canal para passar o seguinte recado: “estamos no ar para dizer que não se brinca com a máfia”.
No dia anterior, o governo havia decretado estado de exceção em resposta ao caos que tomou conta do paísdepois que José Adolfo Macías Salazar, conhecido como “Fito”, escapou da prisão. Ele é apontado como líder da gangue conhecida como Los Choneros, uma das mais perigosas do Equador.
O país fica situado entre os maiores produtores de cocaína do mundo, Colômbia e Peru, e tem exercido há anos o papel de ponto de exportação de ilícitos para a América do Norte e a Europa. A violência do narcotráfico escalou a partir de 2018, inicialmente, restrita aos presídios, onde diferentes gangues disputavam o mercado de drogas. O governo perdeu o controle do sistema carcerário e facções internacionais viram no caos uma oportunidade. Esses grupos de outros países passaram a unir forças com quadrilhas dos presídios e das ruas, desencadeando uma onda de violência diferente de qualquer coisa vista na história equatoriana recente.
No ano passado, essa violência atingiu a eleição presidencial com a morte do candidato Fernando Villavicencio, 59 anos, assassinadocom três tiros na cabeça enquanto saía de um ato de campanha na capital do país, Quito, em outubro./Com AFP
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